O 7º Reatiba - Reabilitação, Tecnologia e Inclusão foi realizado no dia 24 de setembro pelo Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) em Curitiba. Este ano o tema abordado foi Equidade no Mundo do Trabalho e a abertura contou com a presença do Superintendente do SESI-PR, José Antônio Fares; da Assessora da Superintendência do SESI-PR, Caroline Arns Arruda; da gerente de Gestão Social do Sesi-PR, Sônia Beraldi de Magalhães; da Coordenadora Técnica do Programa de Inclusão do SESI-PR, Regiane Ruivo Maturo; da Diretora Geral do CPCE, Mayra Andrea Doria Mattana; e da coordenadora executiva do CPCE, Rosane Fontoura. O evento contou com 160 participantes entre gestores de recursos humanos e profissionais relacionados com a área.
A abertura do evento foi realizada pelo superintendente do Sesi que ressaltou a importância do tema como forma de unir os setores da sociedade em prol das minorias. “Esse movimento de mudança é estratégico e une os três setores da sociedade para que eles possam andar na direção desse processo de melhoria da qualidade de vida das pessoas”, enfatiza Fares.
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Também na abertura, a Secretária Municipal da Secretaria Especial dos Diretos da PcD de Curitiba (PR), Mirella Prosdócimo, apresentou os resultados da Pesquisa sobre Inclusão da PcD no mundo do trabalho em Curitiba e Região Metropolitana e divulgou a Câmara Técnica criada para tratar do tema. A pesquisa consultou empresas para realizar um diagnóstico sobre a empregabilidade das pessoas com deficiência e, a partir dos resultados, propor e criar políticas públicas para garantir o direito ao trabalho desta parcela da população.
Um dos destaques da apresentação foi o fato de queas empresas reclamam da baixa escolaridade e baixa qualificação das pessoas com deficiência, porém a pesquisa mostra que 59% das pessoas com deficiência com emprego formal apresentam no mínimo o ensino médio completo. “Apesar da baixa adesão da pesquisa, os dados refletem o cenário nacional, e revela que as pessoas com deficiência visual e intelectual são as que enfrentam maior dificuldade para conseguir um trabalho formal, o que pode significar despreparo e preconceito das empresas”, afirma Prosdócimo (confira a pesquisa completa aqui).
Reabilitação
O Processo de Reabilitação Profissional do INSS foi apresentado pela Perita Médica do INSS do Serviço de Reabilitação Profissional em Curitiba, Gabriela Elisete Bier Knopfholz. O processo de reabilitação é um serviço prestado pelo INSS, em caráter obrigatório, aos beneficiários que estão parcial ou totalmente incapacitados para a sua atividade profissional em decorrência de doença ou acidente de qualquer natureza ou causa, e ainda pessoas com deficiências.
Entre os pontos abordados, a perita médica esclareceu que no início do processo de reabilitação, após a análise do caso, a primeira tentativa de reinserção é na própria empresa de origem do trabalhador. “A perícia médica, que faz uma avaliação inicial no setor específico de reabilitação profissional, avalia e detecta se existe uma capacidade colaborativa residual e encaminha essa pessoa para a avaliação com o orientador profissional. Após essa avaliação, nós fazemos uma análise conjunta e definimos se esse caso deve entrar no programa ou não, pois muitas vezes já de início detectamos que não será possível tentarmos essa reabilitação”, analisa Knopfholz (confira o processo completo aqui).
Deficiência Psicossocial
A deficiência psicossocial foi incluída na lista de deficiências pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), adotada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006. As dúvidas das empresas presentes no evento a respeito da inclusão desses profissionais foi o ponto de partida da palestra realizada pelo Presidente da Associação Nacional do Emprego Apoiado (ANEA), Romeu Kazumi Sassaki, que destacou como o Brasil está atrasado na inclusão de pessoas com deficiências.
“O Brasil tem 20 anos de prática, mas não foram anos produtivos, pois fizemos muito pouco. Enquanto isso, em outros países as pessoas com deficiência psicossocial então entrando aos montes por meio da metodologia do emprego apoiado”, ressalta Sassaki.
Outro ponto destacado pelo palestrante foi a quantidade de pessoas com esse tipo de deficiência que mostram a necessidade da inclusão. De acordo com Sassaki, em todo o mundo, mais de 400 milhões de pessoas têm algum tipo de transtorno mental, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mais de 40% dos países ainda não possuem políticas públicas para pessoas com deficiência psicossocial e mais de 30% dos países não possuem programas de saúde mental.
Vale ressaltar que as pessoas com deficiência psicossocial são aquelas que, durante longo tempo, viveram com algum tipo de transtorno mental e que ficaram apenas com uma sequela. “Essa questão do tempo é muito importante, ter histórico de um mês, dois meses ou um ano não é longo tempo. Aqui contamos as pessoas que viveram com algum tipo de transtorno mental e que, graças ao tratamento psiquiátrico e/ou diversas formas de apoio institucional, comunitário e familiar, ficaram apenas como sequela esse transtorno”, destaca Sassaki (confirma mais informações aqui).
Legislação Brasileira
Mediados pela Coordenadora Técnica do Programa de Inclusão do SESI-PR, Regiane Ruivo Maturo, os auditores fiscais do trabalho, Ana Maria Costa da 4ª SRTE-RS, e Hans Franke da 9ª SRTE-PR, tiraram dúvidas dos participantes a respeito de como a legislação brasileira trata da deficiência psicossocial.
O principal ponto abordado foram os conceitos novos que foram incluídos e que são foco de discordâncias, inclusive na área médica, dificultando o trabalho de inclusão. “Os conceitos de transtornos psicossociais não estão sendo devidamente absorvidos. Os nossos médicos do trabalho dentro das empresas estão preparados para lidar com esses conceitos? Se toda a depressão, transtorno bipolar e afins forem considerados acabam-se as cotas e as pessoas com outras deficiências serão excluídas”, revela Franke.
Tecnologias assistivas
As boas práticas desenvolvidas com foco em acessibilidade e auxílio a pessoas com deficiências foram apresentadas ao final do evento. A representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PR), Fabíola Lúcia Mendes de Oliveira Pinto, apresentou o case de atendimento a pessoas com deficiência auditiva (clique aqui e saiba mais); o representante do Sesi-PR, Agnaldo Adélio Eduardo, apresentou o programa Indústria Acessível (clique aqui e saiba mais); o representante do Banco do Brasil, João Alberto Petik, falou sobre o programa de crédito disponível para desenvolvimento de tecnologias assistivas (clique aqui e saiba mais); e o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Dr. Francisco Gödek, apresentou a Tecnologia Social Assistiva de baixo custo (clique aqui e saiba mais).
Além das empresas, os estudantes e universitários que participaram das Olimpíadas do Conhecimento do Senai apresentaram seus projetos. O projeto de Pernas Robóticas foi apresentado por Timna Costa Aversa, e o dispositivo para cadeira de rodas para transpor obstáculos de pequenas alturas (DTO), foi apresentado pelo professor Eliseu de Souza.
O 7º Reatiba contou ainda com apoio do Serviço de Inclusão de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (SIANEE) do Grupo Uninter por meio da tradução simultânea das palestras proferidas.