O Núcleo de Indústrias e Sindicatos do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), instituição ligada ao Serviço Social da Indústria (Sesi), reuniu-se na manhã do dia 22 de maio para dar sequência a pauta de trabalho e assistir a apresentação do case sobre Valor Compartilhado da Arauco.
A Arauco é a maior companhia florestal do hemisfério sul e tem nove unidades no Brasil, entre sedes administrativas, industriais e florestais. No país, é especializada na fabricação de painéis em MDF elaborados de fontes sustentáveis atendendo aos mercados de móveis, decoração e construção civil.
De acordo com o diretor de Assuntos Corporativos da Arauco, Fernando Lorenz, o trabalho voltado para sustentabilidade começou com ações voltadas para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e a empresa já contava com um vasto portfólio de ações sociais. Desde 2006, 90mil pessoas já foram beneficiadas pelos projetos realizados pela Arauco. “Temos duas fábricas no Paraná, Jaguariaíva e Pien, mas temos muitas áreas florestais e são nessas áreas onde encontramos comunidades com maior carência e necessidade, por isso temos muitos programas que tratam de ajudar a melhorar a educação nessas comunidades”, explica Lorenz.
Para ele, antes da empresa utilizar o conceito de valor compartilhado ela apresentava duas limitações: poucos recursos para trabalhar, pois toda a renda era gerada pela própria companhia; e profissionais limitados na área de atuação, pois o setor que cuidava das ações era a de Assuntos Corporativos, que não tinha profissionais de áreas sociais na elaboração dos projetos. Por isso, a Arauco procurou a consultoria da Social Impact Consultants (FSG), uma empresa de consultoria sem fins lucrativos especializada em estratégia, avaliação e pesquisa, fundada em 2000 por Michael Porter e Mark Kramer, precursores do valor compartilhado, e que ajudaram a implantar a ações nessa área.
De acordo com Porter e Kramer Valor compartilhado é “criar políticas e práticas operacionais que desenvolvem a competividade de uma empresa ao mesmo tempo em que melhoram as condições econômicas e sociais nas comunidades em que operam”. É criar valor para a empresa e a comunidade e não apenas distribuir para a sociedade o valor criado pela empresa gerando dependência.
Lorenz ressaltou também a evolução do pensamento das empresas a respeito da sustentabilidade, pois antes muitas ignoravam os problemas sociais considerando que eles não eram relacionados com a empresa. Hoje, muitas já veem essas situações como oportunidade de gerar riquezas para a empresa e desenvolver a comunidade do entorno. “Comunidade são nossos companheiro de trabalho que moram perto da empresa e precisamos dar oportunidades a eles”, completa.
Além disso, Lorenz enfatizou que criar valor compartilhado não é uma ação de Responsabilidade Social, é uma nova maneira de encarar os negócios e não pode haver contradição entre a criação de valor para a companhia e criar valor social. “Ao criarmos valor social, criamos sustentabilidade a longo prazo”,completa.
Para criar ações com esse foco é importante que a empresas identifiquem a necessidade social que seja também uma oportunidade empresarial que a própria companhia possa resolver com suas habilidades corporativas. Por isso, a Arauco criou um comitê que se reúne a cada três meses para levantar assuntos e possíveis propostas de trabalho.
“Essa mudança de posicionamento foi muito importante, pois descobrimos como resolver os dois problemas que a empresa tinha”, exclama Lorenz. Ele ainda ressaltou que as empresas podem ser muito efetivas em convencer os consumidores a preferir produtos e serviços que criem benefícios sociais trazendo inovação para sua cadeia de valor
Para o representante do Grupo Boticário no Conselho presente do encontro, Rodrigo Reis Navarro, as empresas podem inovar repensando os conceitos já utilizados. “A inovação está em repensar os conceitos que você já tinha anteriormente e trazer isso de volta de uma forma muito mais efetiva, com muito mais potencial de resultado”, completa Navarro.
Para a coordenadora do NIS, Ezilda Furquim, a apresentação foi muito positiva, pois trouxe a essência da importância de ações de responsabilidade socioambientais que promovem a prosperidade da empresa e da comunidade do entorno. “Traz ainda mais resultados você trabalhar com aqueles que estão à sua volta e que fazem parte do negócio. Se você procurar fazer uma coisa que tenha a ver com o produto que você faz traz mais resultados e muito mais visibilidade divulgando também na comunidade”, enfatiza Ezilda.
Confira a apresentação aqui