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A edição deste ano do Encontro Nacional da Indústria (ENAI), promovido pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI), contou com a participação de uma delegação da Federação
das Indústrias do Paraná (Fiep). Com o tema “O Brasil e os desafios da Economia Global”, o
evento, realizado nos dias 11 e 12 de dezembro em Brasília, discutiu os obstáculos que o país precisa
superar para ganhar competitividade no cenário internacional.
“A presença da presidente
Dilma e de vários ministros demonstra a clara preocupação do governo federal com o setor industrial,
que ano a ano vem perdendo participação no PIB brasileiro”, afirmou o presidente do Sistema Fiep, Edson
Campagnolo.
Em seu discurso, Dilma apontou o combate à burocracia, a modernização das estruturas
institucionais e da capacidade de se relacionar com a sociedade como prioritários para o desenvolvimento do Brasil.
“Precisamos combater a tradição burocrática, do selo, do carimbo. Não podemos ter múltiplas
portas de entrada e processos que se sobrepõem”, afirmou a presidente, reconhecendo que o excesso de burocracia
prejudica a competitividade das empresas brasileiras.
A presidente citou os avanços feitos pelo país
nas últimas décadas e destacou os resultados das concessões na área de infraestrutura –
portos, aeroportos e rodovias – os leilões de energia e dos campos de exploração de petróleo
e gás. Dilma admitiu que a parceria do governo com o setor privado é essencial, não só pelo valor
dos investimentos, mas, sobretudo, pela capacidade de gestão e pelos ganhos de eficiência aplicados pelas empresas.
Entre as parcerias bem sucedidas com o setor privado ela citou o Pronatec, programa de qualificação
técnica dos trabalhadores brasileiros, cujo principal parceiro do governo é o Senai. Neste ano, o programa alcançou
mais de 5,4 milhões de matrículas. O dobro do ano passado. “Trabalhador mais produtivo e com mais capacidade
de inovar tem mais condições de melhorar sua vida e de sua família”, afirmou Dilma.
O êxito
do Pronatec também foi lembrado pelo presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. Em seu discurso para os cerca de 2.300
líderes empresariais que participam do ENAI, ele disse que o Senai atenderá quatro milhões de pessoas
em 2014. Andrade destacou que o país precisa vencer uma série de desafios para ganhar competitividade. ”Devemos
atacar a insegurança jurídica, que gera graves incertezas, afasta investimentos e freia o crescimento”,
disse.
Ele defendeu, ainda, a modernização das relações trabalhistas no Brasil. Segundo
Andrade, um dos principais obstáculos ao crescimento é a ausência de regulamentação do trabalho
terceirizado. “A falta de uma lei que trate desse tema de forma adequada deixa o nosso país em descompasso com
a tendência global”, disse. O presidente da CNI lembrou também que os empresários estão preocupados
com as novas normas de segurança no trabalho, como a NR-10 e a NR-12. Ambas, afirmou, impõem custos “incalculáveis
e desnecessários”, especialmente às pequenas e médias empresas.
Além da presidente
Dilma Rousseff e de Robson Andrade, a abertura do 8º ENAI teve a participação dos ministros Guido Mantega,
da Fazenda; Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e Aloizio Mercadante, da Educação.
Painel
Durante
os dois dias do 8º ENAI acontecem sete painéis de debates sobre temas ligados à competitividade a indústria
brasileira. O primeiro deles, que tratou dos desafios da competitividade brasileira no mercado mundial, teve a participação
do empresário Paulo Roberto Pupo, diretor da Fiep e coordenador do Conselho Setorial da Indústria da Madeira
da entidade.
Pupo apontou o excesso de burocracia como um dos principais entraves para o desenvolvimento do setor produtivo
do país. “Existem muitos custos invisíveis no Brasil”, disse. “Pela lata carga tributária,
o governo é o nosso sócio majoritário. E o que se espera de um sócio majoritário é
que ao menos facilite os processos”, acrescentou.
Outra dificuldade enfrentada pelas empresas e que também
foi tratada no painel foi a falta de trabalhadores qualificados. Para Pupo, as empresas deveriam ter os custos trabalhistas
reduzidos como uma espécie de compensação pelos investimentos que precisam fazer na qualificação
de seus profissionais.
O diretor da Fiep falou ainda sobre a internacionalização das empresas, outro
fator indicado como importante para ampliar a competitividade das indústrias brasileiras. “O Brasil tem uma vontade
e competência muito grandes para internacionalização. Infelizmente, os acordos comerciais do país
são pífios. Se tivéssemos uma ação governamental, certamente essa vontade iria aflorar”,
afirmou Pupo.
Entre outros debatedores, quem também participou do primeiro painel foi o presidente do Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Sobre o excesso de burocracia, Coutinho afirmou
que solucionar esse problema deveria ser o grande norte para o país. “A burocracia não é um problema
para o setor produtivo, mas também para o gestor público”, disse, referindo-se ao fato de que ela também
prejudica os processos internos de gestão do próprio governo.