Piraquara discute Objetivos do Milênio
O município de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, participou nesta quinta-feira
(11) das discussões do Círculo Paranaense dos 8 Jeitos de Mudar o Mundo. O evento é uma proposta do Conselho Paranaense de
Cidadania Empresarial (CPCE), órgão consultivo do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), realizado pelo
Sistema Fiep e Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), programa do Instituto Paraná Desenvolvimento
(IPD) e visa antecipar o alcance dos Objetivos da ONU para 2010, antes do prazo estabelecido de 2015.
"Queremos tornar
o Paraná a referência no Brasil. Nosso Estado, em comparação com Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, tem um dos
piores indicadores de sustentabilidade. Por isso, se não nos mobilizarmos, não conseguiremos alcançar muitos Objetivos", afirma
a coordenadora do projeto, Maria Aparecida Zago.
Segundo o vice-presidente executivo da Fiep, Ronaldo Duschenes, a
l importância do evento está em pensar o desenvolvimento dentro de uma região que necessita e que possui um dos menores índices
de desenvolvimento humano do Paraná. "Mobilizar as organizações locais em prol dos Objetivos do Milênio é o primeiro passo
para transformar a região. É a comunidade que vai fazer que esse trabalho gere resultados produtivos".
O principal
objetivo é a conscientização da população em relação aos objetivos e a formação de uma rede voluntária comprometida com o
desenvolvimento social, econômico e ambiental do Paraná. "Os Objetivos do Milênio são um roteiro para as empresas produzirem
suas ações sociais. Queremos reverter a idéia de que responsabilidade social é apenas filantropia. As ações não se fazem apenas
para a sociedade, mas com o auxílio dela", diz Maria Aparecida.
De acordo com o secretário de saúde de Piraquara,
Rogério Miranda Gomes, a participação da população é fundamental para o prosseguimento do projeto. "As mudanças não dependem
apenas da gestão pública, mas também da participação popular e empresarial. A comunidade terá o papel de cobrar das autoridades
as melhorias, uma vez que, ninguém melhor que ela conhece a realidade e os problemas da região".
No encontro participaram
os municípios de Piraquara, Pinhais, Quatro Barras e Campina Grande do Sul. A maioria dos municípios já trabalha com projetos
que buscam cumprir os Objetivos do Milênio: erradicar a extrema pobreza e a fome; reduzir o analfabetismo; promover a igualdade
dos gêneros; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater a Aids, a malária e outras doenças; garantir
a sustentabilidade ambiental e estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
A Prefeitura de Piraquara
e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) mantêm o programa Adolescente Aprendiz. O principal objetivo é assegurar
o ensino profissionalizante de adolescentes para atuarem em empresas da cidade nas áreas de serviços administrativos e operacionais.
De acordo com a secretária de ação social de Piraquara, Cristina Galerani, a intenção é assegurar aos adolescentes possibilidades
de renda e de emprego. "Queremos romper com a idéia da prática assistencial e ajudar esses jovens a terem perspectiva e condição
de vida digna. E isto começa com a capacitação para o trabalho e a contribuição da Prefeitura para inseri-los no mercado de
trabalho", diz.
Outros projetos que contribuem com os Objetivos são o programa de erradicação do trabalho infantil,
que atende cerca de 300 crianças, a qualificação profissional de mulheres, desenvolvida no bairro Guaritiba, e as equipes
do programa Saúde da Família, que fazem visitas mensais às famílias.
Indicadores - De acordo com levantamento
realizado pelo Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), na região de Piraquara, em 2000, 38%
da população estava abaixo da linha da pobreza. A meta para a região é 33%. Segundo a coordenadora executiva do Orbis, Luciana
Brenner, apesar da melhoria nos indicadores, "não podemos nos contentar com esta situação e precisamos nos articular para
atingirmos o desenvolvimento sustentável".
Com relação à educação, 88,8% das crianças na faixa dos 7 a 14 anos estavam
freqüentando o ensino fundamental em 2000. Entre 1991 e 2000, a taxa de matrículas no Ensino Médio aumentou de 14,1% para
41,8%. Apesar de a taxa de matrícula ser relativamente alta na região, em 2000, apenas 52,1% dos adolescentes de 15 a 17 anos
tinham concluído a 8 série. Em jovens de 18 a 24 anos, esse índice era de 58,7%.
Na região não há problemas de desigualdade
de gênero na educação, pelo contrário, há até mais mulheres na escola. Entretanto, com relação à remuneração, as mulheres
ainda ganham menos que os homens. Em 1990, o salário das mulheres correspondia a 58% do salário masculino para as mesmas funções.
Em 2004, esse percentual era de 73%.
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