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Pesquisa realizada na Escola de Engenharia da USP de São Carlos indica que o resíduo produzido pelas
empresas de saneamento pode ser reaproveitado na produção de concreto João Paulo Freitas Uma pesquisa conduzida em São Carlos, na Universidade de São Paulo (USP), aponta uma nova possibilidade de
reúso do lodo gerado em estações de tratamento de água. De acordo com os experimentos, o resíduo
é eficaz na produção de concreto. O produto final obtido pelos pesquisadores tem resistência suficiente
para ser aplicado em calças ou até mesmo na elaboração de artefatos como bancos de praças. O trabalho utilizou o lodo gerado pela estação de tratamento de água (ETA) de Mirassol, no interior
de São Paulo. Segundo Valdir Schalch, coordenador da pesquisa e professor do Departamento de Engenharia Hidráulica
e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), os testes indicaram que o lodo dessa ETA pode ser classificado
como não perigoso de acordo parâmetros da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Apesar disso, ele possui teores elevados de chumbo e manganês e cádmio, metais pesados que podem ser encontrados
no solo em pequenas quantidades. Mas quando estão em elevadas concentrações constituem sério risco
ao homem e ao meio ambiente. "De acordo com a caracterização que fizemos, esse lodo pode sim causar problemas. Mas não é
possível generalizar. Não se pode dizer que todos os lodos apresentem esses metais", afirma Schalch. Ao ser misturado com cimento, areia e brita para a produção de concreto, o lodo fica encapsulado - isto é,
preso - diminuindo a possibilidade de os materiais perigosos presentes nele se acumularem no meio ambiente. "O lodo às
vezes é descartado em aterros sanitários, quando não vai diretamente para os rios devido à lavagem
do decantador das ETAs", observa o pesquisador. O lodo de Mirassol passou por ensaios de lixiviação e solubilização no Laboratório de
Saneamento da EESC. O passo seguinte foi levar o resíduo ao Laboratório de Construção Civil da
escola, onde o concreto foi elaborado e testado. Segundo Schalch, a mistura que se mostrou adequada para a recomposição
de calçadas continha 10% de lodo. O acadêmico observa que o concreto produzido ainda não está sendo utilizado efetivamente. "Trata-se de um primeiro passo para avaliar se tal material pode ser aplicado em larga escala", afirma. O trabalho foi
realizado durante o mestrado do engenheiro Alvaro José Calheiros da Costa, dentro do programa de pós-graduação
em engenharia hidráulica e saneamento da EESC. Próximos passos O pesquisador planeja agora dar continuidade à pesquisa para verificar
a possibilidade de produção em larga escala do concreto. "Precisamos montar uma unidade experimental para fazermos mais análise desse concreto, que já mostrou sua
viabilidade", diz. "Será necessário também fazer um trabalho conjunto com os órgãos governamentais
que cuidam da água e do meio ambiente. Estamos atrás disso", acrescenta. "A pesquisa certamente terá continuidade. Os resultados são muito interessantes. O lodo é um problema
sério das estações de tratamento", diz. Além da questão ambiental, esse uso do resíduo também pode gerar economia na produção
de concreto. Isso porque, segundo o acadêmico, o lodo precisa apenas passar por um processo de secagem para ser incorporado
ao concreto. O pesquisador pondera, contudo, que só será possível avaliar com clareza eventuais economias quando
esse concreto for produzido em larga escala. Além disso, o reaproveitamento do lodo também reduziria custos relacionados ao descarte correto do resíduo. De acordo com Schalch, o uso do resíduo na produção de concreto não é capaz de dar conta
de todo o problema do lodo. A pesquisa da USP de São Carlos avaliou o uso de lodo na produção de concreto para calçadas.
Há outras pesquisas em curso, contudo. A própria Sabesp, por exemplo, é parceira em estudos que visam
usar o lodo na produção de tijolos. Continuidade exige parcerias Segundo Valdir Schalch, da USP, para que a tecnologia possa amadurecer na próxima etapa da pesquisa (que deve ocorrer
dentro de um doutorado) será necessário fazer parcerias com empresas de saneamento e órgãos de
controle ambiental. Propriedade intelectual Schalch diz que no momento não há o objetivo de solicitar um registro de patentear pela tecnologia elaborada,
mas que isso pode ocorrer mais adiante. Tudo irá depender de como a próxima etapa da pesquisa irá evoluir.