A agenda dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS foi desenvolvida com base no pensamento holístico e raciocínio sistêmico. A relação entre eles é evidente. Dentre as inúmeras relações podemos citar a dependência da proteção dos ecossistemas terrestres com a necessidade da redução da pobreza, da desigualdade, universalização do trabalho descente, do crescimento econômico e do consumo e produção responsáveis.
O momento histórico representado pela pandemia traz à tona a necessidade urgente de encararmos de frente os enormes desafios representados pelos ODS. Ao mesmo tempo em que vive incertezas e medo, a humanidade redescobre e ressignifica conceitos esquecidos por muitos como a solidariedade, auxílio e proteção mútuos, respeito ao conhecimento científico entre outros.
Atualmente é difícil fazer uma analogia melhor do que o caso das máscaras respiratórias com a recuperação de ecossistemas terrestres degradados, onde o modelo ainda vigente é representado pela busca de novas áreas para conversão de uso da terra.
Até poucos meses atrás estas máscaras eram vistas apenas como um mero equipamento de proteção individual utilizadas em poucas atividades e tidas como itens de uso único não reutilizável, além de serem facilmente encontráveis e ter custo muito baixo. Em muitas partes do mundo o uso dos recursos naturais e degradação da terra ainda são vistos da mesma forma.
A pandemia prova como a falta de um recurso essencial para a proteção de milhões de vidas força a humanidade a quebrar paradigmas como seu padrão de consumo. Consertar, reinventar conceitos e descobrir maneiras de reutilizar esses materiais tornou-se questão de sobrevivência.
A redução drástica da disponibilidade de recursos naturais, a riqueza da biodiversidade e dos ecossistemas terrestres em nosso planeta está chegando a ponto similar ao fornecimento finito de máscaras respiratórias.
Da mesma forma que estamos conseguindo nos reinventar para combater a pandemia, espero sinceramente que esta nova consciência de consumo perdure nas sociedades. Que isto seja projetado para o uso sustentável dos recursos naturais, pois desta forma será possível restaurar e preservar ecossistemas, protegendo a biodiversidade, viabilizando a reversão da degradação da terra e o combate à desertificação. Rafael Gava – Conselheiro Sênior