Empresas brasileiras interessadas em exportar bens e serviços têm na Organização das Nações Unidas (ONU) um aliado importante. Os números são significativos e dão uma dimensão de como a ajuda oferecida pela ONU através de seus diversos projetos e agências em todo o mundo também pode significar boas oportunidades de negócios: somente no ano passado, o Sistema importou cerca de US$ 14 bilhões de diversos países.
A participação brasileira, no entanto, ainda é considerada pequena. Em 2010, o país exportou US$ 227 milhões para o sistema ONU. Os produtos mais vendidos foram vacinas, alimentos, equipamentos médicos, de informática e telecomunicações e inseticidas. Os principais serviços prestados por empresas brasileiras foram transferências de fundos, serviços sociais e logísticos.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) triplicou o volume de compras de 2003 a 2009, passando de US$ 800 milhões para US$ 2,6 bilhões anuais nos mais de 170 países em que atua. Segundo o analista de compras do PNUD José Augusto Corte Real, cerca de 80% das aquisições feitas pela agência são serviços como estudos técnicos, cenários prospectivos, pesquisas, desenvolvimento e fortalecimento de organizações, planejamentos estratégicos e desenvolvimento de sistemas de informação, além de suporte logístico a eventos e conferências, produção de materiais técnicos e outros apoios especializados. No Brasil, os projetos envolvendo parcerias no âmbito da cooperação Sul-Sul também representam parte relevante das aquisições realizadas pelo PNUD.
Para manter relações comerciais com as Nações Unidas, as empresas interessadas podem se inscrever no portal mundial dos provedores do Sistema - United Nations Global Marketplace.
Todos os processos licitatórios de agências da ONU com valor acima de US$ 100 mil são divulgados no site. As licitações abaixo desse valor podem ser consultadas nos sites individuais das agências. Quando cadastradas no portal global, além de ter acesso às oportunidades de negócios, o usuário ainda obterá informações sobre processos já realizados e contratos adjudicados, informações consideradas úteis para quem quer adquirir conhecimento deste mercado.
As Nações Unidas atuam no sentido de regular as ofertas e os negócios alcançados com fornecedores de diversos países. Como parte do processo de aquisições e por uma questão de princípios, a ONU busca evitar que as compras se concentrem apenas nos países mais competitivos, dando oportunidade de participação em suas licitações aos países em desenvolvimento. A estratégia é alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento do Milênio 8, que trata do estabelecimento de parcerias mundiais para o crescimento.
Dentre os requisitos necessários para participação nos processos licitatórios internacionais, destacam-se: idoneidade de bens e serviços, estabilidade financeira, conformidade com as normas internacionais de controle de qualidade e gestão, além de experiência em transações comerciais internacionais. Para Corte Real, uma das formas de se adquirir experiência é participar de processos de compra nacionais, pois dessa forma, naturalmente, o interessado passa a ter contato com as agências e os procedimentos da ONU.
A ONU também estabelece um código de conduta que deve ser seguido por todos os interessados em manter relações comerciais com a organização. Este código envolve o respeito e a proteção aos direitos humanos, às condições de trabalho, ao meio ambiente e ao cumprimento de normas de conduta moral e ética, com respeito às leis locais e à não participação em qualquer tipo de prática de corrupção.
Para as empresas, negociar com a ONU é garantia de segurança em termos comerciais e a certeza de estar fazendo parte e contribuindo para o fortalecimento dos propósitos da organização. "A ONU tem um histórico de integridade e correção nas transações comerciais, sistemas de revisão de processos e controle interno eficientes, o que torna os negócios ainda mais atrativos para as empresas que realmente têm capacidade de suprimento das demandas. Somam-se a isso os propósitos desses fornecimentos, que estão associados aos objetivos da organização, como a promoção da paz e eliminação da pobreza", avalia Corte Real.
Programa de Promoção das Exportações
O governo brasileiro tem interesse
em promover as exportações para a ONU. Em recente seminário realizado em São Paulo, o Ministério
das Relações Exteriores e a Federação das Indústrias do Estado de São (Fiesp) apresentaram
a empresários brasileiros o Programa de Promoção das Exportações para o Sistema Nações
Unidas (PPE-ONU).
Concebido em 2004, o PPE-ONU tem como objetivos aumentar as exportações brasileiras ao sistema; informar sobre as regras e princípios adotados pelas agências da ONU no momento da compra; e orientar empresas brasileiras no processo de registro e cadastro para participação do mercado.
"Há muito espaço para crescer: na prestação de serviços de toda ordem, venda de bens, alimentos e equipamentos. As Nações Unidas compram muitos equipamentos", disse o ministro Rubens Gama Filho, diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores, durante o seminário.
Fonte: PNUD
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