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O alto luxo italiano agoniza com a crise

12 de dezembro de 2011

Don Lee / LOS ANGELES TIMES DERUTA, ITÁLIA

"Tem sido um desastre, um desastre", berra Ubaldo Grazia.

O dono da empresa familiar de cerâmica de 500 anos não está falando do derretimento financeiro em seu país nem da crise da dívida na zona do euro, mas da economia americana fraca que, diz ele, está lhe custando um cliente após outro.

A empresa de Grazia, agora em sua 25.ª geração, é uma das dezenas de fabricantes de objetos em um a pitoresca cidade medieval conhecida por sua cerâmica artesanal. A empresa encolheu tanto - de 75 pintores alguns anos atrás para apenas cinco- que ele tem e que ela não consiga chegar à 26.ª geração.

A meia hora de carro da Umbriana Itália central, na pequena cidade Solomeo, no alto de uma colina, Brunello Cucinelli parece uma pintura de contentamento dentro de seu castelo do século 14, sede da próspera empresa de roupas de cashmer e que leva seu próprio nome.

A Cucinelli espera outro crescimento de dois dígitos nas vendas deste ano, principalmente graças a mercados emergentes como a China. O autointitulado filósofo - empresário ganhou dinheiro suficiente para restaurar a igreja do cidade, repavimentar ruas e construir um teatro de 240 lugares que lembra o Panteão de Roma. "Quero lucrar com dignidade", disse Cucinelli, de 58 anos.

O contraste entre as duas empresas úmbrias mostra tanto a capacidade de resistência como a vulnerabilidade de um dos setores básicos da Itália - o de artigos de luxo. Sejam eles suéteres de cashmere, bolsas femininas de grife ou carros esportivos, os artigos de luxo da Itália são famosos em todo o mundo, mas a recessão e a propagação da crise da dívida na região têm colocado em xeque severamente as velhas fórmulas e mercados.

Muitos deles estão à espera de um eventual reerguimento da Itália como novo governo e a promessa de reformas econômicas, enquanto o país se vê às voltas com a iminência de medidas severas de austeridade.

No domingo retrasado, o novo primeiro ministro, Mario Monti, anunciou a aprovação de cortes de gastos, elevação de impostos e outras medidas para "reativar" a economia e ajudar a evitar um colapso do euro.

As vendas de artigos de luxo da Itália reagiram depois de terem sido pressionadas pela recessão de 2008, mas seu futuro - como o de muitos outros setores - dependerá também de sua capacidade de se adaptar às novas realidades da globalização.

Grazia e outros em Deruta vêm fabricando os mesmos produtos que seus antepassados fabricavam séculos atrás, fornecendo a pessoas com a profundidade de conhecimento e apreciação de uma velha tradição de fabricação da cerâmica majólica.

Mas esses não são os consumidores com mais dinheiro para gastar na economia global de hoje.

Crise. Grazia comemorou com champanhe o fim de semana em que Silvio Berlusconi deixou o poder. Mas voltando ao trabalho, na segunda-feira, ele tinha pouca coisa para celebrar quando mostrava a um visitante as cadeiras vazias em sua oficina e os painéis com as glórias passadas de sua empresa.

Ele relatou como seu avô começou a exportar para os Estados Unidos na década de 1920, despachando pratos e jarras para Nova Yorkem barris de vinho recheados com palha. Nas décadas seguintes, com o aumento da demanda externa e das levas de turistas, as riquezas fluíram para Deruta.

Belos parques surgiram lá.

Um esplêndido castelo - museu foi aberto num topo de colina com vista para a cidade. Ladrilhos como típico padrão Raffaelesco de Deruta foram inseridos entre pedregulhos de calçadas diante de cafés e lojas.

Masa fraqueza das economias americana e europeia dos últimos anos cobrou seu preço.

Cerca de 200 fábricas e oficinas de cerâmica desapareceram. A grande planta produtora de fornos de Deruta fechou e está à venda.

Alguns proprietários de empresas da cidade disseram que só podem culpar a si mesmos.

"Hoje, os jovens querem estilos contemporâneos", disse Roberto Domiziani, um fabricante de louças e mobiliário em Deruta.

"Você comeria num prato com um dragão olhando para você?", disse Domiziani, que está transferindo a maioria de suas operações para o Brasil.

Grazia está experimenta do novos materiais, adicionando porcelana à argila e ao verniz majólicos tradicionais para produzir louça que seja menos frágil para o uso em restaurantes e hotéis.

Ele está desenvolvendo também uma linha mais ampla de designs contemporâneos.

E sua empresa está ensinando a pintura de cerâmica a alunos para promover o ofício. "Agora só precisamos encontrar novos mercados", disse ele, observando que está tentando entrar na Rússia.

Diversificação. Cucinelli, que veio de origens agrícolas humildes numa aldeia próxima de Solomeo, começou em 1978 com cerca de 20 quilos de cashmere comprados comum anota promissória.

Ele os transformou em suéteres de cores vivas, ao estilo Benetton, mas depois mudou para produzir um conjunto mais amplo de roupas de tons predominantemente beges e cinzas.

As vendas cresceram 29% em 2010 e devem aumentar 18% neste ano, para cerca de US$ 320 milhões.

A empresa pretende abrir seu capital no começo de 2012 em Milão. Analistas atribuíram o sucesso da Cucinelli a seu visual esportivo chique, combinado com materiais de alta qualidade.

"Eu poderia me vestir assim para ir à bolsa de valores", disse Cucinelli, trajando um blazer azul marinho sobre um suéter de cashmere e a calça creme tradicional de sua empresa.

Cucinelli também acha que seus compradores gostam de sua abordagem "humanista"dos negócios. Não há planilhas de tempo para assinar nem relógios de ponto na sua empresa. Os trabalhadores param 90 minutos para o almoço e não trabalham depois das 18 horas. Os alfaiates trabalham no piso térreo do castelo, ganhando,em média, cerca de US$ 2.700 mensais.

O próprio Cucinelli ocupa a torre, sentado atrás de uma mesa de nogueira de 500 anos. "Esta empresa tem uma cultura que vem de São Benedito", disse, referindo- se ao monge asceta úmbrio da Idade Média que desenvolveu regras para a vida comunal sob um pai amoroso.

Até dez anos atrás, disse ele, seu mercado era quase inteiramente o bilhão de pessoas de EUA, Europa e Japão. Agora ele vê os quase 3 bilhões de pessoas da China, Índia, Brasil e Rússia com o seus novos clientes em potencial.

TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK.

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- Antídotos

ROBERTO DOMIZANI, FABRICANTE DE CERÂMICA

"Hoje, os jovens querem estilos contemporâneos. Você comeria num prato com um dragão olhando para você?"

SANTO VERSACE, PRESIDENTE DA GIANNI VERSACE

"Com essas taxas de crescimento, suas fortes economias e populações, o futuro pertence a esses países (Brasil, China, Índia e Rússia)."

UBALDO GRAZIA, FABRICANTE DE CERÂMICA

"Agora, só precisamos encontrar novos mercados."

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