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Os resultados negativos da produção (-2,7%) e das horas pagas (-1,9%) na indústria em 2012 se
refletiram em queda na produtividade de 0,8%, o segundo pior resultado desde 2002, só superado pela queda de 2,2% em
2009.
Mesmo com medidas de política econômica voltadas para incentivar o setor ao longo do
ano, além da queda na taxa básica de juros, a oferta abundante de crédito e o estímulo à
desvalorização da moeda no segundo semestre, a produção e a produtividade industrial não
demonstraram recuperação. Na comparação contra igual mês do ano anterior apenas
em outubro de 2012 a produção e a produtividade superaram os níveis obtidos em 2011. A performance de
2012 assume uma perspectiva mais negativa se considerarmos ainda que em 2011 os resultados da produção e da
produtividade ficaram estagnados em relação a 2010. Assim, desde o impacto da crise financeira internacional
em fins de 2008 e em 2009, a indústria não encontrou uma rota de crescimento minimamente sustentável,
comprometendo sua competitividade, tendo em vista o caráter pró-cíclico da produtividade.
O emprego industrial
recuou em 1,4% no ano passado, sinalizando um movimento defensivo das empresas industriais frente um cenário de baixas
expectativas de crescimento. O emprego em 2011 havia crescido 1,0%, com a produção praticamente estagnada. O
recuo no emprego reforça o quadro recessivo da indústria, pois há relativa escassez de mão de
obra com qualificação profissional, como registrado pelas baixas taxas de desemprego nas principais regiões
metropolitanas. Este recuo não impediu que o custo do trabalho se elevasse em 6,6% em 2012, a maior taxa dos onze anos
da série e mais do dobro da verificada em 2011 (3,2%). Todos os setores tiveram aumento de custo do trabalho, com exceção
do de Madeira.
Avaliando o comportamento da indústria desde a crise financeira internacional, um
possível diagnóstico para os problemas de falta de crescimento e queda na produtividade em 2012 pode ser a persistência
de um desalinhamento do câmbio, que gera desequilíbrios tanto pelo lado da demanda, ao transferir para o exterior
parte da demanda doméstica, como pelo lado da oferta, ao enfraquecer os elos de encadeamento na manufatura, reduzindo
sua contribuição ao valor adicionado total. Enquanto do ponto de vista da firma individual a substituição
de insumos domésticos por importados, a custos mais favoráveis, é um comportamento racional, o resultado
agregado é o enfraquecimento dos elos de cadeias produtivas dentro da indústria de transformação,
que são fonte de ganho de escala dinâmicos. Assim, o avanço da desindustrialização com especialização
da indústria em setores de baixa agregação de valor contribuiu para o baixo desempenho da produtividade.
Em
termos setoriais em 2012, 10 setores, de um total de 18, apresentaram aumento na produtividade, mas destes apenas um –
Produtos Químicos - com expansão na produção física, horas pagas e emprego. Há uma
concentração de setores produtores de bens intermediários no grupo com produtividade positiva em 2012,
com exceção da Indústrias Extrativas. Dois setores produtores de bens finais – Calçados
e Couro e Textil – também apresentaram produtividade positiva, mas com quedas muito expressivas na produção
e nas horas pagas. O comportamento dominante na indústria foi o de contração na produção
física: dos 18 setores só 4 expandiram o produto industrial. Os custos do trabalho foram
positivos em todos os setores, com exceção de Madeira.
Do ponto de vista regional a maioria
dos locais também registrou diminuição da produtividade. As maiores contrações foram as
verificadas na indústria do Paraná (-5,7%), seguida por Rio de Janeiro (-4,4%) e Espírito Santo (-3,6%).
As indústrias do Rio Grande do Sul (-1,5%), Santa Catarina (-1,2%) e São Paulo (-0,9%) registraram diminuições
menores, um pouco acima da média nacional. As melhores marcas ficaram com os parques manufatureiros da Bahia (8,7%)
e Pernambuco (4,8%). Ceará (0,6%) e Minas Gerais (0,6%) apontaram aumento de produtividade de pouca expressão.
Os parques industriais do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul registraram pela primeira vez diminuição na produtividade.
O resultado de Paraná (-5,7%) foi o pior de sua série histórica e do da Bahia (8,7%) o melhor já
alcançado.
Nos locais com retração na produtividade predominou um padrão recessivo
de queda na produção física acompanhada de uma diminuição, de magnitude menor, das horas
pagas. A exceção foi a indústria do Paraná que registrou variação negativa na produção
e ao mesmo tempo aumento das horas pagas. Nos locais com incremento da produtividade não houve um padrão definido:
expressivo aumento da produção física e queda das horas pagas (Bahia); pequeno aumento da produção
física e grande queda das horas pagas (Pernambuco); aumento das horas pagas de magnitude menor do que o incremento
na produção física (Minas Gerais) e diminuição das horas pagas maior que da produção
física (Ceará). Portanto só na indústria mineira houve desempenho típico de momentos de
expansão da produção com aumento pró-cíclico da produtividade.