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A Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016, estimulam a demanda dos construtores pelo aço. Previsões de investimentos pipocam de todos os lados e não é diferente no setor siderúrgico ou de construção civil.
Afinal, os dois eventos prometem aquecer a demanda de estruturas de concreto armado, sobretudo de vergalhões e os chamados produtos ampliados, como telas soldadas e treliças. E, também, de perfis laminados, utilizados na montagem de grades e esquadrias de metal.
Por si só, as reformas previstas em 12 estádios de futebol e a construção de dois outros novinhos em folha enchem os olhos de empresas como Usiminas, Gerdau e CSN - apenas algumas das siderúrgicas que podem fornecer esse material no mercado interno. As importações também podem aumentar se não houver produtos no cardápio da indústria nacional.
O glamour em torno dos dois eventos - e também da expansão econômica - estimulou o Instituto Aço Brasil a fazer novas contas e prever um aumento de 5,8 milhões de toneladas no consumo, no período de quatro anos, até 2016. Parece grandioso.
Mas há um outro lado a se questionar. "Não é nada grandioso, considerando-se que o país consome algo como 27 milhões de toneladas ao ano, e não justificaria novos aumentos de capacidade baseados somente na demanda para Copa e paras a Olimpíada.
O ideal seria um programa de investimento sustentado em infraestrutura, o que ainda não é claro", diz uma fonte do setor que prefere não se identificar.
"Além disso, os produtos brasileiros feitos de aço estão perdendo competitividade para os importados (carros, linha branca, máquinas, etc) e comprometem a demanda local", acrescenta.
"No dia em que foi anunciado que o Rio sediaria a Olimpíada, os papéis de diversas companhias de siderurgia e mineração subiram", recorda Felipe Reis, analista de mineração e siderurgia do Santander.
Embora seja um torcedor, o especialista ressaltou uma conversa que teve com o presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), José Otávio Carneiro de Carvalho, para quem os dois eventos estão superestimando o aumento da demanda. "Construir um estádio como o do Maracanã demandou 22 mil toneladas de cimento em três anos; o Brasil consome 60 milhões por ano. Uma obra como a hidrelétrica de Belo Monte, bem maior, representa apenas 0,2% do consumo nacional", diz o analista, com base nas informações de Carvalho. Uma grande usina hidrelétrica consome cerca de 700 mil toneladas de cimento em cinco anos.
Reis e Carvalho acreditam que grandes obras de infraestrutura, como a construção de grandes usinas e com o real advento do pré-sal é que podem, sim, fazer a diferença na indústria nacional de cimento e aço.
As cimenteiras e siderúrgicas concordam. Mas se animam, ainda assim, com os jogos que estão por vir. É gol na certa. Não necessariamente de placa. (C.M.)