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Durante a Panific Show, o público teve a oportunidade de ouvir dicas de profissionais com expertise na indústria da panificação. Na mesa-redonda “Empreender é o diferencial”, eles mostraram porque vale a pena investir no negócio que leva o ‘pãozinho nosso de cada dia’ para a mesa dos brasileiros.
Cleufe Almeida, consultora credenciada ao Sebrae/PR, abriu a mesa-redonda e incentivou os industriais a continuarem inovando e empreendendo. “A crise está aí fora, mas quem não pode entrar em crise é o empreendedor”, disse. Segundo ela, as pessoas pensam que empreender é um ‘conto de fadas’.
“O empreendedor, muitas vezes, está na corda bamba, mas acredita que vai fazer o diferencial, que vai driblar a crise. O empreendedor é aquele que tem visão, que fecha os olhos e vê várias empresas abertas comercializando uma diversidade de produtos. O empreendedor busca alternativas e pessoas para atingir seus objetivos”, comentou.
Para Cleufe, os panificadores não podem ‘contrair’ duas síndromes. A primeira é a ‘síndrome da Alice no País das Maravilhas’. Na história infantil, quando o gato pergunta para Alice onde deseja ir, ela não sabe responder. “As pessoas também não sabem o que querem. O empreendedor precisa ter clareza daquilo que quer”, aconselhou.
A outra síndrome que deve ser evitada pelos empreendedores é a ‘síndrome da Gabriela’, que faz uma alusão à canção que remete à novela brasileira, que diz: “Eu nasci assim, eu cresci assim /E u sou mesmo assim / Vou ser sempre assim / Gabriela, sempre Gabriela”. Na opinião de Cleufe, os industriais que têm a ‘síndrome de Gabriela’ são resistentes às mudanças e colocam a culpa na crise.
Modelo de negócio
Flávio Esteves, diretor da Confepan, que fornece ingredientes e matéria-prima para os produtores de pães, padarias e supermercados, chamou a atenção dos participantes sobre o crescimento do ramo da panificação, que trouxe novos modelos de negócios. O primeiro engloba o segmento de pães congelados, que vende facilidade, mas que exige altíssimo investimento, para quem não tem funcionários.
O segundo representa a indústria de pães embalados - uma das maiores concorrentes das padarias tradicionais. “É um mercado ‘comoditizado’, que enfrenta a concorrência das indústrias internacionais”, destacou Esteves.
O terceiro modelo de negócio é o das padarias que vendem relacionamento. Tais estabelecimentos possuem volume menor de produção, muitos concorrentes (o faturamento passou a ser fatiado) e um alto custo, como uma indústria. “Para agregar o valor ao produto, o industrial teve que ‘glamourizar’ o ambiente. Hoje vender pão não é suficiente, é preciso vender ambiente, relacionamento, e investir em vendedores e não em balconistas. O dono da padaria acumula funções: é uma grande indústria num pequeno negócio. Qual custo disso? O custo pessoal é muito grande e exige muita dedicação”, opinou.
Lucratividade
Itamar Carlos Ferreira, presidente do SINPANP, falou sobre o cenário da panificação em Londrina. Segundo ele, em 1970 havia 70 padarias na cidade para abastecer 350 mil habitantes - uma padaria para cinco mil habitantes. Hoje, o número quadruplicou: são 350 estabelecimentos para atender 600 mil habitantes - uma padaria para cada 1.800 pessoas. Além disso, desde a década de 1970, quando o supermercado Fuganti abriu uma panificadora dentro de seu estabelecimento, o setor de panificação ganhou novos concorrentes: os supermercados.
Para Ferreira, em 1970, bastava ter um sonho, um pouco dinheiro no bolso e vontade de trabalhar. E hoje? Empreender no ramo de padaria é um bom negócio? Para o presidente do SINPANP, a resposta é positiva. “É preciso ter um sonho e dinheiro para investir, planejamento e muito trabalho. Quem quiser abrir uma panificadora precisa ter mente que irá trabalhar mais de oito horas por dia e nos finais de semanas, mas irá conseguir construir um patrimônio. O nosso ramo exige sacrifício, mas ainda é um ótimo negócio para ganhar dinheiro”, salientou.
Antonio Carlos Hodas, proprietário da Panetaria Palhano, em Londrina, também acredita que vale a pena empreender no ramo da panificação. O estabelecimento que ele comanda ao lado da esposa possui 62 funcionários e atende mais de mil clientes por dia. O segredo do casal é a diferenciação. “Trabalhamos com uma classe elitizada. Para atender este público, temos 20 balconistas à tarde. Ninguém fica na fila na minha padaria. Vendo a satisfação”, relatou.
Planejamento e gestão
Rubens Negrão, consultor do Sebrae/PR em Londrina, acrescentou que o papel das entidades é antecipar os passos do empreendedor e ajudá-los a tomar uma decisão. De acordo com ele, vários motivos levam a empreender e os interessados a trabalharem como o ‘próprio patrão’ devem analisar seu comportamento e perceber se há compatibilidade com a atividade que deseja empreender.
“As pesquisas do Sebrae/PR sobre fechamento de empresas mostram que um dos sintomas dos empresários é a falta de comportamento empreendedor. Isso acontece quando as pessoas que abriram um negócio não passaram pela fase do autoconhecimento. O segundo motivo é a falta de conhecimento prévio, como a elaboração de um planejamento, a análise de mercado e da concorrência, por exemplo. O terceiro é a falta de gestão. Tudo passa pela gestão: o atendimento ao fornecedor, a contratação do funcionário e as estratégias de marketing que vão ser adotadas para aumentar as vendas. Os empreendedores precisam pensar diferente e inovar, vender o ambiente, investir em mesas compartilhadas e internet gratuita, por exemplo, para atrair o consumidor”, sugeriu Negrão.