Fabricantes de pneus são prejudicadas por itens importados
23 de maio de 2013
As fabricantes brasileiras de pneus vêm em crescimento, apesar de serem prejudicadas
pela enxurrada de importados, que tiram espaço da indústria nacional no mercado interno. O setor registra, no
primeiro quadrimestre, alta de 4% na produção, ajudada pela reação nas vendas para as linhas de
montagem de caminhões. Isso é favorável para o Grande ABC, já que as duas indústrias do
ramo (Pirelli e Firestone) instaladas em Santo André fabricam itens para esses veículos. A expansão poderia
ser maior, quando se verifica que as montadoras estão com produção 17% maior de janeiro a abril em relação
ao mesmo período de 2012.
Segundo o presidente da Anip (Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos), Alberto Mayer,
o desempenho tímido ocorreu por causa da importação - especialmente da Ásia -, que cresceu 25,5%
na comparação com os primeiros quatro meses do ano passado. Ele acentua que a perda de espaço se dá
principalmente na área de reposição (ou seja, as lojas e oficinas), que hoje representam 51% das vendas
das fábricas instaladas no País.
Mayer avalia que a forte entrada de produtos nas lojas ocorre porque o consumidor ainda é "muito suceptível
a preços" e muitas vezes deixa de lado a qualidade do item adquirido. "A importação é maior em veículos de
passeios mais populares, em pneus aro 13 a 15", cita. Além disso, o setor sofre com a falta de competitividade em relação
ao importado, por questões como o câmbio, os custos fiscais e fiscalização dos itens que chegam
do Exterior. Entre as fabricantes, a Pirelli comunicou que o mercado brasileiro de pneus é muito afetado pela forte
presença de pneus importados que entram em condições de competição desigual. "Os cenários
competitivo e legislativo brasileiro não ajudam os produtores locais, apesar dos grandes investimentos que são
realizados pela indústria do setor no País nos últimos anos", informou.
CARGA - O segmento de caminhões, cuja produção teve impulso de 43% no primeiro quadrimestre,
manteve aquecidas as fábricas de pneus de Santo André. No município, a Pirelli faz produtos para esses
veículos e para tratores, enquanto a Firestone faz itens para várias linhas, incluindo veículos de carga.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Borracheiros da Grande São Paulo, Márcio Ferreira,
com a demanda em alta, as duas empresas somaram cerca de 400 contratações neste ano. Atualmente, a primeira
conta com 2.500 funcionários e a segunda, 3.200.
A categoria está em período de negociação salarial. A data base na região é dia
1º de junho e o sindicato pleiteia a reposição da inflação, mais aumento real de 7%. No dia
27, a entidade se reúne com a direção da Pirelli para falar sobre os pleitos dos trabalhadores e no dia
3 será a vez de apresentar a pauta de reivindicações para a direção da Firestone.