Durante os dias 24 e 25/11, quinta e sexta-feira, o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) promoveu o Encontro Paranaense de Reabilitação, Inclusão e Tecnologia, evento este que contribui com um novo cenário para que pessoas com deficiência (PcD), mobilidade reduzida e idosos possam garantir e defender melhores condições em ambientes utilizados por cidadão comuns.
Na abertura do encontro estiveram presentes o presidente executivo do CPCE, Victor Barbosa, o secretário especial municipal da pessoa com deficiência, Irajá de Brito Vaz e o representante da secretaria nacional da pessoa com deficiência, Fernando Antônio Ribeiro.
Em seu discurso, Fernando colocou que as barreiras impostas pela sociedade são as maiores dificuldades da deficiência e que os percalços só serão rompidos quando for possível a igualdade de oportunidades, criação de espaços acessíveis e os direitos da PcD forem legitimamente cumpridos. "Barreiras físicas, impedem que as pessoas mostrem sua capacidade. Nós da secretaria estamos batalhando para que todas as obras da Copa de 2014, as obras do Plano de Aceleração do Crescimento e as moradias do programa Minha Casa, Minha Vida sejam completamente acessíveis", ressaltou.
Irajá de Brito Vaz observou que Curitiba ganhou muito com a instalação de uma secretaria especial para tratar de assuntos relacionadas à PcD's pois as reinvindicações para que as políticas públicas sejam cumpridas ganham força. "Não são todas as instituições que abrem espaço para falar deste tema, a Fiep por meio do CPCE estão contribuindo para acabar com estereótipos e mostrar que todos são capazes", falou.
Além de conhecerem novas tecnologias na área de reabilitação, próteses ortopédicas de última geração, lupas eletrônicas e adaptações de automóveis, quem passou pelo espaço presenciou a equipe paranaense que participou dos jogos Parapan-americanos em Guadalajara, praticando bocha, tênis de mesa e basquete adaptado.
Representantes de grandes empresas e companhias paranaenses participaram de palestras e debates sobre a inclusão de deficientes no mercado de trabalho e as leis de cotas. "Não há mais desculpas para a não inclusão. Equipamentos existem, tecnologias existem, inovações existem, basta que todas queiram trabalhar pela igualdade", salientou Victor Barbosa.
O Regimento de Polícia Montada "Coronel Dulcídio", unidade especializada de Cavalaria, pertencente à Polícia Militar do Estado do Paraná, teve espaço no encontro e demonstrou exercícios de equoterapia, que previne doenças e ajuda na reabilitação.
No dia 24/11, quinta-feira, as regionais do CPCE em Londrina e Maringá também promoveram uma mesa-redonda com empresários da região, para tratar da inclusão da PcD do mercado de trabalho.
Regionais - Para o empresário Vanderlei Bacilar, de Maringá, o CPCE deu uma ferramenta para que os empresários possam oferecer em suas empresas a oportunidade da inclusão. "Esses encontros são muito positivos, pois às vezes é necessário trocas de experiência para que percebamos o quanto faz sentido a inclusão dentro da empresa", comentou.
Encerramento - Marcelo Yuka fechou o encontro com uma palestra que emocionou o público. Há 11 anos foi baleado por nove tiros numa tentativa de assalto no Rio de Janeiro, ficou paraplégico. Ele conta que a adversidade o fortaleceu e que depois de enfrentar uma depressão profunda conseguiu perceber que a deficiência não o deixou incapaz e que a vida ainda estava em jogo.
"Não me importo em ser chamado de deficiente, porque meu cérebro já potencializou outra coisa em mim que a sociedade não é capaz de ver. O mercado de trabalho e a sociedade em geral deveriam perceber essa habilidade. Cabe a nós [deficientes] colocar em prática o autoconhecimento e potencializar tudo isso, só assim as coisas vão mudar, não porque existe uma lei, mas porque reconhecerão que somos alguém com habilidades a mais para compartilhar", declarou.
Yuka questiona ainda o fato da acessibilidade do Brasil ser precária. "Somos reconhecidos internacionalmente por nossos arquitetos, mas a acessibilidade nem sempre está presente nos projetos. Não quero uma rampinha só para eu chegar lá, é para eu chegar lá e fazer melhor. Acesso para carrinhos de bebê, para idosos e para pessoas com deficiência não existe em lugares básicos. Isso porque perante a sociedade não produzimos mais. Na verdade pensam que não produzimos e que não precisamos utilizar os mesmo espaços", falou.
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