20/09/2006

Observatório

Especialistas discutem desenvolvimento do Brasil

Especialistas discutem desenvolvimento do Brasil

Avanço na economia, melhor distribuição de renda e desenvolvimento de políticas favoráveis à inovação para alterar a estrutura produtiva são os principais desafios

 

A desigualdade de renda no Brasil diminuiu nos últimos quatro anos consecutivos. Apesar de ainda ser alta, está no nível mais baixo das últimas três décadas. Segundo dados da PNAD de 2004 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a pobreza e a extrema pobreza atingiram os níveis mais baixos da história brasileira. Além disso, o Brasil está há mais de 12 anos com inflação baixa. Os indicadores são bons, mas o país ainda tem muito o que melhorar.

Esses dados foram apresentados pelo conselheiro da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e do Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE), Glauco Arbix, na noite da última terça-feira (19), em Curitiba, durante a abertura do Diálogo e Articulação para a Sustentabilidade. O evento, que é organizado pelo Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), programa do Instituto Paraná Desenvolvimento (IPD), apoiado pelo Sistema Fiep e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), objetiva abrir espaço de diálogo e troca de informações e conhecimentos, além de articular a Rede de Observatórios do Brasil.

Segundo Arbix, os principais fatores para esta melhoria na situação brasileira são o crescimento da economia e os programas de transferência de renda, como os de benefício continuado e bolsa família. "Apesar dos avanços, o país ainda tem muito a melhorar. A situação atual permite otimismo, mas o Brasil precisa crescer, gerar empregos e aumentar as políticas para diminuição das desigualdades. Sem isso, não há desenvolvimento".

Para o presidente da Fundação de Apoio à Ciência, Tecnologia e Cultura da Universidade Federal do Paraná (Funpar), Paulo Afonso Bracarense Costa, a desigualdade social é o principal desafio para o desenvolvimento no Brasil. "As formas para superar ou diminuir as desigualdades são a grande chave da articulação deste diálogo que a sociedade deve promover junto com as universidades e setor produtivo. A responsabilidade pelo desenvolvimento do país não pode ficar restrita somente a programas de governo. A sociedade tem que tomar para si a responsabilidade de contribuir efetivamente para o desenvolvimento social do país".

O presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, ressalta que a questão do desenvolvimento sustentável é de extrema importância para o crescimento do sistema produtivo e, por isso, tem sido uma das bandeiras desta gestão do Sistema Fiep. "Só vamos ter uma nação desenvolvida se as partes desta nação se desenvolverem. Este é exatamente o papel do Orbis, proporcionar informações importantes para atores sociais, disponibilizando sistemas facilitadores do desenvolvimento".

         Os maiores desafios para o crescimento brasileiro são o avanço na economia, a melhor distribuição de renda e o desenvolvimento de políticas favoráveis à inovação para alterar a estrutura produtiva. Arbix acredita que o país precisa ampliar a infra-estrutura, especialmente em energia, melhorar a qualidade do gasto público para aumentar os investimentos (hoje os gastos correspondem a 20% do PIB), equacionar a dívida pública, dar continuidade à política de redução dos juros, e diminuir gradativamente a carga tributária. "Se dermos passos nesta direção, podemos crescer a uma taxa média de 5% ao ano até 2010".

Energia - O superintendente da Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Dario Jackson Schultz, fez um panorama do cenário energético brasileiro. "Hoje a maioria da energia do país vem de fontes hidrelétricas (77%). As fontes não renováveis, como o gás natural e os derivados do petróleo, também são muito utilizadas", afirmou, dizendo que é necessário rever a política energética do Brasil, dando atenção às energias menos poluidoras. "Nosso país tem grande potencial para hidroeletricidade e biomassa. Também está em expansão o uso das energias solar e eólicas, que têm impacto mínino sobre o meio ambiente. O que impede uma expansão maior, é a questão econômica, visto que os custos dessas energias são muito elevados".

O encontro, promovido pelo Orbis, em parceria com a Universidade da Indústria (Unindus), Sesi e a Associação Arayara, continua nesta quarta-feira (20) com as atividades da Rede de Sustentabilidade e Energia e da Rede de Monitoração do Desenvolvimento. "Este é o marco inicial da formalização da Rede. Serão definidos a missão, as pessoas interessadas em trabalhar, os processos e, ao final, será formatado um documento-base da Rede de Observatórios", afirma a coordenadora executiva do Orbis, Luciana Brenner.

 

 

Serviço:

Diálogo e Articulação para a Sustentabilidade

Tema: Rede de Sustentabilidade e Energia e Rede de Monitoração do Desenvolvimento

Data: quarta-feira (20 de setembro) das 8h30 às 18h

Local: Auditório II da Unindus - Cietep

Av. Comendador Franco, 1341 - Jardim Botânico

Curitiba/Paraná

Inscrições: (41) 3271-7667 ou pelo site www.observatorio.org.br/edas.htm

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