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Movimento, contudo, ainda é recente e precisa de maturação na indústria
Mariana Celle
Tecidos com proteção contra raios ultra-violetas, repelentes a sujeira, anti-fungos e com secagem rápida são alguns dos produtos desenvolvidos pela indústria têxtil brasileira atualmente.
Isso mostra que é com inovação que as companhias nacionais tentam se diferenciar da concorrência competitiva chinesa. "As empresas têm investido em tecnologia e trocado os equipamentos, mas ainda falta organização e fomento para se direcionar recursos de forma planejada para esse mercado", diz Silvyo Napoli, gerente de tecnologia do Sinditêxtil de São Paulo.
"Há tecidos que promovem a bio estimulação local, que melhoram a microcirculação sanguínea e a elasticidade da pele reduzindo os sinais de celulite e aumentando o desempenho esportivo ao diminuir a fadiga muscular do atleta, por exemplo", conta Fabiana Marques, gerente de marketing da Affiniti Berlan, fabricante de tecidos.
Outra tecnologia para tecidos está vinculada à cadeia alimentar do bicho-da-seda. "É possível tratar a folha da amoreira da qual o bicho se alimenta para que, quando ele eliminar o material do qual será feito a seda, este tenha uma série de qualidades, entre eles uma absorção maior da tintura, por exemplo", afirma Napoli.
Hoje, as soluções desenvolvidas pelas empresas no Brasil são diversas, mas as companhias lamentam a carência de iniciativa pública para acelerar o processo. "Não sou a favor da presença do estado em todas as instâncias, mas é preciso um impulso inicial", afirma Nina Braga, diretora executiva do Instituto E, desenvolvedor de tecidos sustentáveis para grifes como a brasileira Osklen.
A marca está presente em quatro continentes atualmente e, embora tenha boa aceitação externa de seus produtos feitos a partir desses tecidos, para equiparar essas vendas aos convencionais ainda será necessário um longo percurso. "A Osklen é uma das marcas que facilita a divulgação dos tecidos sustentáveis e com outras tecnologias, mas, na exportação, embora a marca tenha seu valor agregado, com a nossa moeda valorizada, o preço não é competitivo", diz Nina.
Concorrência Seja dentro ou fora do Brasil, a concorrência com os produtos convencionais dificulta a propagação de tecidos sustentáveis ou com dispositivos tecnológicos, que exigem mais investimento em inovação e desenvolvimento.
"O Brasil tem sofrido uma competição desigual lá fora e mesmo que trabalhássemos somente o mercado interno seria complicado, pois por enquanto, apenas uma pequena parcela da população pode adquirir os tecidos que ainda têm preços altos", afirma Napoli.
Países como o Japão, a China, Coreia do Sul, na Ásia, e Alemanha e Itália, na Europa, são considerados alguns dos mais avançados tecnologicamente.
"Quanto à ação sócio ambiental, que também exige alta tecnologia, os ingleses têm demonstrado mais preocupação, com crescimento de 25% ao ano no consumo deste tipo de produto", diz Nina citando dado apurado em 2010.
Para ela tal atitude foi impulsionada pelo "questionamento dos consumidores quanto às condições de
trabalho e à poluição durante a fabricação dos tecidos convencionais".
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Disputa com os produtos convencionais ainda é desafio a ser vencido pelos tecidos sustentáveis.