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Processo de adaptação a um cenário diferente

28 de setembro de 2011

Sem condições de competir lá fora, as empresas investem para atender à demanda interna

A indústria de materiais de construção e decoração concretiza seus projetos de expansão no mercado doméstico brasileiro, mas no plano externo o sentimento é de frustração. Segundo avalia Melvyn Fox, presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Material de Construção (Abramat), houve uma inversão na balança comercial brasileira na área de materiais de construção e decoração nos últimos dois anos.

O quadro reflete uma conjuntura em que as importações estão crescendo e as exportações declinando. Fox comenta que o setor saiu de um superávit histórico e agora revela um déficit na balança. A seu ver, essa situação reflete a baixa competitividade da indústria brasileira. "Sem falar, é claro, no câmbio", observa, acrescentando que o país tem os encargos mais altos do mundo e pesados custos de energia. "Isso faz com que a indústria perca em termos de competitividade para os produtos de concorrentes internacionais, principalmente os dos chineses", explica Fox. "As empresas do setor nunca tiveram nas exportações um peso maior do que 6% no total de sua receita, mas, agora, caíram drasticamente "

Só para ilustrar a análise de Fox, a Duratex - que aparece em 46° lugar no ranking das Multinacionais Brasileiras - diminuiu seu índice de internacionalização de 3,1% em 2009 para 2,3% em 2010. Na visão de Flávio Donatelli, vice-presidente financeiro da Duratex, a operação no mercado internacional está abaixo da performance histórica. "Hoje as nossas exportações são responsáveis por apenas 4% do faturamento, mas já representaram entre 16% e 18% do total da receita."

Há razões para a mudança desse panorama que certamente não podem ser menosprezadas: o mercado interno brasileiro cresceu bastante e vem consumindo, no caso da Duratex, toda a capacidade de produção da companhia. "A maior parte do resultado dos investimentos que a empresa tem feito em sua capacidade de produção tem sido absorvida pelo mercado interno. "As vendas domésticas dos produtos da Duratex têm crescido a taxas duas a três vezes maiores que as da expansão do PIB brasileiro", informa Donatelli.

Além de reclamar contra a atual política de câmbio, que desestimula as exportações brasileiras do setor, Donatelli observa que as economias internacionais não estão crescendo. Ao contrário, estão mais perto de uma recessão do que de expansão. "Houve uma redução muito grande de demanda no mercado externo."

A Duratex tem presença no mercado internacional de longa data e conta com centros de distribuição de seus produtos na Europa (Bélgica), Estados Unidos (Carolina do Norte), além da produção de metais na Argentina. Segundo o executivo, a linha Deca - de artigos de madeira,louças e metais sanitários - tem produtos modernos e custos competitivos, mas a variação do dólar atrapalha a concorrência no mercado internacional. "Mesmo em painéis de madeira temos produtos muito competitivos", frisa. "Se o câmbio fosse melhor e houvesse redução nos custos dos fretes, conseguiríamos alcançar escala e aumentar um pouco mais as nossas exportações."

Diante dessa tendência, a Duratex concentrou-se em investimentos para atender ao mercado interno. Em 2008, foram investidos R$ 900 milhões; em 2009, cerca de R$ 430 milhões; em 2010, R$460 milhões; e a previsão é atingir R$ 800 milhões ao longo deste ano. "O programa de investimentos da Duratex na sua divisão de madeira florestal da Deca é de R$2,5 bilhões até 2014", revela Donatelli.

Ele acredita que os bons resultados no campo doméstico justificam esse movimento de expansão. O faturamento atingiu R$ 2,742 bilhões em 2010, mais do que em2009, que registrou R$1,930 bilhão. E por conta do ganho de escala, o lucro subiu 160%: passou de R$ 181 milhões para R$467 milhões.

De acordo com o executivo, a tendência é de fortalecimento do mercado interno, especialmente da demanda de produtos para a construção civil, através da Deca e da divisão de painéis. "As atenções maiores para a área de madeira levaram a empresa a anunciar grandes investimentos. em duas novas plantas, o que vai aumentar a capacidade em 36%."

