O segundo encontro dos conselheiros seniores, teve uma pegada teórica, e um tanto quanto inovadora, uma vez que propôs a definição de obras relevantes para que cinco conselheiros sêniores pudessem compartilhar seu entendimento acerca dos processos de transformação na sociedade e em especial na Indústria, de forma a subsidiar um debate no qual os mesmos pudessem refletir e dialogar também acerca da importância do Programa de Mentoria.
O encontro teve em sua abertura o lançamento do livro “Industrial” da conselheira sênior Renata Florisbelo que conta um pouco de sua trajetória dos 30 anos como colaboradora da indústria.
Dando início aos trabalhamos, por meio da apresentação do conselheiro Murilo Wenzel Luiz, foi possível conhecer a obra Tudo que é sólido desmancha no Ar – A aventura da modernidade, de Marshal Berman, sendo este um livro composto por reflexões sobre aspectos do desenvolvimento cultural que resgata historicamente a justaposição ocidental de modernidade, grande utopia permanente que desafia ideologias, sistemas, religiões e situações, de forma acessível construindo argumentos e experimentando dualidades: modernidade e modernismo, matéria e espírito, ação e reflexão, ser e consciência, comunismo e capitalismo, pensamentos críticos e a livre imaginação, a arte na construção cultural. Essa obra é mais que provocativa no sentido que nos induz a uma constatação de contemporaneidade onde sobre veem forças antagônicas: empreendimentos, corporações, impérios econômicos, formadores de modelos globalizantes embasados em um mundo consumista, de degradação da memória e do meio ambiente que, simultânea e contraditoriamente provocam e revelam a luta de outros grupos pela mudança de sentido, para a valorização do sustentável, experenciando uma existência pessoal e social com movimentos e angústias. É ser parte de um universo em agitação.
A conselheira Angela Broch trouxe reflexões acerca do livro A Quarta Revolução Industrial de Schwab que destaca como diferencial da 4ª Revolução Industrial o fato de estamos estudando e discutindo sobre os impactos gerados pelas transformações tecnológicas de forma simultânea a introdução das mesmas. Lembrando que no caso dos períodos anteriores os estudos foram ex-post a introdução das inovações e de seus impactos. Outro item que diferencia a 4ªR.I. das anteriores é o fato da convergência e fusão de diversas tecnologias, integrando conhecimentos físicos, digitais e biológicos apresentando os exemplos: Nanotecnologia; Sequenciamento genético; computação quântica e energias renováveis.
Para o conselheiro José Pio Martins que falou do livro Novo Manifesto Capitalista - Como construir a empresa do século 21, autoria de Umair Haque, a tese central do autor é que as pedras angulares do capitalismo hoje são as mesmas do início da Revolução Industrial, mas elas estão enferrujadas, enfraquecidas e esgotadas. Novo Manifesto apresenta quatro pilares da Revolução Industrial: o mundo era grande, vazio, estável e desconectado.
A população mundial em meados de 1700 era de apenas 700 milhões de habitantes e só atingiu 1 bilhão em 1830. Então, era vazio porque pouca gente habitava o globo terrestre. Era estável no sentido de que as mudanças andavam lentamente para os padrões de hoje. Era desconectado porque os países mantinham baixa interligação. No contexto real e atual, a grande mudança é que hoje o mundo é pequeno, superpopuloso, instável e conectado. É pequeno quando referenciamos a existência de 8 bilhões de habitantes (em 2022); superpopuloso pela mesma razão; instável porque tudo mudo muito rápido; e conectado porque os países se interligam e uma simples crise na Tailândia tem consequências mundiais, como ocorreu em 1999.
Tania Cardozo que fez sua construção a partir do livro O Caldeirão Azul - O universo, o homem e seu espírito do brasileiro Marcelo Gleiser reitera essa fala acerca da leitura “abriu minha mente, desmistificou conceitos urbanos quanto à ciência e tecnologia e me emocionou muito a forma amorosa, humilde e consciente sem como ele defende o nosso planeta. O autor trata de alguma forma os ODS o tempo todo sustentabilidade é o tema do livro com pitadas de conceitos e esclarecimentos históricos e científicos”
Para a mediadora Sonia C. Leszczynski foi um encontro instigante e icônico, por ser realizado justamente na Casa Heitor Stockler de França, construída em e falar de desenvolvimento tecnológico e industrial. Trata-se da dicotomia entre um mundo evoluindo com tecnologia de ponta ao mesmo tempo em que milhares ainda vivem na extrema pobreza.
O evento propiciou além da troca de saberes e conhecimentos, a constatação e reflexão acerca da forma de vida na terra hoje, a partir do entendimento de que as evoluções pelas quais passamos para alcançar mobilidade urbana, meios de comunicação e delimitação dos povos no mundo demoraram em torno de vinte séculos para ocorrerem, contudo, vivemos na era da transformação, num século em que mudanças de padrões, consumo, relações e modelos de economia mudam em uma frequência exponencialmente aceleradas.
E neste contexto, fica o questionamento se os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável serão realmente atingidos até 2030?!
A coordenadora executiva do CPCE, Rosane Fontoura, entende que para o alcance dos ODS, é necessário o engajamento e a responsabilidade de todos os atores da sociedade e que essa troca, promovida no encontro dos conselheiros sêniores foi salutar para o direcionamento de novas ações em prol do desenvolvimento sustentável, bem como para a continuidade do Programa de Mentoria, salientando que ganham os dois lados pois tanto o mentorado quanto o mentor ensinam tanto quanto aprendem.
O diretor geral do CPCE Rui Brandt, se mostrou feliz pelo engajamento dos conselheiros seniores e informou da importância das ações do CPCE frente a Agenda 2030 e o reconhecimento que estamos no caminho que a OCDE tem proposto, de fomento ao desenvolvimento local com todos os players.