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A especialização e fortalecimento da marca são as principais saídas para as pequenas empresas conquistarem mercado em um cenário fortemente competitivo e de pouco crescimento médio. O alerta foi feito pelo economista Marcelo Prado, especialista em Estratégias de Mercado e sócio-diretor do IEMI - Inteligência de Mercado, em palestra promovida pelo Conselho Setorial do Vestuário da Fiep, no dia 23 de setembro, em Curitiba. O evento “Mercado, Desafios e Oportunidades para as Empresas do Vestuário” foi acompanhado por cerca de cem empresários por meio da transmissão ao vivo por videoconferência para os principais polos do vestuário no interior do Paraná.
De acordo com a presidente do Conselho Setorial, Luciana Bechara, o principal objetivo da palestra foi proporcionar aos industriais uma visão mais abrangente do segmento e das mudanças no mercado nos últimos anos. “O investimento nesta palestra é bastante alto, mas é muito importante que as empresas entendam como funciona o varejo e quais as mudanças pelas quais o mercado está passando. O industrial fica muito dentro da empresa e, muitas vezes, não percebe essa movimentação externa”, afirmou.
Segundo os dados divulgados pelo IEMI, foram produzidas em 2013 6,2 bilhões de peças, o que representa um crescimento de 0,8% em média. Já para 2014, a projeção para o volume de produção industrial é de queda de 0,2% e crescimento de 2,5% em relação aos valores nominais. As vendas da indústria no ano passado ultrapassaram os R$ 95 bilhões. A participação dos importados também continua crescendo, embora em um ritmo menor, e atingiu no ano passado 12,14% do total. As vendas no varejo movimentaram R$ 172 bilhões, com crescimento de 2,1% em 2013. Para este ano, a expectativa é de avanço em 1,4% no volume de vendas e 2,4% de aumento nos valores nominais.
Mudanças
Marcelo Prado também fez uma análise das mudanças no mercado interno brasileiro nos últimos anos e mostrou os principais números de crescimento do setor. Segundo ele, o PIB nacional neste período foi multiplicado por 10 e o salário mínimo que era de 40 dólares passou para mais de 300 dólares no ano passado. A inflação, que chegava a 5.000% ao ano, está em torno de 7%.
O economista também apontou mudanças nos hábitos de consumo. Nos últimos cinco anos, o setor de roupas casuais foi o que mais cresceu, com destaque para o jeans. As roupas íntimas e de dormir também tiveram forte expansão no consumo. Já os produtos da linha esportiva, social, inverno e praia tiveram crescimento abaixo da expansão do mercado.
Além do tipo de produto, os locais onde as vendas são realizadas também estão mudando. De acordo com o levantamento, são 154 mil pontos de venda no Brasil, sendo 152 mil deles especializados em vestuário. “O que verificamos é uma migração de pontos de vendas para os shoppings em função da praticidade e conveniência. Cerca de 35% dos pontos de vendas já estão dentro dos 495 shoppings que nós temos no Brasil”.
Estes espaços, no entanto, são divididos entre lojas de griffe e grandes lojas de departamento. “Essas lojas de departamento também mudaram. De olho na exigência do consumidor, essas empresas estão trabalhando com diversas coleções assinadas durante o ano, vendidas a um preço mais elevado e privilegiando a importação. Das indústrias brasileiras as grandes redes deixam para comprar apenas o básico, e isso exigindo o preço chinês”, comentou o economista.
Se a concorrência para conquistar as grandes redes passa por estas dificuldades, de acordo com o especialista, a venda para as lojas multimarcas também exige uma série de estratégias dos industriais. “As lojas multimarcas hoje trabalham em média com 20 marcas em um espaço de 100 metros quadrados. Ou seja, quando o cliente entra na loja, o industrial tem a chance de seu produto ser adquirido dividida por 20”, avaliou. Outro ponto essencial é entender que esse consumidor também mudou. Ele está ganhando mais e irá buscar produtos com a maior qualidade, dentro da sua condição de pagamento.