Paraná pode industrializar mais

Segundo a pesquisa, 2/3 do leite produzido no Paraná seguem para outros Estados

clique para ampliar Produção (Foto: Divulgação)

Uma radiografia do setor de laticínios do Paraná realizada em 2010, divulgada pelo IPardes-Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social em parceria com o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) mostra que o Estado, que ocupa a terceira posição no ranking da produção, com 3,33 bilhões de litros em 2009, apresenta uma capacidade ociosa de 43,3% em seu parque industrial.

Enquanto a capacidade instalada das indústrias soma 3 bilhões de litros/ano, o processamento, no ano passado, totalizou 1,7 bilhão de litros/ano, 18% acima do de 2009. A coordenadora da pesquisa, Marisa Sugamoto, informa que a ociosidade ultrapassa 50% quando o universo analisado inclui apenas os laticínios menores.

"Quanto maior a indústria, menos ociosa ela é", destaca. Uma característica registrada pelo estudo é a baixa diversificação das indústrias, sobretudo as micro e pequenas. "Cerca de 40% das indústrias pesquisadas produzem leite de saquinho e um tipo de queijo", afirma, acrescentando que a diversificação seria um caminho para reduzir a ociosidade e evitar que o leite saia do Estado com baixo valor agregado. Isso porque, além de abastecer sua demanda, há um forte comércio de leite no mercado spot. "O leite deixa o Estado na forma fluída e perde valor agregado", explica.

Segundo a pesquisa, 2/3 do leite produzido no Paraná seguem para outros Estados. Os 301 laticínios paranaenses incluídos no estudo respondem por 83% do volume processado - 13 laticínios não quiseram participar da pesquisa.

Isso revela que existe uma concentração no processamento, uma vez que 65,9% da produção é processada por 29 empresas. Há também concentração de unidades processadoras nas regiões sudoeste e norte-central. Juntas, elas abrigam 127 empresas, que representam 42% do total. O oeste, que se destaca pela produção especializada, abriga 48 delas. Quanto à qualidade do leite, a pesquisa mostra que 99% da coleta e do transporte - da fazenda à indústria, é feita a granel, em ambiente refrigerado.

A pesquisa "Caracterização da Indústria de Processamento e Transformação de Leite no Paraná" é o segundo trabalho realizado pelo Ipardes e a Emater com o objetivo de mapear o setor lácteo no Estado. O primeiro, em 2008, abordou aspectos que envolvem a produção primária.