Em sua segunda edição, o II Fórum de Responsabilidade Socioambiental Corporativa reuniu 17 empresas da região de Campos Gerais. O evento, que foi realizado na última sexta-feira, dia 13 de setembro, pelo Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) de Campos Gerais, instituição ligada ao Serviço Social da Indústria (Sesi), contou com a abertura do vice-presidente do CPCE, Ney da Nóbrega Ribas.
O vice-presidente ressaltou que ainda é necessária uma mudança de cultura para que mais empresas e instituições incluam a sustentabilidade em seus processos e ações. “Precisamos mostrar quem já faz responsabilidade socioambiental corporativa e por que essas organizações fazem a diferença no dia a dia. Elas, mais do que se ocupar com o lucro, a missão e seu propósito, elas estão a cada dia percebendo que o investimento feito na qualidade de vida das pessoas, não só dentro da organização mas no entorno, dá lucro e traz resultados”, explica Ribas.
Abrindo as palestras do evento, o gerente regional do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (CREA-PR), Vânder Della Coletta Moreno, apresentou as ações realizadas de acordo com os Princípios do Pacto Global. Em sua fala, Moreno ressaltou que o CREA-PR aderiu ao Pacto Global em 2009 e, com isso, foi criado um Comitê de Responsabilidade Socioambiental Corporativa (CRSC) para gestão das ações. Em 2012, a regional de Ponta Grossa iniciou suas ações nessa área com a criação de um CRSC para a região.
Entre as ações da regional, Moreno ressaltou que existe um cartaz em cada regional que apresenta os princípios e, ao lado, as ações referentes a cada um deles. “É algo bem simples de fazer, colamos uma etiqueta com as ações que nós fazemos de acordo com cada princípio. É uma forma de monitorar e acompanhar as ações”, completa Moreno.
O CREA-PR possui um sistema para atendimento a surdos em suas 8 regionais. A comunicação é realizada por meio de um sistema de vídeo, com intérpretes que fazem a tradução para auxiliar a comunicação. Além disso, toda a sede de Ponta Grossa foi reformada e oferece estrutura 100% acessível com rampas, banheiros adaptados e calçadas adaptadas.
Além dessas ações estruturais, a instituição também possui uma parceria com um mercado da região para descarte de óleo, pilhas e baterias, medicamentos e lâmpadas. O CREA de Ponta Grossa também incentiva a utilização de rascunhos e canecas pelos colaboradores, uso racional do ar condicionado e apoia uma ação local em o que lixo eletrônico pode ser trocado por ingressos de cinema.
A segunda parte do evento contou com a palestra da gerente de gestão social do Sesi-PR, Sônia Beraldi de Magalhães, que falou sobre responsabilidade socioambiental nas empresas , como fazer e a importância em se ter as ações planejadas. De acordo com ela, um dos grandes fatores que propiciaram o crescimento da adesão das empresas ao tripé da sustentabilidade é a crescente pressão da chamada ‘onda verde’. Com isso as empresas estão mais preocupadas com a alta exposição, o impacto das ações, cobrança de leis e normas, o passivo ambiental e a competição e retenção de talentos para as companhias.
“Quando falamos com empresariado, nos não temos que falar só do que é conceito, mas do quanto esse processo implica em ganho para eles. Passivo ambiental, por exemplo, imagina quantas barreiras e quanto uma empresa gastaria para resolver e destinar da forma correta, o que é mais barato?”, indaga Sônia.
Para mostrar a importância de ações bem planejadas e que tiveram bons resultados, Sônia deu o exemplo da General Eletric que, em 2004, iniciou o projeto para criação de uma linha verde, a Ecoimagination, e após seis anos, faturou 18 milhões com a linha de produtos. Como forma de alerta, a palestrante também enfatizou um exemplo negativo, a Nike, que não se importou com o processo de fabricação dos seus produtos e teve repercussão em todo o mundo com o caso de escravidão no processo produtivo.
“Vemos muitas empresas que colocam discurso, mas que não tem efetivamente uma ação, prática e é preciso ter cuidado, pois as pessoas estão cada vez mais críticas com discursos vazios, estão aprendendo a clamar pelos seus direitos”, ressalta Sônia.
Outro ponto destacado pela gerente é que o pensamento sustentável das lideranças é imprescindível para que a empresa possa começar a criar processos autossustentáveis. “Empresas formam lideres, líderes deverão formar líderes e escolas também. Hoje ainda não se tem internalizado, ou se tem muito pouco, o tema da sustentabilidade e o líder precisa compreender a complexidade do tema, pois não pode se lançar a isso sem entender aquilo que vai fazer”, completa.
No período da tarde, os participantes tiveram um Curso de Construção de Indicadores Sociais, ministrado pela diretora do Instituto Orbis, Diva Irene da Paz Vieira, que falou sobre a importância dos gestores levarem em consideração os indicadores no desenvolvimento de projetos e ações. Além disso, ela mostrou como criar indicadores para mostrar resultados e efetividade dos projetos.
De acordo com o gerente regional do CREA-PR, que sediou o evento, o fórum foi muito importante, pois possibilitou a troca de experiências e interação entre as empresas. “As empresas não podem trabalhar isoladas, elas têm que ter uma rede de contatos, isso facilita depois quando vão surgindo oportunidades. As reuniões do CPCE são frequentes criando um ambiente de troca e tudo que é bom acaba sendo compartilhado e replicado entre os gestores”, explica Moreno.
Para o coordenador de RSA da Masisa, Clebis Marcos de Oliveira, que participou do evento o tema é de extrema importância, não só para a visão privada, pública e acadêmicos, mas pensando na comunidade como um todo. “O termo sustentabilidade vem sendo muito divulgado, mas mais importante do que divulgar é entender o que é sustentabilidade. Daqui vamos levar muita informação que pode ser utilizada dentro da empresa”, comenta Oliveira.