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Para os empresários que dependem do trigo, o ano de 2013 foi bastante conturbado. Na comparação com a média de preço de 2012, houve um aumentou de 70% desse insumo em grão. A grande dúvida é se, em 2014, o preço continuará a subir. Segundo o presidente do conselho deliberativo da Abitrigo, Marcelo Vosnika, o problema começou em 2012, com a queda de produção do milho americano. “Com isso, nos EUA foi usado o trigo em substituição, e assim faltou trigo no mercado internacional”, explica Vosnika.
“Além disso, por problemas políticos, esse ano a Argentina plantou muito pouco e, no Brasil, houve perda do trigo do Rio Grande do Sul. No Paraná, o trigo também perde área para o milho safrinha. Dessa forma, primeiro subiu o preço lá fora e depois ainda faltou trigo do nosso mercado interno, o que gerou um grande aumento de preço”, resume.
Em 2014, o presidente do conselho deliberativo da Abitrigo acredita que a situação continuará complicada. “O mercado internacional estará mais acessível, mas o trigo continuará chegando caro. Ao mesmo tempo, nossa safra já perdeu muito com geadas. Por outro lado, como o preço já está alto, não creio que há uma tendência de um aumento maior. Entretanto, também não há muito espaço para o valor cair.”
Impacto na indústria
Um dos diretores da Romanha Indústria de Alimentos, César Kulpa está
atento a essa situação. Em 2013, por conta do aumento do preço do trigo, a partir do segundo semestre
do ano sua empresa sofreu impactos significativos.“A rentabilidade se perdeu. Nós não conseguimos repassar
todo esse aumento do trigo nos preços, então o que buscamos fazer é enxugar nossas despesas para suportar
isso”.
Sócio diretor da Ninfa Indústria de Alimentos, Ricardo Zadnello relata um problema semelhante.
“É muito complicado repassar o aumento no preço dos produtos, então é preciso fazer manobras
nas áreas de custo. Quanto maior o mix de produtos disponíveis, mais é possível suportar isso
de uma maneira melhor. Mas a maioria das empresas, como nós, teve que mexer nas margens de lucro”, conta.
Perspectiva para 2014
Zadnello defende que o Brasil deveria dar mais incentivo aos triticultores. “Hoje
temos 11 milhões de toneladas consumidas no país, sendo que a maioria desse trigo vem de fora. Com isso, não
existe uma regularidade de preço ao longo do ano”.
Para 2014, ele e Kulpa esperam que haja um aumento
do plantio e uma estabilização de preço. “Porém, acredito que ainda vamos sofrer muito com
esse problema crônico. Talvez uma das formas para se lidar com isso seja estabelecendo mais parcerias com fornecedores”,
opina Zadnello.