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Pesquisadores da Embrapa estão trabalhando no desenvolvimento de plantas de erva-mate com teores conhecidos de cafeína e outros componentes de interesse, como teobromina e compostos fenólicos (antioxidantes). "Plantas com índices de cafeína acima de 2,0% já são consideradas com alto teor da substância e, em nossas pesquisas, encontramos plantas que apresentam naturalmente índices de até 3,0%", revela a pesquisadora Cristiane Helm, da Embrapa Florestas. Assim, os mercados de alimentos, cosméticos e detergentes podem ser novas opções ao setor ervateiro.
O estudo também descobriu que a genética da planta é responsável por 60% desse tipo de característica. "Trabalhamos, agora, para identificar as condições ambientais que completam este potencial", explica o pesquisador Ivar Wendling, também da Embrapa Florestas.
De acordo com ele, com algumas ações de manejo e cultivo diferenciado, é possível obter plantas com mais de 5% de cafeína. Além da cafeína, do grupo das metilxantinas, encontradas em diversas plantas e que são uma das responsáveis pelo sabor amargo e pelo efeito psicoativo, também tem destaque na erva-mate a teobromina. Além disso, compostos fenólicos, como os flavonoides, compõem a pesquisa.
Essas descobertas podem revolucionar o sistema de produção da erva-mate e a forma de consumo, pois abrem caminho para uma variada gama de novos produtos. Existe potencial para desenvolvimento em diferentes frentes: da cafeína, com bebidas e alimentos energéticos ou descafeinados; da teobromina, com produtos como relaxantes musculares, diuréticos e vasodilatadores; e com compostos fenólicos, os flavonoides, que são antioxidantes e podem trazer benefícios para a saúde, além de aprimorar a composição nutricional e sensorial dos alimentos, bem como ajudar em sua conservação.
Outra linha promissora que começa a ser pesquisada é a da saponina, utilizada em produtos de limpeza e em rações para animais. Em todas essas áreas, o uso da erva-mate como matéria-prima poderá fazer com que esses produtos tenham um apelo mais natural, que tem sido muito procurado pelos consumidores. Hoje, por exemplo, alguns produtos passam por processos químicos para serem descafeinados.
"A pesquisa cumpre o papel de disponibilizar novos materiais genéticos e descobrir novos usos para a erva-mate em ‘escala de bancada'. Mas, para chegar até o produto, precisamos firmar parcerias com o setor industrial para estudos em escala-piloto e, posteriormente, avaliar a produção em escala industrial", explica Miguel Haliski, do setor de Prospecção e Avaliação Tecnológica da Embrapa Florestas. "Não adianta produzir cultivares diferenciadas se o mercado ainda está focado somente em chimarrão ou chá na forma em que conhecemos", analisa.
A intenção é obter uma matéria-prima que apresente naturalmente o teor desejado da substância almejada, com base nas cultivares da Embrapa já em desenvolvimento avançado. Cristiane Helm completa que o interesse internacional por compostos bioativos com propriedades terapêuticas aumenta a cada dia, e há consumo crescente na América do Norte e Europa. "Em breve, será possível cultivar a erva-mate pensando nesses mercados. Mas, para isso, é necessário que em paralelo tenhamos o desenvolvimento de produtos diferenciados com a erva-mate", avalia.
Com a possibilidade de cultivares diferenciadas em seus compostos, a perspectiva é criar nichos de mercado para produtos com apelo mais saudável. Para Cristiane, a erva-mate pode seguir o mesmo caminho do café, que hoje é encontrado com diferentes teores de cafeína ou descafeinado.
Com informações da Embrapa Floresta