Encontrada no veneno de serpentes cascavéis (Crotalus durissus), a crotoxina é uma molécula que
já apresentou, em experimentos laboratoriais, potencial para ser usada como anti-inflamatório, analgésico,
antitumoral, imunomodulador e até mesmo como um paralisante muscular mais potente que a toxina botulínica. Porém,
para que possa ser transformado em fármacos, é preciso antes compreender como a crotoxina interage com as células
humanas. Avanços importantes nesse campo foram apresentados por pesquisadores brasileiros em artigo publicado
na revista Scientific Reports, do grupo Nature.
“Nós sugerimos um novo arranjo estrutural da molécula e também
um modelo para explicar seu efeito tóxico sobre o sistema nervoso. Essas informações podem ajudar outros
pesquisadores a desenhar compostos sintéticos com estrutura e atividade semelhantes às das regiões da
crotoxina que despertam interesse farmacológico”, afirmou Carlos Fernandes, pesquisador do Instituto de Biociências
(IBB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu. O trabalho foi realizado durante o pós-doutorado de Fernandes,
com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e supervisão
do professor do IBB-Unesp Marcos Roberto de Mattos Fontes.
Embora seja capaz de se ligar à membrana de qualquer célula do corpo humano,
a crotoxina afeta especialmente a chamada membrana pré-sináptica – localizada na junção
entre os músculos e os nervos. De acordo com Cristiano Oliveira, pesquisador do Instituto de Física (IF) da
Universidade de São Paulo (USP) e coautor do artigo, a molécula é considerada um dos principais agentes
paralisantes do veneno da cascavel e tem sido estudada para o tratamento de estrabismo por apresentar efeito mais duradouro
que o da toxina botulínica.
“Estudos anteriores com animais indicaram que a crotoxina tem ação anti-inflamatória,
antitumoral e analgésica. Também é possível que tenha aplicação estética.
Mas faltava descobrir de que forma ela atua. Nós estamos descrevendo um possível mecanismo de ação,
um passo importante para chegar ao desenvolvimento de fármacos”, comentou Oliveira. Segundo Fernandes, a descoberta
também abre caminho para a busca de compostos capazes de inibir a ação da crotoxina, que seriam úteis
para aumentar a eficácia do soro antiofídico.
Com informações da Agência Fapesp.
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