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Empresas fabricantes de revestimentos encontram na reutilização de materiais um novo nicho de negócio, não só uma oportunidade para diminuir o impacto do setor de construção no meio ambiente. Restos de cerâmica, lâmpadas fluorescente, cinzas vitrificadas e até telas de televisão viram matéria-prima para a produção de pisos e pastilhas mais ecológicos.
A Lepri, fabricante de cerâmicas, utiliza resíduos de vidro para fabricar seus produtos. A cada mês, cerca de 20 toneladas de lâmpadas, telas de TV e monitores de computador são transformados em massa de cerâmicas e esmaltes para os revestimentos. A empresa compra o vidro triturado e livre de componentes tóxicos de empresas de reciclagem e mistura durante o processo. Com isso, o porcentual de material reciclado nas novas peças pode chegar a até 20%. A empresa foi a primeira a utilizar a técnica no Brasil. Segundo a executiva da Lepri, Ludmila Lepri, apesar dos investimentos em novas tecnologias, o preço final acaba ficando na mesma faixa dos concorrentes.
Além de evitar o descarte e acúmulo de lixo nos aterros, as propriedades desses materiais permitem a diminuição da temperatura de queima dos produtos, reduzindo a emissão de gases poluentes na atmosfera. Segundo Ludmila, 90% das peças da empresa já utilizam essa tecnologia. "E isso não altera em nada a qualidade ou durabilidade do produto final." Reciclar materiais para o setor de construção não é tendência só no Brasil. A multinacional italiana Cosentino, que está no Brasil há 12 anos, fabrica superfícies como mesas, pias e bancadas, a partir de resíduos de espelho, vidro, porcelana, louça e cinza vitrificada.
À primeira vista, o produto parece um granito. Entretanto, 75% dos materiais utilizados resultam de reciclagem. Outros 25% são restos de pedras e uma resina de origem parcialmente vegetal. Segundo a empresa, a fabricação de uma pia de cozinha, exige a reutilização de uma média de 600 garrafas de vidro, 250 pratos, 150 copos e 100 espelhos. Por conta da tecnologia investida para se chegar a esses resultados, a linha ecológica pode chegar a custar o dobro.
Na opinião do gerente de marketing da Cosentino, Matheus Hruschka, o preço final tem dificultado um pouco as vendas. "Aqui, as pessoas são 'eco' até quando chega no bolso", comenta o gerente. Hruschka avalia que em países como Alemanha, onde a preocupação ambiental é algo cultural, as pessoas não se importam em pagar mais caro por algo que produza menos impactos no mundo. No Brasil isso ainda não ocorre, mas a tendência é de que em alguns anos a população brasileira chegue a esse grau de consciência. "Investimos nesse tipo de ação por princípios e porque achamos que isso é o futuro."