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Várias instituições estão em busca de alternativas para a aplicação do cobalto - um metal cinza prateado que tem 60% da produção originada na República Democrática do Congo. A crise sobre a utilização do material paira sobre a indústria de veículos elétricos. O professor Michael Zimmerman, da Tufts University, é uma das pessoas que trabalha em busca de uma solução. Ele comanda a empresa Ionic Materials, que está criando um protótipo que abrirá caminho para uma nova geração de baterias que dispensa o uso de cobalto.

A empresa é financiada pelo investidor e cientista da computação Bill Joy, que passou anos buscando pela bateria perfeita e tem como acionistas a aliança de montadoras Renault Nissan Mitsubishi, a Hyundai e a petrolífera Total. "O mundo quer tornar elétricos seus veículos. Nunca vi uma indústria tão grande dizer que quer trocar completamente de tecnologia", afirma.

A lista de financiadores reflete as preocupações das montadoras com a atual tecnologia de baterias e o fato de dependerem do Congo. O fornecimento de cobalto é dominado por um punhado de empresas que na maioria dos casos utiliza escavação por meio de trabalho braçal e vende para comercializadoras chinesas. A mão de obra infantil também é prática comum, segundo grupos de direitos humanos. "O cobalto é caro e é escavado de fontes sem práticas éticas no Congo, então as pessoas querem usar menos o metal", acrescenta Zimmerman.

Para muitos especialistas, a bateria vai dominar o mercado neste século - da mesma forma que o petróleo reinou no anterior. Baterias alimentam as vidas digitais cotidianas das pessoas, desde os celulares até os computadores portáteis. Também são fundamentais para que carros elétricos possam tomar o lugar dos veículos movidos à gasolina e para alguns tipos de energias renováveis. Sem elas, o mundo vai ter mais dificuldade para acabar com seu vício por combustíveis fósseis e, assim, limitar o impacto das mudanças climáticas.

Baterias, contudo, são complicadas de produzir e contêm uma combinação delicada de componentes químicos que precisam seguir uma lista rigorosa de exigências de desempenho. Os clientes querem baterias de carregamento rápido, vida duradoura e alta segurança, seja nos frios invernos ou nos calores desérticos. O cobalto é essencial para impedir que a bateria se sobreaqueça. Além disso, a estabilidade que traz aos materiais da bateria também permite aos usuários carregar e descarregar seu carro por muitos anos. Mas também é o mais caro dos metais usados, o que afeta a capacidade das montadoras de reduzir o custo dos carros elétricos para concorrer com os movidos à gasolina.

Zimmerman começou a pensar nas baterias há cinco ou seis anos, logo quando os veículos elétricos começavam a ganhar força e os primeiros Teslas se tornavam populares. Na época, o cobalto era um metal de nicho usado principalmente na produção de turbinas de avião e de telefones celulares. Desde então, as vendas de veículos elétricos e versões híbridas que podem ser carregadas em tomadas elétricas passaram de 6 mil unidades em 2010 para 1 milhão de carros em 2017, o que representa cerca de 1% das vendas anuais totais. Projeta-se que mais 340 milhões de veículos elétricos (carros de passageiro, picapes, caminhões e ônibus) vão ser produzidos entre 2018 e 2030, segundo analistas da McKinsey.

Sem grandes mudanças na tecnologia das baterias, a demanda por cobalto encaminha-se a mais do que dobrar nos próximos dez anos - e a participação do Congo na produção, a subir para mais de 70% do total. Os metais representam cerca de 25% do custo da bateria, segundo estimativas. Embora novas fontes de cobalto estejam sendo desenvolvidas na Austrália e nos estados americanos do Idaho e do Alasca, eles só devem começar a produzir o metal depois de 2020. Analistas do banco de investimento e a corretora Liberum, de Londres, estimam que o custo do quilo do cobalto na forma usada nos cátodos de bateria gira em torno de US$ 12, em comparação aos US$ 8 do lítio, e os US$ 5 do níquel.

A maioria das montadoras caminha para produzir baterias que usam mais níquel e até 75% menos cobalto. Mesmo se o mundo passar a usar baterias com menos cobalto, projeta-se que a demanda pelo metal vai ter mais do que dobrado em 2025, segundo a Wood Mackenzie.

Com informações do Financial Times e Valor Econômico.

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