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As indústrias não podem ficar alheias à possibilidade de sofrerem impactos diretos e indiretos na ocorrência de desastres naturais. Deslizamentos e alagamentos, por exemplo, podem afetar as unidades produtivas e administrativas, paralisando as atividades totalmente ou parcialmente. Situações deste tipo podem ainda prejudicar o trabalho de fornecedores e de logística para escoamento da produção. Por isto, é necessário que todas as indústrias - independentemente de seus portes - pensem em medidas de prevenção e de contingência em momentos como este.
Um dos primeiros passos deve ser a cautela antes mesmo da instalação do negócio. “Isto parte do primórdio da fundamentação do seu negócio. A partir do momento que você decide instalar um negócio em algum local, é extremamente prudente você analisar essas questões. Deve-se pensar em não construir uma indústria em uma área de inundação e, ao mesmo tempo, lembrar que este local não pode ter acesso restrito. Pensando em uma série de variáveis, será possível chegar a uma equação na qual os riscos são mitigados”, salientou o especialista em Gestão de Risco de Desastre do Banco Mundial, Frederico Pedroso.
Ele ministrou, em Curitiba, a palestra “Efeitos dos Desastres sobre a Indústria, a Economia e o Desenvolvimento do Estado do Paraná”, em um seminário promovido pela Fiep no mês de setembro. De acordo com Pedroso, os industriais devem sempre analisar como estão preparados, considerando todos os riscos possíveis.
O especialista ressaltou a importância de também analisar os impactos em toda a cadeia da produção de uma indústria, incluindo fornecedores, transporte e escoamento, por exemplo. “Um evento no outro lado do mundo pode afetar a nossa região. Até que ponto o tsunami de 2011 no Japão afetou as indústrias no Paraná? Provavelmente afetou porque há dependência de alguma matéria-prima ou de algum tipo de produto feito lá”, citou. “É necessário olhar para toda a cadeia de suprimento para que a indústria não fique totalmente dependente. A empresa precisa de alternativas. Esta visão macro deve ser embutida no plano de negócios visando a prevenção das indústrias”, avaliou.
Estrutura e investimentos
Os gastos do Brasil com os desastres naturais têm sido maiores do que os da Indonésia, país que pela sua geografia está mais propício aos fenômenos como terremotos, maremotos e vulcões. Este custo excessivo ocorre em função da falta de planejamento, tanto do poder público quanto da iniciativa privada, segundo Pedroso.
A solução - ou pelo menos um planejamento que gere resultados concretos em prevenção e mitigação - necessariamente passa pela união de esforços, na opinião do tenente-coronel Wellington Ramos, da Defesa Civil do Paraná. Ele - que também participou do seminário - lembra que os desastres naturais estão cada vez mais frequentes. “Em 2014, principalmente na região de União da Vitória, diversas madeireiras e fábricas de móveis ficaram debaixo d’água após inundações. Qual é o impacto disso? Será que o industrial desta região conseguiu se recuperar? O que as pessoas que trabalham naquelas indústrias fizeram naquele momento ou podem fazer caso isto ocorra novamente? Precisamos olhar para essas questões e pensar em construir soluções conjuntas, para estarmos preparados para melhor enfrentar um momento de um desastre”, opinou.