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Luciano Martins Costa - Jornalista e escritor, consultor em estratégia e sustentabilidade
Embora ainda haja quem sonhe com um país continental cortado por ferrovias e servido por um estratégico sistema intermodal de transportes, a realidade é que o Brasil parece condenado às frotas gigantescas de caminhões e automóveis rodando sobre estradas asfaltadas.
Menos mal que os pneus que desgastam e se desfazem nas rodovias também podem ser transformados em asfalto.
Não se trata ainda do asfalto ecológico, como dizem as empresas do setor, mas de um composto que permite reaproveitar parte da massa de pneus descartados.
Apesar de alguns estados brasileiros já terem legislações específicas obrigando o setor a organizar a reciclagem, ainda faltam normas federais que completem o ciclo e permitam eliminar as velhas carcaças do meio ambiente de uma forma definitiva. A questão tem um foco importante na destinação de pneus, causadores de grandes problemas quando abandonados em cursos d' água ou mesmo em terrenos baldios, onde servem como criadouros de mosquitos e outras pragas. Mas não se esgota nesse aspecto do problema.
Derivado do betume, o asfalto comum tem agregado novos processos e materiais que facilitam sua aplicação, aceleram a secagem e reduzem a produção da poeira que contamina as regiões próximas a rodovias.
Essas inovações ajudam a reduzir o tempo de reparação das estradas e o custo dos processos de manutenção, o que resulta em interrupções mais curtas do tráfego.
A reutilização da massa dos pneus entra na conta de despesas mas tem principalmente a função ambiental.
Na proporção em que se expande a obrigatoriedade de recolher e reutilizar os pneus-regra incluída na recente legislação sobre resíduos sólidos-também se desenvolvem novas tecnologias e materiais, como os polímeros e agregados que compõem a massa asfáltica. No entanto, ainda estamos falando basicamente de derivados de petróleo e do velho e complicado betume.
Desde o final de 2010, pesquisadores vêm acompanhando o trabalho do engenheiro americano Christopher Williams, da Universidade do Estado de Iowa, que anunciou ter desenvolvido a aplicação de óleos vegetais em substituição ao produto de origem fóssil. Trata-se, segundo relatos da universidade, do primeiro asfalto que pode ser chamado de ecológico. Os testes intensivos foram concluídos no fim de 2011 e já se anuncia o resultado das provas de durabilidade para breve.
Trata-se de um derivado da biomassa que pode ser obtida de uma variedade de plantas e árvores, inclusive talo de milho, o que permitirá sua produção até mesmo em regiões muito pobres e sem oferta de produtos petroquímicos.
Dessa biomassa, é extraído o óleo, que tem aplicações conhecidas como combustível mas pode ser transformado também para a produção de asfalto.
Além disso, o processo gera um subproduto sólido chamado de biocarvão, que pode ser aplicado também em funções de correção do solo. Trata-se de um passo adiante na reciclagem de pneus, um resíduo da economia do petróleo. Muito provavelmente, o futuro irá mostrar o bioasfalto mesclado à massa de pneus, como um paliativo para mitigar os muitos males provocados pela economia movida a caminhões e automóveis.
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Na proporção em que se expande a obrigatoriedade de recolher e reutilizar os pneus, também se desenvolvem novas tecnologias e materiais, como os polímeros e agregados da massa asfáltica
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