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Pesquisa do IBGE mostra disparidade no mercado de trabalho em favor dos trabalhadores do sexo masculino e com maior instrução
Daniela Amorim
Os trabalhadores com curso superior recebem salário 225% superiores aos dos empregados que não concluíram a faculdade. A larga margem na diferença de rendimento por nível de escolaridade foi comprovada pelos dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com base em dados de 2009.
Pela primeira vez o IBGE incluiu na pesquisa as diferenças entre gêneros e instrução dos trabalhadores. "O estudo mostra a importância da educação em termos de retornos salariais", afirma Denise Guichard Freire, gerente do Cempre. "As diferenças são significativas em todos os setores, mas principalmente na indústria, muito mais do que no comércio."
A pesquisa comprova que os homens ganham mais do que as mulheres, mas a diferença caiu para 24,1%. O salário médio mensal pago pelas empresas de todo o País em 2009 foi de R$ 1.540,59 ou 3,3 salários mínimos. Os homens receberam, em média, R$ 1.682,07, ou 3,6 salários, enquanto que as mulheres receberam R$ 1.346,16, ou 2,9 salários.
Entre os 40,2 milhões de trabalhadores assalariados, 83,5% não tinham nível superior. No entanto, a fatia dos que concluíram a faculdade concentrou 39,7% da massa salarial, ou R$ 310,6 bilhões. "Os trabalhadores com diploma universitário são mais qualificados, portanto mais difíceis de substituir, por isso têm salário melhor", analisa Ruy Quintans, professor de Economia Empresarial do Ibmec-RJ.
A presença masculina foi marcadamente maior do que a feminina nas empresas de grande e médio porte, onde os homens eram 68,2% da força de trabalho, contra 31,8% de mulheres. De cada dez trabalhadores, sete são homens.
Comportamento. O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza, ressalta que a oferta de mão de obra entre homens e mulheres é a mesma. A diferença na proporção de empregados pode ser explicada por um padrão de comportamento antigo, repetido pelas empresas até hoje.
Apesar de representarem apenas 0,4% do total de empresas e organizações listadas no Cempre, as grandes companhias absorvem 42,6% do pessoal assalariado. Elas concentram a maior quantidade de empregados com diploma universitário: 57,7%, sendo que um em cada cinco está empregado na indústria da transformação.
Em 2009, apenas três atividades econômicas foram responsáveis pela criação de 65,7% dos novos empregos. O setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas gerou 373,9 mil novas vagas; construção contratou 246,8 mil pessoas; enquanto atividades administrativas e serviços complementares captou 193,8 mil funcionários.
A indústria de transformação ficou em 9º lugar na geração de empregos, depois de ter ocupado a primeira colocação em 2007 e a terceira em 2008. Um dos motivos foi a crise financeira que começou no fim de 2008.
Patamar
DENISE GUICHARD FREIRE
GERENTE DO CEMPRE
"As diferenças são significativas em todos os setores, mas principalmente na indústria, muito mais do que no comércio."