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As vias públicas sempre foram consideradas lugares de encontro, comércio e circulação. São elementos estruturadores da cidade, de suas formas de desenvolvimento, de suas relações e também a própria imagem das dinâmicas urbanas. Sua importância é tão vasta que se pode afirmar que as qualidades e deficiências de uma cidade podem ser entendidas pela percepção de suas ruas. São elementos de importância funcional, assentadas diretamente sobre a geografia natural das cidades, regulando sua disposição e hierarquia e ligando seus espaços.
Num contexto menos amplo, porém, lastreado na atual problemática das grandes cidades e no culto ao automóvel, é comum definir-se a via pública como suporte ao movimento e deslocamento de veículos e a eficiência de tráfego. Mesmo sobre essa ótica, restrita, deixa-se a desejar na medida em que praticamente todas as vias das metrópoles brasileiras mesclam o tráfego local com o de passagem; além de juntar automóveis, motos, ônibus e caminhões a pedestres e veículos de tração humana, como bicicletas por exemplo. O papel agregador, de vivacidade, de espaço onde ocorrem as mais diversas atividades, sejam elas econômicas, de lazer, relações sociais ou outras, fica renegado a um segundo plano.
Faz-se, portanto, necessária uma imediata transformação nas políticas públicas de tratamento das vias urbanas, concedendo-as a função que lhes é de direito de formadoras de um atributo da arquitetura, mais especificamente do desenho urbano. O ápice de sociabilidade e da interação social, espaços tridimensionais entre linhas de edifícios adjacentes, determinadas por estruturas sociais que tem por função facilitar a mobilidade, a comunicação e a interação entre diversos grupos de atividades urbanas. Tratar a via pública como componente fundamental para o desenho urbano agrega valor e qualidade ao espaço, enquanto que tratá-la apenas como suporte ao trânsito conduz a um imenso emaranhado de problemas e a consequente perda da urbanidade.
Através da implantação de técnicas e métodos de traffic calming (medidas moderadoras de tráfego), por exemplo, pode-se obter uma substancial melhoria na questão da segurança viária, reduzindo acidentes e consequentes gastos correlatos. Vias projetadas para a redução da velocidade dos veículos e que induzam a um modo prudente de dirigir são perfeitamente viáveis. O próprio pavimento pode funcionar como uma ferramenta nesse sentido, pois se adotando a solução adequada, este pode ter a função de um alerta sonoro aos motoristas, algo que seria salutar nos bairros residenciais ou em frente a escolas e hospitais.
As vias públicas, conforme preconiza a Agência de Proteção Ambiental Americana, devem estar comprometidas com o meio ambiente, com a qualidade e preservação da vida e com o crescimento sustentável. Pode-se através do tipo de pavimentação adotada reduzir a absorção de calor na superfície diminuindo-se assim a consequência das ilhas de calor, tão comuns aos grandes centros. Esse mesmo pavimento, mais claro, reduziria o gasto com iluminação pública e proporcionaria maior segurança a seus usuários.
Poder-se-ia também, optar por um pavimento permeável, que permitiria a absorção das águas pluviais pelo solo bem como o escoamento gradativo do excedente às galerias públicas.
As estratégias e opções técnicas do presente sinalizarão melhorias a condição futura das cidades. Meios existem, há a necessidade, porém, de implementar projetos que vençam esse desafio tendo no desenho urbano a disciplina mais precisa para alcançar este objetivo.
Alexsander Maschio, gerente regional da ABCP Sul.
* A ABCP e o Instituto Soluções para Cidades conduzem, em parceria, o projeto Ruas do Futuro, com o objetivo de divulgar as soluções adotadas em cidades e estimular o desenvolvimento de novas tecnologias para as vias urbanas.