Uma das novas unidades fabris, que produzirá chapas de libra de madeira de média densidade a partir de pinus de reflorestamento (MDF), será erguida em Itapetininga, interior de São Paulo. Vai consumir um investimento de R$ 482 milhões e terá capacidade de produzir 520 mil metros cúbicos de MDF por ano. Deve ficar pronta em 2012.

A segunda planta, que deverá estar concluída no final de 2014, terá capacidade para produzir 800 mil cúbicos de MDF. "Conseguimos aumentar muito nossa presença depois da incorporação da concorrente Satipel, em 2008", explica Donatelli.

Também a Cerâmica Portobello, uma das maiores empresas do setor de revestimento cerâmico brasileiro, executa um programa de investimentos no mercado interno para compensar a diminuição de negócios no plano internacional. A empresa, que aparece em 47° lugar no ranking das Multinacionais Brasileiras, saiu de um índice de internacionalização de 6% em 2009 para apenas 1,2% em 2010.

No ano passado, foram investidos R$ 15 milhões em novos equipamentos para ampliar em 13% a produção mensal da companhia. O esforço está sendo bem recompensado. De acordo com a Abramat, a Portobello registrou em 2010 um crescimento de 37% nas vendas no mercado interno, enquanto a média nacional no setor da construção civil foi de expansão de 19%. O crescimento sobre a receita operacional líquida total foi de 35%. A empresa encerrou 2010 com R$ 511 milhões, ante os R$ 308 milhões de 2009, atingindo um novo recorde anual. O crescimento do lucro bruto foi de 55%: R$ 163 milhões em 2010, em relação aos R$ 105 milhões de 2009.

Segundo fontes da Portobello, o bom desempenho da construção civil brasileira contribuiu para o aumento da produtividade e redução de custo, substituição de equipamentos por outros de maior produtividade,lançamento de produtos inovadores, redução do portfólio com vistas a maior produtividade, concentração das exportações em mercados mais rentáveis, terceirização da fabricação de produtos de menor margem e aumento das vendas nas lojas franqueadas. A soma desses fatores se refletiu na eficiência operacional da companhia e no aumento da rentabilidade. O volume total de vendas foi de mais de23,5 milhões de metros quadrados em2010, 33% superior aos 17 milhões vendidos em 2009.

Segundo Mauro do Valle, diretor comercial da Portobello, além de a empresa ter priorizado o mercado interno em 2010, na área de exportação "focamos os mercados mais rentáveis e descontinuamos nossa subsidiária norte-americana, cujo mercado passa a ser atendido por revendas".

O volume produzido no quarto trimestre de 2010 foi 29% maior em relação ao mesmo período do ano anterior, devido principalmente à instalação, no primeiro semestre, de uma nova linha de produção na fábrica de porcelanato esmaltado, cujo reflexo imediato foi um ganho de eficiência e qualidade. "Nossas demais unidades também obtiveram ganhos de produtividade", informa Valle. Ele conta que houve investimentos em sistemas de gestão fabril, reorganização dos programas de produção e manutenção e otimização do portfólio de produção."Essas aplicações permitiram custos menores e maior lucratividade por unidade vendida."

Com a nova linha de porcelanato esmaltado, o volume de produção da Portobello cresceu 18% e ultrapassou 22 milhões de metros quadrados, em relação aos 18 milhões produzidos em 2009. A empresa encerrou o ano com um quadro de pessoal formado por mais de 2,5 mil profissionais.

Para Michel Otte, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração (Abimad), as chances das empresas brasileiras desse segmento alcançarem uma participação mais significativa no plano internacional estão hoje mais reduzidas pela falta de competitividade.

O dirigente cita, para traçar uma base de comparação, o exemplo do custo da mão de obra no Brasil e no Vietnã - este, atualmente, um grande produtor de móveis de madeira maciça. "Hoje, no ramo moveleiro, o custo da mão de obra brasileira é dez vezes maior que o da vietnamita ", diz, acrescentando que incentivos à modernização, automação e políticas de financiamento a taxas subsidiadas poderiam representar um grande ganho para o setor moveleiro brasileiro.

 

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