O G-8, grupo que reúne sete países desenvolvidos e a Rússia, se comprometeu a mais do que dobrar sua ajuda anual para as nações mais pobres reduzirem o número de mortes de crianças e de mães. Em cúpula realizada em Muskoka (Canadá), lideranças de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia, que juntos investem US$ 4,1 bilhões ao ano em assistência para saúde de mães, recém-nascidos e crianças de menos de cinco anos, prometeram aportar mais US$ 5 bilhões anuais até 2015.
Essas duas áreas envolvem dois Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) em que o mundo está especialmente atrasado. De acordo com relatório divulgado na semana passada pelo secretário-geral da ONU, para cada mil bebês nascidos em 1990 nos países emergentes, havia 100 mortes de crianças com menos de 5 anos. Em 2008, a taxa caiu para 72. Para cumprir a meta do quarto ODM, será preciso reduzir o número para 33. "Apesar dos avanços, e do fato de que a maioria das doenças de crianças pode ser prevenida ou evitada, muitos países ainda têm níveis inaceitavelmente altos de mortalidade na infância e fizeram pouco ou nenhum progresso nos anos recentes", afirma o relatório.
As estatísticas da ONU sobre mortalidade materna (mulheres que morrem em decorrência do parto) estão sendo revistas. Mas o relatório da Secretaria Geral alerta que "a taxa de redução ainda está bem abaixo dos 5,5% ao ano, necessários para atingir a meta dos ODM".
Para Ana Rosa Soares, oficial de avaliação e monitoramento do PNUD Brasil, recursos adicionais são bem-vindos, mas não bastam. "Se mandar o dinheiro e lavar as mãos, não cumpre a meta. Muitos países - no caso do Brasil, muitos municípios - não têm capacidade de gerir recurso, não têm conhecimento", afirma. "O problema nem sempre é falta de recurso, mas falta de saber fazer." Isso é especialmente importante no combate à mortalidade materna. "O difícil é encontrar as mães mais vulneráveis. Os médicos e os hospitais podem melhorar, mas se não conseguir sensibilizar a mulher do interior, não faz muita diferença", destaca.
Na declaração final da cúpula, o G-8 afirma que atingir os Objetivos do Milênio requer um enfoque abrangente que inclua países ricos e pobres, governos, setor privado, organizações internacionais e entidades não governamentais.
O comunicado dá apoio explícito às propostas lançadas pelo PNUD no documento O que é necessário para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio? Uma avaliação internacional, lançado em 17 de junho. No texto, o PNUD, após analisar projetos que deram certo em países em desenvolvimento, propõe que as políticas para avançar nos ODM devem prever: gestão nacional e participativa; crescimento econômico que inclua o setor privado, beneficie os pobres e gere empregos; investimentos públicos na área social (saúde e educação, por exemplo); expansão das oportunidades para mulheres; acesso a fontes de energia menos poluentes; mobilização de recursos internos; e cumprimento, por parte dos países de renda elevada, das promessas de aumentar a ajuda humanitária.
"O G-8 apoia as prioridades traçadas na Avaliação e reafirma sua visão de que o progresso deve ser guiado por estratégias, políticas e intervenções em nível interno e comando nacional", afirma a declaração divulgada no Canadá, sugerindo que o tema seja debatido na Cúpula dos ODM, a ser realizada entre 20 e 22 de setembro na sede da ONU.
Ana Rosa considera fundamental esse enfoque que destaca a "apropriação nacional" dos Objetivos do Milênio. "Os ODM não serão alcançados se não houver comprometimento de todos - dos governos, do setor privado, da sociedade civil. Os ODM não são um compromisso de governo, mas nacional", salienta.
Fonte: PNUD
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