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Embora seja difícil encontrar números gerais que demonstrem a informação, é sensível aos empresários que o setor enfrenta uma grande rotatividade da mão de obra, principalmente entre os funcionários mais jovens. Ou seja, a indústria contrata e treina, mas o profissional segue logo em busca de uma nova oportunidade, o que prejudica a produção, pois é necessário encontrar e capacitar um novo profissional para substituir aquele que deixou a empresa.
O diretor superintendente da Pressure Compressores, Abílio Teles, aponta as próprias características da geração de jovens ingressantes no mercado de trabalho como uma das causas do problema. Segundo ele, é possível observar que esses novos profissionais têm menor comprometimento, estão em constante busca e valorizam mais a remuneração financeira imediata do que a estabilidade e benefícios.
Ele explica que observa na própria empresa diferentes grupos de profissionais. O primeiro é formado por aqueles que já estão há mais de dez anos empregados e que desenvolveram um forte laço com a companhia, valorizando benefícios e estabilidade. O segundo grupo é do profissionais que têm entre três e nove anos de empresa. Nesta situação, eles podem buscar novos desafios, mas irão avaliar com mais cuidado a troca de emprego, pesando melhor nos prós e contras.
Para Teles, o grande problema da rotatividade está em um terceiro grupo, composto por trabalhadores com até três anos de casa. “Neste caso, o profissional está bastante vulnerável e é atraído por setores, como o de serviços, que oferece salários similares, mas em ambientes mais agradáveis, incluindo os dos shoppings centers e ambientes urbanos”, explicou.
Outro grande problema, na opinião do empresário, é a informalidade. Ele alerta que as indústrias, além de pagar os salários dos empregados, ainda necessitam oferecer diversos benefícios, têm alto custo e preocupação com a segurança dos trabalhadores, isso sem falar na grande quantidade de encargos. “Simplesmente não há como concorrer com a informalidade. Sem nenhum destes custos, a empresa informal oferece um salário melhor e, infelizmente, o trabalhador jovem não está preocupado com sua segurança, com a aposentadoria, Fundo de Garantia e com benefícios. Muitos jovens são bastante imediatistas e se satisfazem em receber uma remuneração pecuniária pouco maior”, afirmou.
A distância do local de trabalho também é um ponto sensível. O diretor comenta que as indústrias acabam sendo construídas em áreas um pouco mais distantes dos bairros residenciais, o que acaba desestimulando os trabalhadores em função do deslocamento.
Soluções
Se o problema existe e não há como negar, a indústria também busca cada vez mais soluções. Para Abílio Teles, essa solução passa por diversos níveis, incluindo fiscalização da informalidade, ações dos empresários e educação.
No aspecto mais imediato, as empresas vêm atuando fortemente na melhoria dos ambientes de trabalho. “Com o passar do tempo, as indústrias passaram a oferecer benefícios, na tentativa de fazer com que os profissionais gostem do ambiente de trabalho. Entre eles, a oferta de café da manhã e almoço - elaborados por empresas especializadas com grande qualidade -, plano de saúde e muitos outros benefícios. Se analisarmos as correções salariais que ocorreram nos últimos anos, também vamos perceber que estão bem acima do índice de inflação, melhorando os salários”, contou.
No caso da Pressure, além destes benefícios, a companhia conta com o auxílio de psicólogos para compreender quais os interesses e necessidades dos trabalhadores, oferecendo também mudanças no ambiente e atividades motivacionais e de valorização dos profissionais. “O segredo é entender a cabeça dos funcionários e promover um ambiente que seja agradável para eles. Precisamos aprender a conviver com estes trabalhadores, com a realidade deles, da juventude, que envolve as redes sociais e a tecnologia. É fazer com que eles gostem do que estamos fazendo. Esse é o desafio”, disse.
Para o empresário, também é necessária uma mudança cultural. “Um garoto de 18 anos da atualidade aprendeu a jogar videogame e ficar no computador. Ele é extremamente individualista, não convive com um grupo de pessoas, não está acostumado a receber ordens e cobranças e este é um momento difícil. Quando ele escuta o barulho da indústria, o cheiro da indústria, é muito difícil enfrentar a concorrência com um ambiente de shopping”, contou.
Para reverter a situação, Teles aposta que é preciso envolver os estudantes desde a escola e mostrar um outro lado das indústrias. “É preciso fazer trabalho de base, mostrar na escola o nível de conhecimento e de tecnologia que é aplicada na indústria e de como ele pode expandir seu intelecto nesse setor, além de todo o espaço que ele terá para crescer, todas as oportunidades, para incentivar o interesse”, finaliza.