No dia 25 de abril aconteceu o segundo encontro dos Temas Relevantes para Indústrias e Sindicatos: Oficina de Elaboração de Projetos, que reuniu mais de 50 pessoas para verem o renomado economista Ricardo Falcão. O evento foi uma iniciativa do Núcleo de Indústrias e Sindicatos (NIS) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), instituição ligada ao Sistema Fiep (SESI/SENAI/IEL), com o objetivo de mostrar aos profissionais de sustentabilidade como avaliar e desenvolver projetos na área de responsabilidade socioambiental corporativa.
A abertura do evento foi realizada pela coordenadora executiva do CPCE, Rosane Fontoura, que ressaltou a importância dos eventos realizados pelo NIS e das indústrias se interessarem pelo tema. “As empresas têm um importante papel como protagonistas no desenvolvimento sustentável local quando apoia projetos na área socioambiental. A nosso ver, o investimento social deve ter foco nas estratégias empresariais e nas necessidades das comunidades atendidas”, explica Rosane.
Na abertura da oficina, a gestora do Edital SENAI SESI de Inovação, Daniele Farfus, mostrou como funciona o edital. Criado em 2004, a iniciativa visa apoiar projetos de pesquisa aplicada em empresas do setor industrial, por meio dos Centros de Tecnologia do SENAI e unidades do SESI, com ênfase em inovação tecnológica e social. Para a seleção podem participar empresas industriais públicas ou privadas de todo o país.
De acordo com Daniele, o edital é uma oportunidade para que parcerias efetivas se concretizem entre o SESI-PR e a indústria e ressalta que as indústrias estão cada vez mais inserindo nos seus processos a metodologia de gestão por meio de projetos. “Trabalhar por projetos é ter clareza de que uma determinada ação será desenvolvida em determinado período com um objetivo a ser atingido, mensurado e com resultados concretos. Eventos como o do CPCE contribuem para o desenvolvimento das competências técnicas necessárias”, completa Daniele.
Investimento social “lucrativo”
O economista Ricardo Falcão ressaltou a importância das empresas valorizarem o dinheiro investido em ações sociais cobrando resultados e acompanhando de perto a instituição escolhida. Consultor na área de elaboração, gerenciamento e avaliação de projetos, planejamento estratégico e captação de recursos, Falcão destacou que o principal problema dos recursos destinados para a área social é a forma com que é vista pelo gestor da empresa, que não vê aplicação do dinheiro como um investimento.
“O problema é as empresas só deixarem o recurso nas instituições e irem embora sem saber os resultados, a progressão e a melhora obtida. As empresas têm que acompanhar, ir visitar a instituição e eles podem até mandar um relatório, mas a empresa tem que ir conferir”, completa Falcão.
Outro ponto ressaltado pelo palestrante é a forma com que algumas instituições desenvolvem projetos sem antes ouvir a comunidade e identificar o que as pessoas a serem atingidas realmente querem e precisam. “É importante para a comunidade fazer com que as organizações não governamentais realmente ouçam as necessidades deles, pois muitas vezes as instituições elaboram projetos a partir do que elas conseguem fazer, e não do que as pessoas realmente querem e precisam”, completa.
Como avaliar projetos
Para as empresas que recebem projetos, Falcão deu um panorama completo de como avaliar a instituição e a ação que é proposta. Para começar é necessário saber mais sobre a entidade que propõe o projeto, pois ela precisa apresentar seus dados cadastrais em dia e uma organização mínima que ofereça segurança no andamento do projeto e na prestação de contas. Além disso, a empresa deve avaliar também os certificados e prêmios conquistados, missão, experiência na área e no mercado, qualificações da equipe, parceiros e os sucessos que eles já tiveram com suas ações/projetos. Todas essas informações precisam ser sintetizadas em apenas uma página.
Após isso, o avaliador precisa prestar atenção na contextualização do problema proposto e a instituição precisa mostrar sua real necessidade por meio de dados atuais alinhados com a perspectiva de futuro a ser alcançada. “É necessário mostrar com números por que aquilo que foi proposto é um problema e os resultados precisam ter metas e objetivos. É o mais importante, estou te dando dinheiro e o que você me dará de volta?”, explica Falcão.
Outro ponto ressaltado pelo palestrante é a delimitação dos beneficiários de forma direta e objetiva, pois o ideal é que exista uma afinidade entre a área trabalhada e a atuação da empresa. “É importante ter a preocupação se a causa tem relação com a empresa, pois o que será firmado é uma parceria, uma troca, e a afinidade irá garantir que a empresa acredite nessa causa”, ressalta Falcão.
Para as empresas que vão trabalhar com instituições desconhecidas a indicação é que a duração dos projetos seja de até um ano e, assim, o gestor consegue perceber como é a organização e prestação de contas. Para avaliar o trabalho, Falcão sugere que sejam feitos acompanhamentos de três em três meses para ver o avanço do projeto e dos objetivos propostos.
Projetos bons exigem instituições capacitadas
Para o economista é importante que as empresas saibam identificar as instituições que fazem um bom trabalho, pois oferecer recursos para entidades que não estão capacitadas incentiva que elas continuem trabalhando dessa forma. “A empresa precisa selecionar as organizações com que ela trabalha para evitar investir dinheiro em projetos sem credibilidade e comprometer seu progresso e imagem”, exemplifica Falcão.
A gerente da Pau Velho Madeiras Recicladas, Vanessa Macedo, ressaltou a importância do evento e das dicas prestadas pelo palestrante. “Achei bastante interessante a palestra para entender um pouco melhor essas ações de responsabilidade social e começar a avaliar o que podemos fazer também com os nossos funcionários e pela comunidade do entorno. É um bom início, tem muito trabalho pela frente”, finaliza.