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Gestão firme e criatividade para crescer durante a crise

30 de maio de 2011

Têxtil: Fabricantes superam cenário adverso e recuperam vendas e lucro

Júlia Pitthan

Aumento do preço do algodão, competitividade dos importados asiáticos, câmbio desfavorável para as exportações. É longo o rosário de dificuldades que o setor têxtil vem desfiando nos últimos anos. Mas, como em todos os momentos de crise, as empresas buscam alternativas e são vários os exemplos que companhias que conseguem não só sobreviver, mas crescem e investem.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), de janeiro a março deste ano houve queda de 7,12% na produção do setor em comparação com 2010, período em que a atividade industrial do país cresceu 4,58%. Aliado à diminuição do ritmo de produção, a balança comercial do setor apresentou um déficit de US$ 1,52 bilhão no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, 44,5% a mais do em 2010. Ainda segundo a Abit, as importações do período representaram US$ 1,98 bilhão, 33,1% acima do ano passado, enquanto as exportações cresceram apenas 5%, chegando a US$ 463 milhões.

Como outras fabricantes do setor, a centenária Döhler, de têxteis para o lar, também sentiu os reflexos da queda nas exportações. Em 2009, depois de um lucro de cerca de R$ 6,6 milhões no ano anterior, sofreu uma forte queda no resultado, reduzindo para R$ 4,8 milhões. Mas já em 2010 a empresa deu uma guinada. No ano passado, praticamente triplicou o resultado, somando R$ 12,3 milhões de lucro no período. O ano também foi de crescimento nas vendas, que passaram para R$ 246,6 milhões, um aumento de cerca de 20% em relação a 2009.

Segundo Carlos Alexandre Döhler, diretor comercial da empresa, o resultado foi o reflexo de uma política comercial agressiva e uma gestão industrial criativa. A empresa resolveu adotar o sistema de manufatura enxuta desde o fim de 2008 - o processo de produção cuja Toyota tornou notório e que prevê a redução de sete tipos de desperdício. Segundo Döhler, alguns resultados já são notados, mas a implantação do programa deve levar cerca de oito anos para ser concluído.

Como estratégia comercial, a Döhler decidiu reposicionar o seu produto em relação ao consumidor brasileiro. Atenta ao movimento de aumento do poder de consumo das populações das classes C e B, a empresa retomou as atenções para o mercado nacional e reduziu os preços dos produtos para aproximá-los dessa faixa de consumo. Segundo o diretor comercial, o desafio foi manter a qualidade do produto e conseguir oferecer valores mais competitivos.

Além disso, a fabricante tratou de se aproximar desse público com estratégias de marketing inovadoras. Com o Momento Döhler, onde reúne cerca de mil consumidoras em diversas cidades do país para uma tarde de artesanato e troca de experiências. O evento já foi realizado em Belo Horizonte, Terezina, Palmas, Campo Grande e Ribeirão Preto e deve acontecer em Brasília em breve. Segundo o executivo, o objetivo é colocar a empresa em um contato mais direto com o consumidor final.

Com as estratégias, a Döhler passou de um volume de fabricação de 600 toneladas, em janeiro de 2009, para 1.150 toneladas no começo deste ano. O aumento da produção já exige investimentos da companhia. Uma nova tinturaria, em Joinville, está em fase de terraplenagem e o projeto de uma nova tecelagem deve ser concluído em breve, adianta o diretor.

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