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A união é necessária para que o setor têxtil possa superar um momento de dificuldade. A afirmação é do presidente do Sinditêxtil-PR, Nelson Furman, que avalia que o segmento vem atravessando um momento muito difícil em função principalmente da perda da competitividade da indústria nacional. Em entrevista ao Boletim da Indústria, o presidente argumenta que é preciso reverter o cenário que impossibilita a indústria brasileira de concorrer, apesar do produto de alta qualidade.
“Nós tivemos um ano em que a Copa do Mundo nos atrapalhou e em que a disputa eleitoral também pesou nas expectativas dos empresários. Vimos muitas empresas do setor fecharem as portas, do setor têxtil e de malharia retilínea. Vimos várias também partirem para produzir fora do Brasil a custos menores e isso nos entristece”, avaliou.
Para Furman, uma das principais dificuldades é a concorrência desleal com o produto importado. “Temos um sistema de entrada de peças confeccionadas muito grande. Até setembro, segundo a Abit, ingressaram no país 300 milhões de peças prontas pelos aeroportos”, alertou.
O presidente alega que o desejo do setor produtivo, no entanto, não é de protecionismo e sim de condições de competitividade. “A questão não é fechar as fronteiras brasileiras. Nós precisamos sim de igualdade de condições para competir com países como a Turquia e a China. Não me refiro a condições exatamente iguais, a qualquer preço. Mas, proporcionar à indústria brasileira um pouco mais de igualdade de condições. Produzir no Brasil é muito caro, com uma legislação trabalhista do século passado”, comentou.
Como exemplo, o presidente cita a multa de 10% sobre o FGTS nos casos de demissão. “Nós temos uma legislação que penaliza o empregador quando ele demite. Mas, hoje, não há demissões a não ser em casos extremos, dada a disputa por mão de obra, ou seja, essa legislação não tem sentido em existir”, explicou Furman. A única saída possível para o impasse está na mobilização e na exigência de que o governo federal se posicione de forma mais propícia ao desenvolvimento e permita caminhos seguros para a economia.
Da perspectiva da atuação sindical, o presidente enumera algumas das principais ações realizadas neste ano. “Nós realizamos a oficina de Moda e Tricot, uma tentativa de dar mais notoriedade ao setor. Procuramos fazer parcerias no âmbito da legislação tributária, parcerias com o Senai, Sesi e Sebrae, agarrando por todos os flancos, buscando benefícios para as indústrias do setor e lutando por uma situação mais confortável. Além disto, contratamos uma empresa para fazer análise de mercado, mas, infelizmente, chegamos à conclusão de que é inviável produzir no Brasil se nada mudar”, declarou. “Diante disto tudo, precisamos nos organizar. Os trabalhadores estão unidos. E os empresários? É necessária a participação, a união da indústria para buscar saídas”, disse.