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O posicionamento do algodão brasileiro em relação à nova realidade mundial foi um dos temas mais debatidos durante o 10º Congresso Brasileiro do Algodão, realizado em setembro em Foz do Iguaçu. A conclusão dos participantes do evento é que o Brasil precisa se adequar às mudanças no padrão de consumo, na produção, nos preços e na comercialização para não perder espaço.
Um dos debatedores do evento, José Sette, diretor-executivo do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac, na sigla em inglês), afirmou que estão entre os desafios do algodão brasileiro aumentar a demanda e a produtividade, mantendo o preço do algodão competitivo no mercado em relação a outros tipos de fibras.
Ele afirmou que o algodão hoje possui um consumo de cerca de 24 milhões de toneladas por ano e a previsão do Icac para a demanda mundial nos próximos anos é de crescimento. O setor de avançar cerca de 2% ao ano até 2020.
Para que esse aumento de consumo seja mantido também no Brasil, o diretor-executivo aposta na criação de ações em parceria com indústrias têxteis e lojistas. “Temos que promover a conscientização sobre a fibra e realçar atributos positivos do algodão. Temos o exemplo do Selo de Pureza da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), que triplicou o consumo de café em poucos mais de 10 anos”, destacou.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, comentou que a entidade está preparando uma campanha de marketing na qual irá impulsionar o consumo interno. “Iremos mostrar para os brasileiros a qualidade do nosso algodão, o conforto, principalmente para as classes mais baixas, como a classe C, que costumam olhar mais o preço e não a qualidade”, disse.
Qualidade
A necessidade de avanço na qualidade também foi alvo de debates em vários painéis e palestras. Durante o evento, o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Antonio Esteve, enfatizou que a qualidade do produto é fundamental para o aumento das exportações e que neste quesito o Brasil ainda tem grandes dificuldades. “A resistência da nossa fibra é boa, mas a variação dentro de um mesmo lote é muito grande e isso é importante para as indústrias têxteis”, explicou.
O caso foi exemplificado por outro participante, Antonio Fabelo, representando a indústria nacional. Ele atua na mineira Indústria Cataguases e contou que, embora situada no Brasil, a empresa precisa suprir parte de sua demanda pela importação. “Há uma limitação do algodão brasileiro nos fios mais finos que 50 Ne. Nossos tecidos são usados para fazer roupas leves e roupas de cama de alto valor agregado”, explicou.
O palestrante informou que sua empresa trabalha com o algodão brasileiro até 40 Ne. A partir daí, ocorre a importação de matéria-prima do Egito, Israel e Espanha, entre outros. “Nós precisamos de fibras longas”, disse, indicando uma razão prática: o famoso caimento do tecido. “Ele é afetado pelo comprimento da fibra. A fibra média, basicamente a brasileira, tem caimento inferior ao da fibra longa, que é a que nos interessa. A longa também tem mais brilho. O fio é mais sedoso, tem menos porosidade”, esclareceu.
Com informações da assessoria de imprensa do evento