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Uma das máximas do setor florestal e madeireiro é estar ambientalmente correto, ser socialmente justo e economicamente viável. Além desse tripé, alguns especialistas da área acreditam ser imprescindível adicionar o apoio da tecnologia. As empresas que trabalham com madeira enfrentam questões como melhor aproveitamento da matéria-prima, obediência a leis específicas, concorrência com outros materiais e a própria importação do insumo. Para superar esses desafios, é decisivo investir no desenvolvimento tecnológico do empreendimento.
Em meio à concorrência, a tecnologia é uma aliada para agregar valor à madeira e difundir o uso. Para fomentar o debate sobre o assunto, o 4º Congresso Florestal Paranaense apresentou no mês de setembro em Curitiba um painel sobre tecnologia madeireira com a participação de três profissionais especialistas no assunto. "A tecnologia é essencial para que um sistema seja sustentável. Sem ela a prática se torna, na maioria das vezes, monetariamente inviável. Ao meu ver, o triângulo da sustentabilidade, composto por aspectos econômicos, sociais e ambientais, está incompleto sem a tecnologia", analisa José de Castro Silva, da Universidade Federal de Viçosa (MG), que ministrou palestra sobre os desafios e oportunidades da madeira de eucalipto.
"O mercado não quer comprar uma tora de madeira, quer comprar um produto que possa servir de matéria-prima para a sua indústria", observa o professor Guilherme Corrêa Stamato, diretor da empresa de projetos e consultoria em madeira Stamade. "Começam a surgir no Brasil empresas que produzem casas pré-fabricadas de woodframe. Porém, a maior dificuldade enfrentada por elas é encontrar um fornecedor que ofereça um produto com as características necessárias para esse tipo de uso", completa.
Stamato, que tem doutorado em engenharia civil, especializou-se no uso de madeira na construção. Ele considera a madeira uma ótima opção para essa finalidade, mas afirma que no Brasil ainda existe uma cultura de que é um material menos adequado para esse fim. Isso acontece porque é vista como um material de baixa qualidade e resistência. "É justamente o oposto. O woodframe utilizado na construção de casa pré-fabricadas é resistente, duradouro e o imóvel não precisa ter aparência de madeira, pode ser revestido de massa", afirma. Segundo ele, nos Estados Unidos 90% das construções residenciais utilizam essa tecnologia.
Crescimento - A indústria moveleira, consumidor da madeira de alto valor agregado, teve crescimento real de 20% nos últimos seis anos no país. O diretor da Artefama, José Antônio Franzoni, prevê aumento dos investimentos no setor na ordem de 54%. "As indústrias estão fazendo altos investimentos porque estão enxergando oportunidades lá na frente", afirma. Com faturamento anual na faixa de US$ 20 bilhões, nos últimos anos o setor está focado no mercado doméstico, que apresenta boa demanda, aponta Franzoni.
Não há duvidas sobre o potencial da madeira, mas para tornar os produtos mais competitivos é preciso haver mudanças. Stamato acredita que cabe aos produtores em primeiro lugar se organizar para driblar concorrentes como o aço e o concreto. "A mobilização tem que começar em casa. O pinus é tão resistente à tração quanto o concreto, mas os próprios madeireiros não acreditam muito no valor dos seus produto", provoca.