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Nesta terça-feira (8), o curso de extensão em Política Industrial promovido pelo UniSenai contou com a presença do diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidente do Conselho de Administração do BNDES, Rafael Lucchesi. Ele foi o palestrante da quarta aula dedicada à diretoria da Fiep e empresários do setor para promover a atualização em relação ao desenvolvimento de uma ampla política industrial no estado.
Com o tema “A História da Política Industrial”, este quarto módulo tratou da trajetória de desenvolvimento industrial do Brasil e seus altos e baixos. Lucchesi apontou que houve um grande avanço no período da era Vargas, entre 1930 e 1945, e ao longo da ditadura militar, passando pelo governo de Jucelino Kubitschek, entre 1956 até 1961. Nessa época, o Brasil ocupava uma confortável posição entre os 10 países mais industrializados do mundo, segundo ele, com um ciclo de crescimento organizado e qualificado, até o final dos anos de 1970 e início dos anos 1980, momento em que vários tropeços aconteceram.
“Após a crise do petróleo, os juros subiram e o país perdeu a continuidade do desenvolvimento industrial, regredindo com um processo lento de industrialização”, resumiu. “Agora é a hora que o Brasil precisa fazer escolhas importantes para o futuro. Na indústria o plano precisa ser feito agora e ser uma obsessão - num bom sentido - da sociedade brasileira para que possamos nos desenvolver e evoluir na distribuição de emprego e renda para a prosperidade econômica do país”, reforçou.
Lucchesi citou como exemplo o Plano Safra, criado em 2003, que é um dos pilares do desenvolvimento agrícola no Brasil, e tem como objetivo fornecer recursos para o financiamento de atividades. Ele se prolongou ao longo de diferentes mandatos do Governo Federal para a evolução do setor. De acordo com o professor, a indústria precisa agir da mesma forma, superar as questões políticas de governo e ter iniciativas perenes. “Quando a indústria se renova e se moderniza, passa por um grande salto de produtividade. Hoje o prazo médio de renovação tecnológica das indústrias brasileiras é de 14 anos enquanto nos demais países emergentes e desenvolvidos é de quatro a cinco anos”, disse. “Precisamos acelerar o investimento que vai trazer essa evolução tecnológica mais rapidamente para obtermos um ciclo de desenvolvimento econômico sustentável”, completou.
Para ele, o Brasil precisa ter mais ambição e buscar posições estratégicas utilizando ferramentas dessa quarta revolução industrial, com a influência da internet das coisas, big data e Inteligência Artificial e reformular suas cadeias de valor. “Temos um potencial enorme para evoluir. Estamos num período de emergência climática, em que o planeta está perto de atingir o limite de sua capacidade de emissões. E o Brasil tem muitas vantagens competitivas neste aspecto a serem exploradas para se tornar de novo uma potência industrial”, argumentou.
Embora a velocidade das emissões tenha sido reduzida, elas continuam altas e é preciso investimento e metas mais ousadas para praticar a economia verde e circular. “O Brasil possui uma matriz energética que é 84% sustentável. Isso é um diferencial competitivo que precisa ser mais bem explorado”, comentou. “Temos um potencial enorme para produzir biomassa, energia solar e eólica, que já têm uma representatividade significativa na energia utilizada na produção das indústrias. Precisamos liderar esse movimento e nos tornarmos um grande elevador para economia brasileira de fato decolar com a descarbonização”, destacou.
Entraves
Ele citou ainda alguns entraves que podem atrapalhar o desenvolvimento e que tiram a competitividade
da indústria no cenário mundial. Um exemplo, segundo Lucchesi, é que o Brasil não tem a mesma
condição fiscal de outros países desenvolvidos. São mais fatores limitantes do que Estados Unidos,
Grã-Bretanha, países da União Europeia e Japão. “Podemos ter mais ousadia para obter estabilidade
econômica, mais segurança jurídica e fiscal, enfim, um ambiente mais propício para atrair investimentos”,
reforçou.
O diretor da CNI falou ainda que a Reforma Tributária tende a simplificar o caótico sistema brasileiro, dando mais segurança aos empresários e servindo como um novo impulso ao desenvolvimento econômico do país. “Mesmo assim, ainda é preciso evoluir em temas como juros excessivos, distorções do sistema bancário, que privilegia os banqueiros e empobrece as famílias, reduzindo o consumo e impedindo os investimentos em infraestrutura, além de anular a superioridade do país em outros aspectos”, ressaltou.
E por último, Lucchesi comentou sobre um dos aspectos de maior dificuldade dos industriais na atualidade, que é a escassez de mão de obra qualificada para o setor. De acordo com o professor, o Brasil tem um grande desafio na área educacional, que ele acredita ser dever de toda a sociedade mudar esse quadro. Para ele, mesmo com o investimento em educação sendo 6% do PIB nacional, acima da média de países desenvolvidos, a qualificação dos trabalhadores não avançou na mesma proporção em que os investimentos cresceram. “Precisamos evoluir e corrigir distorções com relação ao Ensino Médio, incluindo o Ensino Técnico Regular nas escolas para dinamizar a educação profissional para a indústria. Da mesma forma no Ensino Superior, extremamente focado em ciências humanas, incentivar o ingresso em áreas de saúde, tecnologia e engenharias para equilibrarmos a formação educacional com as necessidades de qualificação que o mercado exige”, ponderou.
Essa agenda do curso do UniSenai PR com empresários é fundamental, avisa Lucchesi. “A Fiep vem cumprindo muito bem o seu papel de liderar essa matéria da construção de uma política industrial moderna no país. O Brasil tem um grande mercado, capital humano de alto nível, base de engenharia e competência em ciência, criatividade, cultura e força de energia mobilizadora. Não podemos nos acomodar. Ter energia agora para uma mudança de rumo é essencial para que uma nova política industrial contribua com o desenvolvimento do país”, concluiu.
*** Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail orientacaoprofissional.unisenai@sistemafiep.org.br ou pelo telefone (41) 9 8751-5214.
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