Av. Rebouças, 140 - Zona 10
87.030-410 - Maringá/PR
(44) 3026-3379
www.sindvestmaringa.com.br
Quinto maior produtor do setor de vestuário do Brasil, o Paraná é um Estado que possui muitas potencialidades
e, ao mesmo tempo, muitos desafios a superar. Assim revela o estudo de competitividade, encomendado pelo Conselho Setorial
da Indústria do Vestuário da Fiep ao Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi).
A pesquisa trabalhou
com uma amostragem de mais de 360 empresas e mapeou nove polos de produção no Estado: grande Curitiba, Maringá,
Cianorte, Londrina, Francisco Beltrão / Ampére, Cascavel, Apucarana, Terra Roxa / Altônia e Siqueira Campos.
Segundo
dados do Iemi, se por um lado o Paraná possui o menor custo de mão de obra do Sul do país, por outro,
a oferta de mão de obra qualificada é escassa. O Estado também conta com um relevante grupo de indústrias
produtoras de moda casual, jeanswear e promocional, mas nem por isso possui um cluster (polo especializado) integrado para
a produção de vestuário de moda.
Diretor do Iemi, Marcelo Villin Prado, conversou com a reportagem
do Boletim da Indústria sobre essas e outras questões. Para ele, apesar de o estudo de competitividade revelar
várias deficiências do setor de vestuário paranaense, a situação não chega a ser
“alarmante”. “O que existe é um momento não favorável, mas que pode ser superado”,
afirma Prado. A seguir, confira a entrevista com o diretor do Iemi.
A pesquisa produzida pelo Iemi aponta
várias deficiências do Paraná e muitos empresários paranaenses também não estão
muito otimistas em relação ao futuro do têxtil. Você acredita que o têxtil paranaense terá
capacidade de se desenvolver melhor nos próximos anos?
Primeiramente, é
preciso dizer que a situação do Paraná não é exatamente alarmante. O Estado passa sim por
um momento não favorável, não tão competitivo, por conta de diversos fatores como câmbio
e problemas com mão de obra, por exemplo. Mas isso pode ser superado. A tendência, aliás, é de
crescimento do setor têxtil, especialmente no caso de grandes empresas.
O que o Paraná pode aprender
com São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro, Estados que estão na frente em volume de produção
têxtil?
Todos esses Estados já são tradicionais produtores da indústria têxtil
no Brasil. Mas, no caso específico de Santa Catarina, é interessante destacar que esse é o Estado que
mais investe no setor. E isso sem possuir exatamente uma política estadual para isso. O desenvolvimento ali se dá
mais graças à iniciativa dos seus empreendedores, que possuem uma visão de negócios além
da média brasileira. Já nos outros Estados, o Paraná deve prestar atenção ao fomento que
eles oferecem para suas indústrias têxteis.
Você observa, por exemplo, que eles tentam desenvolver
melhores canais de distribuição, procuram criar clusters e atrair novos empresários e investidores para
o mercado.
De que modo as empresas paranaenses podem fazer frente às demais empresas nacionais e também
internacionais, como as chinesas?
O fundamental é o empresário paranaense entender que o mercado
mudou muito nos últimos anos. Por muito tempo, a indústria brasileira simplesmente fabricou o que era sucesso
lá fora. Então se fazia mais do mesmo, como se fosse a última novidade. Porém, como hoje temos
um mercado aberto e que favorece os importados, o industrial brasileiro e paranaense não pode vender mais do mesmo.
Ele precisa mudar o seu modelo de negócio, criando produtos originais, com mais valor agregado. Afinal, as pessoas
não vão a uma loja apenas em busca do mais barato. Se fosse assim, tudo se resolveria com lojas de R$1,99. Os
clientes procuram diferenciais e querem o melhor que o dinheiro deles pode comprar. Também nesse sentido, a pesquisa
do Iemi mostra que o Paraná ainda hoje é mais um produtor de roupas do que de moda. Diante disso, o Estado precisa
se esforçar para lançar tendências, agregando valor a seus produtos. Quando isso acontece, tudo gira melhor
nos pontos de venda.
Em ordem decrescente, os países que mais importam produtos paranaenses são
Paraguai (54,8%), Bolívia (16,9%), Estados Unidos (7,5%), Chile (2,8%) e Angola (2,8%). Por que o Estado não
atinge outros grandes mercados como Alemanha, Japão e Reino Unido, ou mesmo os vizinhos Argentina e Uruguai?
Esse
é um problema, sobretudo, do comércio exterior brasileiro. De modo geral, somos excluídos dos grandes
mercados compradores. Temos uma situação de valorização do câmbio, ao mesmo tempo em que
desdenhamos de acordos bilaterais com países desenvolvidos. Dessa forma, fomos eliminados do comércio com esses
mercados. No Mercosul, o Brasil é uma pseudoliderança. É conivente às exportações
dos outros, mas tem dificuldade para exportar para eles. É o caso especial da Argentina, que cria uma série
de barreiras aos nossos produtos.