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Pesquisadores do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência e Tecnologia, estão
aplicando cinzas de carvão mineral no tratamento de metais de efluentes aquosos que podem alcançar corpos hídricos,
de forma a reduzir o impacto no meio ambiente.
'Uma das preocupações que a gente tem aqui é minimizar
os impactos ambientais, fazendo um trabalho em duas frentes: buscar a redução da quantidade de efluentes líquidos
gerados e fazer o tratamento desses efluentes que contêm metais em solução", disse à Agência
Brasil o chefe do Serviço de Tecnologias Limpas do Cetem, Paulo Sérgio Moreira Soares.
Ele explicou que
é feito primeiro um tratamento químico sobre os efluentes. Na segunda etapa do tratamento, um dos métodos
possíveis para fazer a remoção dos metais pesados é utilizar cinzas da queima do carvão
mineral. "Os metais ficam retidos nas cinzas". O objetivo é que os efluentes finais não tenham uma concentração
de metais superior à permitida pela Resolução número 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama) para o lançamento de efluentes em corpos líquidos, informou o pesquisador.
Moreira Soares disse
que o uso dessas cinzas no tratamento de efluentes aquosos ficou mais atraente. Há minerações de carvão
geralmente próximas das instalações que utilizam o carvão e produzem cinzas como rejeito sólido
da operação. As usinas termelétricas, por exemplo, queimam carvão para gerar energia elétrica.
Ele
esclareceu que as cinzas de carvão têm a propriedade, quando colocadas na segunda etapa de tratamento, de remover
os metais que ainda restam, depois que os efluentes passaram por uma etapa primária de tratamento. "As cinzas têm
a vantagem de capturar os metais, impedindo que os efluentes aquosos alcancem o corpo hídrico com a presença
desses metais", lembrou. As cinzas do carvão, se não forem usadas para reduzir o impacto ao meio ambiente, são
descartadas ou aplicadas na indústria de cimento.
O trabalho do Cetem com o uso ambiental das cinzas obteve
a patente Processo para Remoção de Manganês e Outros Metais Presentes em Baixas Concentrações
em Efluentes Industriais, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A patente foi expedida no dia 24 de julho
deste ano.
Soares observou, entretanto, que nada impede que as cinzas de carvão mineral sejam usadas para o
tratamento de efluentes líquidos em outras instalações, além de minerações. Atividades
como as indústrias químicas, minerais e metalúrgicas podem também se beneficiar do processo, "desde
que seja economicamente viável pelo transporte das cinzas para outro local", salientou. A aplicação do
produto se dá no local onde haja efluentes gerados pela queima de carvão mineral, explicou. Uma indústria
instalada próximo de onde a cinza é gerada tem maior economicidade no processo.
Os pesquisadores do Cetem
estão se dedicando agora à modificação química das cinzas de carvão para que elas
possam ser ainda mais eficientes na captura dos metais pesados nos efluentes. A ideia, sustentou Soares, é "otimizar
esse processo". Ele pretende buscar uma patente dessa nova fase do trabalho até o fim do ano.