As formas de inclusão digital, as mudanças na questão da mobilidade em função do acesso à informação e a posição estratégica que este tema ocupa nos planos dos governos foram debatidos no 5º Congresso Nós podemos Paraná, realizado quarta e quinta-feira (5 e 6), em Curitiba. O painel “Cidades Digitais e Desenvolvimento Local” reuniu a secretária de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações, Lygia Pupatto; a analista da Companhia de Informática do Paraná, Beatriz Lanza, além de Maria Alexandra Viegas Cortez da Cunha, doutora em Administração com ênfase em Organizações Públicas, e Argemiro Antunes Camargo, coordenador do Candoiconectado, programa que fornece internet gratuita no município Candói, no Paraná.
Lygia Pupatto destacou a posição estratégica que a inclusão digital ocupa nos planos de governo nos últimos anos e como ainda há muito trabalho a ser feito neste campo. “Hoje 50% da população brasileira não tem acesso à internet em suas casas. Isso não é homogêneo, a exclusão digital segue a mesma lógica da exclusão social. Nas classes A e B é praticamente universalizado o uso da internet. Já a classe E só 5% tem acesso”, explicou ela.
Segundo ela, é a mesma lógica nas regiões do país. Há uma maior conexão no Sudeste, seguido pelo Sul e a região Norte e Nordeste, com menor conexão. Isso acontece pelas dificuldades geográficas, porque quando há um número pequeno de pessoas numa extensão territorial muito grande, não há interesse do mercado em disponibilizar o serviço, porque o retorno financeiro é muito pequeno.
“A exclusão digital é um mal maior para a sociedade”, afirmou Lygia. “Quando se tem fome, o organismo reclama e a pessoa vai à luta para conseguir comida. Quando uma pessoa é excluída digitalmente ela não tem a noção do que está perdendo. Falo de oportunidades profissionais, da educação à distância, de cultura. Isso é muito maléfico”, disse Lygia.
Beatriz Lanza destacou as mudanças na questão da mobilidade, que, segundo ela, tem sido beneficiada com a popularização de dispositivos que possibilitam o acesso à informação de qualquer lugar. “Uma coisa muito interessante que vem acontecendo no mundo inteiro com o telefone celular, é a questão da mobilidade. Precisamos da informação no horário e local onde estivermos, independente de quando ou onde isso for. O governo precisa estar atento à isso para prover a informação, seja em grandes ou pequenos municípios. O dispositivo para acessá-la o cidadão já tem. É preciso colocar os serviços do governo ao alcance da população, no dispositivo que ela utiliza.“, disse.
Beatriz ressaltou também a mudança de paradigma que as instituições governamentais enfrentaram nos últimos anos. Segundo ela, o governo mudou e o papel dele é comunicar a sociedade sobre essa mudança. “Anteriormente o governo era visto como a entidade que tinha a obrigação de disponibilizar não só a informação, mas também as ferramentas para acessá-la. Hoje essa responsabilidade é de todos, que precisam trabalhar em rede: governo, empresários e cidadãos.”
Um dos eventos marcante e decisivo para isso, foi a utilização de dados abertos: informações da gestão pública disponíveis para a população. “Assim abrimos a possibilidade de agregar serviços. Quando você, no seu pequeno município, pega um dado disponibilizado pelo Governo Federal relacionado à sua cidade, você passa a enxergar a informação de uma maneira diferente. Você começa a ver a real utilidade dela”, reforçou.
Lygia Puppato ressaltou as condições que, segundo ela, tornam o Paraná privilegiado em relação ao restante do país quando se fala em inclusão digital. “O Paraná tem condição privilegiada em relação ao restante do país. Aqui temos uma rede de fibra óptica em quase todos os municípios e isso faz muita diferença ao discutir inclusão digital”, disse ela. O maior gargalo país, segundo ela, ainda é o acesso à conexão. “O Paraná tem vários órgãos de inteligência e precisamos fazer um grande movimento no Estado, porque temos todas as condições técnicas de sair na frente do restante do país”, finalizou.
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