Exportações crescem
55%, mas participação de modelos estrangeiros no país dispara de 5% para 22%; para montadoras, movimento
se repete em 2011
Ana Paula Machado
amachado@brasileconomico.com.br
O fraco desempenho nas exportações de veículos e o grande interesse dos brasileiros por carros
importados fez a balança comercial do setor automobilístico fechar no negativo em2010. O déficit no ano
passado foi de US$ 2 bilhões e segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, o desempenho da corrente de comércio neste ano ainda não será
favorável. “As exportações deste ano deverão atingir 730 mil unidades, uma queda de 4,7%
em comparação a 2010. Em contrapartida, as importações de veículos devem crescer de 20%
a 22%”, disse Belini. No ano passado, dos 3,52 milhões de veículos vendidos no Brasil, 650 mil foram importados.
A participação dos carros vindos de fora passou de 5,1% em2005 para 21,7% no ano passado. “Isso mostra
que o sinal amarelo está aceso. O Brasil está perdendo competitividade em relação aos outros países.
Agora, com o novo governo temos que traçar estratégias de incentivo às exportações de ganho
de competitividade”, reclama o dirigente que também é presidente da Fiat Automóveis. Em2010, a
receita gerada com as exportações foi de US$ 12,86 bilhões, o que representou aumento de 54,7% no comparativo
com 2009. “Mas, 2009 foi um ano de crise, por isso, foi maior. Se compararmos com 2008, a queda foi de US$ 1 bilhão”,
compara Belini. A Anfavea prepara um estudo da competitividade brasileira que será entregue ao governo até abril.
Segundo Belini, no documento estará as reivindicações do setor e propostas para estimular as exportações.
“A indústria automobilística representa 23% do PIB industrial (Produto Interno Bruto). É um setor
importante para o desenvolvimento do país.”
Crescimento menor
Apesar de em2010 as montadoras
instaladas no Brasil terem atingido uma produção de 3,64 milhões de veículos, um volume 14,3%
maior que no ano anterior, em2011, o crescimento estimado pela Anfavea será de 1,1%. A explicação para
a queda no ritmo de crescimento da produção de veículos brasileira é justamente a maior participação
dos importados no mercado e a queda nas exportações. “O mercado interno é que está sustentando
nossa produção. As montadoras têm que se esforçar na conquista de novos mercados e nichos para
crescer lá fora”, ressaltou Belini. Em dezembro, a produção atingiu 283,9 mil unidades, crescimento
de 12,3% em relação ao mesmo período de 2009. Contudo, a fabricação foi 10,3% menor do
que os 316,3 mil veículos produzidos em novembro de 2010. A maior parte da produção de 2010 foi destinada
ao mercado interno. Os brasileiros compraram 3,52 milhões de carros, 11,9% a mais que em 2009, quando as vendas atingiram
3,14 milhões. Para 2011, a Anfavea estima que o mercado brasileiro deverá atingir 3,69 milhões, um aumento
de 5% no comparativo comeste ano. “Hoje, o Brasil é o quarto mercado mundial, passamos a Alemanha. E temos condições
de ter crescimento sustentável por mais dez anos. A relação habitante por carro, ainda é alta,
cerca de 7 para 1. O meu sonho é que cada brasileiro tenha um carro em sua garagem,mas para isso o transporte de massa
e a infraestrutura devem crescer na mesma proporção.”
Fonte: Brasil Econômico, 07-01-2011