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Cláudia Bredarioli
Além do mercado em expansão há 15 anos, grupos estrangeiros aumentam apostas no país atraídos pelos ativos naturais
Sustentabilidade e sociobiodiversidade que há pouco mais de uma década soavam como palavrões na área cosmética-até então baseada no processamento de produtos sintéticos - dão cada vez mais provas de sua capacidade de trazer lucro às companhias. Tornaram- se também um grande atrativo para as companhias estrangeiras que buscam no Brasil meios de agregar esses conceitos às suas marcas.
Além da vasta flora brasileira, investimentos em pesquisa, marketing e novas tecnologias foram centrais para que o mercado de cosmético nacional alcançasse a posição que tem hoje: é o terceiro maior do mundo, e segundo colocado em consumo masculino.
Ao todo, movimentou R$ 65 bilhões no ano passado, com perspectiva de expansão de 10% neste ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) - o que, naturalmente, também o torna disputado tanto por gigantes do ramo quanto por empreendedores e traz prestígio aos fabricantes nacionais.
O uso de ativos naturais é um dos pontos que mais chamam a atenção no mercado internacional e um dos principais itens de investimento. Victor Fernandes, diretor de ciência, tecnologia, ideias e conceitos da Natura, reforça que chegar a esse ponto exigiu longo esforço. "Há grande complexidade nesses processos, que envolvem, além da extração em si, tecnologias de planejamento, de relacionamento e a necessidade de a comunidade fornecedora ganhar escala junto com o crescimento de venda do produto." O desafio agora, segundo ele, está na expansão das cadeias. E as possibilidades vão além da Amazônia. A companhia pesquisa também em biomas como o cerrado e a caatinga.
Potencial Segundo Filipe Sabará, diretor de negócios da Beraca, fornecedora de insumos amazônicos para a indústria de cosméticos, os bons resultados são reflexo do ótimo momento do mercado. "Para 2011, a expectativa é de crescimento acima da média dos últimos anos, podendo ultrapassar 30%." Nos últimos cinco anos, a companhia investiu US$ 15 milhões em tecnologia, instalações fabris e melhorias nas práticas de extração.
Cerca de 1,5 mil pessoas estão envolvidas nos núcleos comunitários parceiros dos projetos.
"A ligação entre cosmética e sensibilidade sempre foi muito forte. É natural que essa indústria cresça mostrando preocupação com o entorno e com a sustentabilidade", diz Lígia Amorim, diretora da Nürnberg Messe Brasil, empresa organizadora das feiras FCE Pharma e FCE Cosmetique, marcadas para a próxima semana em São Paulo. Segundo a executiva, porém, será difícil o Brasil acompanhar o crescimento mundial nos próximos anos se continuar preso ao fornecimento de matéria-prima.
"A cosmetologia no país ainda carece de investimentos em inovação tecnológica de ponta para competir internacionalmente.
Neste quesito, está muito atrás de países como Estados Unidos, França e Japão, que têm nível de consumo grande como o brasileiro", diz. O Brasil investe cerca de 40% menos que outros grandes países produtores de cosméticos.
Ainda assim, o país começa a entrar na mira das aquisições de grandes empresas internacionais do segmento. Favorecidos pela crise financeira internacional, Brasil, Índia e China são as principais rotas dos investidores, em geral grandes grupos que não querem ficar fora de um mercado que cresce dois dígitos há 15 anos.
"O Brasil é um mercado prioritário. É um dos países que mais se desenvolveram nos últimos anos", diz Angel Lizárraga, diretor executivo da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC).
Dados do Instituto Data Popular revelam que as classes C,De E são maioria no que se refere ao consumo de cosméticos e perfumaria no Brasil. E,mesmo com sinais de desaceleração econômica, o potencial para os negócios mantém-se admirável.
POTENCIAL
49,2% é a previsão de crescimento, pelo Euromonitor, para o mercado de cosméticos brasileiro até 2014, com base em um faturamento de € 3,5 bilhões em 2009.
CUIDADOS PESSOAIS
R$ 65 bi foi quanto movimentou todo o mercado nacional de produtos de perfumaria, higiene pessoal e cosméticos, no ano passado, segundo dados da Abihpec.
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"A cosmetologia no país ainda carece de investimentos em inovação tecnológica de ponta para competir internacionalmente. Neste quesito, está muito atrás de Japão, França e Estados Unidos"
Lígia Amorim, diretora da Nürnberg Messe Brasil
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