A forma como as empresas podem estruturar um programa de inclusão de Pessoa com Deficiência (PcD), orientação profissional, empregabilidade e o desempenho do papel profissional da PcD foram os temas tratados na 5ª edição do Reatiba, realizada em setembro, em Curitiba. A Lei de Cotas (Lei 8.213/91) e os desafios frente às barreiras nas organizações também foram temas dos diálogos.
Mais de 200 pessoas participaram do evento, que foi promovido pelo Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), entidade ligada à Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), como um chamado às pequenas e médias empresas para o processo de inclusão das PcD e o exercício da responsabilidade social corporativa. A Reatiba marcou a comemoração do Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência.
A jornalista Flávia Cintra, falou sobre como o cotidiano da pessoa com deficiência é impactado por equipamentos e objetos de uso comum e como a preocupação inclusiva pode facilitar a vida da PcD. "Substituir maçanetas redondas por maçanetas de alavanca, por exemplo, facilita a vida de pessoa com deficiência motora", disse ela. "O mundo, por muito tempo, operou de forma excludente. Hoje sabemos que as deficiências se evidenciam na medida em que se impõem dificuldades para vida das pessoas", afirmou a jornalista.
Flávia falou sobre a sua experiência como integrante da Comitiva Brasileira na Convenção da ONU que debateu a proposta de uma matriz de política pública para a inclusão da PcD. "A discussão da proposta durou oito anos e foi aprovada no conselho formado todos os países que integram a ONU", contou. A convenção da ONU foi um marco para as políticas de inclusão em todo o mundo. "As discussões foram focadas no conceito social da deficiência. A frase "nada sobre nós sem nós" foi traduzida para todos os idiomas e linguagens de sinais, marcando uma nova postura mundial frente à questão", contou ela.
Cases de inclusão - Uma mesa redonda realizada durante o evento discutiu alternativas para o cumprimento da Lei de Cotas com a participação da Superintendência Regional do Trabalho do Ministério Público do Trabalho apresentou programas de inclusão desenvolvidos por algumas empresas. Um deles foi o da Toshiba, narrado por Altair dos Santos, gerente de gestão de pessoas da empresa. "Além de promover a inclusão é importante fazer o acompanhamento do processo, como visitas periódicas à área de trabalho, análise do relacionamento interpessoal, entre outras ações", disse Santos.
A Spaipa, que hoje tem 217 pessoas com deficiência no seu quadro, estruturou seu programa de inclusão no final do ano passado. Segundo a analista de RH do Programa de Inclusão, Fernanda Saad, o programa envolve ações de retenção (treinamento, atendimento, acompanhamento), além de acessibilidade arquitetônica e acessibilidade na comunicação.
A empresa teve o apoio do Sesi, com ações do Programa de Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Indústria. "O Sesi fez o diagnóstico de inclusão e workshop com lideranças da empresa para prepara-los para receber as PcD", contou Fernanda.
"Como estruturar um programa de inclusão" foi o tema de uma oficina ministrada por Regiane Maturo, do Sesi, e Rosângela Buch, que integra o Programa Senai de Ações Inclusivas, nesta oficina mais de 70 empresas puderam aperfeiçoar seus programas de inclusão . Uma segunda oficina tratou do tema "O desempenho do Papel Profissional da PcD", tendo como mediadores a empresária cadeirante Mirella Prosdócimo (coordenadora do Fórum Paranaense dos Direitos das Pessoas com Deficiência), o jornalista cadeirante Rafael Bonfim e o sociólogo Manoel Negraes, que é deficiente visual. Uma terceira oficina Unilehu sobre orientação profissional e empregabilidade, também apresentaram suas histórias de eficiência os profissionais Leonardo Silva, Bruno Ersen e João Vitor Mancini.
O Reatiba teve a participação do vice-presidente da Fiep, Sidney Paciornik, do consultor Eduardo Carmello e da jornalista Flávia Cintra, que integra a Comitiva Brasileira na Convenção da ONU- UNESCO, da qual o Brasil é signatário; de pessoas com deficiência e de profissionais da área de inclusão.
Participaram o presidente executivo do CPCE, Victor Barbosa; o secretário municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Irajá de Brito Vaz; o promotor do Ministério Público do Paraná, da Defensoria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, José Américo de Carvalho; o superintendente do Sesi no Paraná, José Antonio Fares, e a gerente de Educação Profissional e Tecnológica do Senai no Paraná, Rosane Lara
No encerramento três pessoas com deficiência ganharam bolsas de estudos para graduação, curso técnico e qualificação concedidas pelo Grupo Uninter e Senai.