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Porcelanas: Fábricas da companhia, que está em recuperação judicial, operam a cerca de 90% da capacidade
Júlia Pitthan
O ano é de retomada para a fabricante de porcelanas Schmidt. Depois de um período de problemas administrativos que a levaram a paralisar a produção em 2010, a empresa entra em nova fase e projeta crescimento. Segundo Rodrigo Manzan, superintendente de planejamento e mercado da companhia, a fabricação foi reiniciada no fim do ano passado, com a quitação de salários e benefícios que estavam atrasados. Na curva de recuperação, a companhia saiu de um patamar de produção 600 mil peças por mês para 1,2 milhão de peças. De acordo com Manzan, a estimativa é encerrar o ano com 1,5 milhão de peças mensais.
O superintendente iniciou o trabalho na companhia em setembro do ano passado, quando Nelson Lara foi chamado para assumir a presidência da Schmidt. A mudança de comando teve aval dos acionistas, depois que dificuldades administrativas levaram a antiga gestão a atrasar salários e paralisar a produção. A empresa entrou em processo de recuperação judicial em 2009, que deve se encerrar neste semestre. Ainda há parcelas de débitos trabalhistas e outras dívidas a serem pagas pelos próximos 13 anos.
Segundo Manzan, a força da marca Schmidt foi fundamental para a empresa voltar à ativa. A produção já toma cerca de 90% da capacidade instalada nas três fábricas da empresa, que empregam cerca de 1,1 mil pessoas.
Em Pomerode, no Vale do Itajaí catarinense, a Schmidt concentra a produção de xícaras e pires. Em Campo Largo, no Paraná, são feitos os pratos e travessas, peças mais simples e de maior resistência. Em Mauá, no interior de São Paulo, está concentrada a produção de peças de decoração. O maior volume é produzido em Campo Largo, mas os itens de maior valor agregado estão em Santa Catarina. A companhia estuda uma reengenharia da distribuição da produção segmentada por produto para um modelo focado no volume de mercado, segundo o superintendente.
A Schmidt chegou a receber propostas de aquisição em 2010, mas as negociações não prosperaram. Segundo o superintendente, há sondagem permanente de interessados em adquirir a marca e ativos da empresa, mas nenhum negócio se concretizou. Aproximadamente 85% das ações estão nas mãos da família Schmidt, descendentes dos imigrantes alemães que iniciaram o negócio em Pomerode em 1945, no interior de Santa Catarina. Em 1948, a empresa adquiriu o controle da Porcelana Real, de Mauá, e em 1956, da Cerâmica Brasileira, em Campo Largo.
Para Manzan, a Schmidt terá condições se recuperar completamente. Não havia problema estrutural, mas financeiro. O parque produtivo se mantinha atualizado e foi só uma questão de ajustar o fluxo de caixa, afirma.
Cerca de 60% das vendas da Schmidt estão hoje no mercado de food service - bares, restaurantes -, e os outros 40% no varejo. A perspectiva é fechar o faturamento em 46% acima de 2010. No primeiro trimestre, o desempenho foi 35% superior ao mesmo período do ano passado. A empresa não divulga valores, mas segundo o superintendente, a segunda metade do ano costuma concentrar os resultados mais expressivos.