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A saúde do trabalhador recebe cada vez mais atenção da indústria. O foco da preocupação não pode estar apenas com as doenças físicas, mas também com aquelas que afetam a saúde mental, como a depressão. Este mal ocupa a terceira posição entre as doenças que mais provocam afastamento de funcionários.
Assim como outras doenças, a depressão traz consequências sérias para o funcionário e, necessariamente, para o empregador. “As desordens de saúde mental e os fatores psicossociais, como o abuso de álcool e outras drogas, trazem impactos como faltas, custos para o cuidado com a saúde curativa, aquela que não é preventiva, assim como treinamentos e substituição de mão de obra”, destaca Rodrigo Meister, gerente de projetos do Sesi Paraná.
Além das faltas, a depressão tem a característica de afetar a produtividade mesmo quando o empregado cumpre seu horário. “Existem estudos que indicam que o presenteísmo (quando o trabalhador está no seu posto de trabalho e não produz) causado pela depressão gera custos de até três vezes mais do que as faltas e afastamentos”, completa Meister.
A depressão é uma doença com muitas facetas e pode estar relacionada com a vida pessoal. O médico Drauzio Varella, que em agosto de 2014 proferiu palestra sobre o assunto dentro do programa Cuide-se+, desenvolvido pelo Sesi Paraná, acredita que o stress e as preocupações fora do ambiente de trabalho são os principais causadores da depressão.
“No mundo moderno, cada um de nós tem um número muito grande de papéis para exercer. Como a gente não consegue exercer todos de forma perfeita, temos um stress permanente. Você precisa estar o tempo todo resolvendo problemas, então a vida vira uma resolução de problemas e nada mais, porque não sobra tempo para mais nada”, avaliou o médico, em entrevista à A Indústria em Revista e à TV Fiep, veículos de comunicação do Sistema Fiep.
Apesar disto, a indústria não pode ignorar o problema. “A depressão também envolve fatores pessoais, além dos organizacionais. As indústrias têm que entender que a vida do trabalhador pode afetar muito esta questão e tratá-la não só intramuros, mas em um contexto de percepção ampla da necessidade humana dos trabalhadores industriais. A abordagem deve ser sistêmica no sentido de, além de realizar o controle dentro da indústria e sua relação com o trabalhador, também dar oportunidade e informação que possam auxiliar nos controles externos”, salientou Meister.
Prevenção
A orientação e a conscientização são as formas mais eficazes para evitar a depressão e o impacto dela na empresa. O assunto deve ser tratado com os trabalhadores de maneira preventiva. Para isto, é necessário que os líderes e demais funcionários estejam sempre atentos às alterações de humor e desempenho dos trabalhadores.
A intervenção do setor industrial passa pela garantia de um ambiente de trabalho saudável. No entanto, para Varella, não existe uma única regra para isto. “Depende se você tem trabalhadores mais jovens, trabalhadores mais velhos. Cada ambiente de trabalho tem uma situação que precisa ser entendida pelos profissionais que cuidam disso”, ressaltou.
De acordo com Meister, a diminuição do impacto da depressão na produtividade depende de vários fatores. “A solução carece, além das indústrias e dos trabalhadores, de uma ação concreta da sociedade e do poder público frente a alguns fatores, como a falta de segurança social e criminalidade”.