Associações da indústria alimentícia alertam para cenário de crescimento modesto em 2014
Segundo a Abicab, produção de chocolate se manterá em um patamar semelhante ao de 2012. No ramo de massas alimentícias, as
vendas podem atingir um crescimento de 3% a 4%. Já no setor de biscoitos, podem crescer até 7%, informam a Abima e a Anib
Diante das projeções levantadas por associações nacionais de classe, divulgadas a seguir
pelo Sincabima, os empresários das indústrias de cacau, balas, doces, massas alimentícias e biscoitos
devem desenvolver o planejamento de 2014 com muita prudência. “O empresário precisa estar preparado para
trabalhar muito, reduzindo gastos e investindo em inovação. É um ano que exige muita cautela”,
afirma o presidente do Sincabima, Rommel Barion.
No setor de chocolates, as vendas devem se manter em um nível
muito próximo das realizadas em 2013. Na avaliação da Associação Brasileira da Indústria
de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), a Copa do Mundo pode aquecer a economia e alavancar as vendas,
mas os fabricantes não esperam grandes mudanças para o ano.
Em 2013, até outubro, houve queda
de 0,7% na produção de chocolates. Entre 2007 e 2012, o setor havia registrado crescimento médio anual
de 9,5%. Já o setor de amendoim registrou queda no primeiro semestre de 2013.
"Agora que estamos sentindo a
crise. Os países que importam produtos brasileiros continuaram comprando, porém menos. A crise internacional
está batendo a nossa porta", diz Ursulino Netto, presidente da Abicab, referindo-se à exportação
da indústria de doces.
Ele avalia que o baixo desempenho dos setores de chocolates, balas e amendoins ficou
em linha com a performance econômica do país, que apresentou o mesmo cenário em praticamente todos os
setores da indústria. Para Netto, o desempenho negativo é reflexo de um cenário econômico brasileiro
e mundial estagnados, com indústrias que retraem investimentos em produção.
Biscoitos e massas
A Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias e Pão e Bolo Industrializados
(Abima) projeta um crescimento de 3% a 4% na venda de massas alimentícias em 2014 – mais do que os 2% a 3% estimados
para 2013. Ainda em fechamento, os dados consolidados de 2013 sobre o crescimento da indústria de massas devem ficar
abaixo da projeção feita no começo do ano, de 3,5%. Com isso, o avanço será similar ao
de 2012, quando o faturamento cresceu 2%, para R$ 6,22 bilhões, e o volume recuou 0,4% em relação a 2011.
A estimativa do setor de biscoitos é de que seu faturamento, de R$ 7 bilhões em 2012, tenha crescido
entre 8% e 10% no ano passado. Em maio, a estimativa da Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos
(Anib) era de que seria possível crescer 10%. Mas a previsão para 2014 é de uma expansão de 7%,
em valor. Já os volumes podem crescer 3% em relação a 2013.
O volume de biscoitos produzido no ano passado deve ter empatado com o de 2012, quando o setor fabricou 1,25 milhão
de tonelada, segundo a Anib. Os fabricantes de biscoitos identificaram que o consumidor está procurando um mix de produtos
mais "rico" e trocando o produto simples por outros mais elaborados, como recheados ou funcionais, mais caros.
Os setores de massas e biscoitos tiveram um 2013 complicado em relação ao aumento de custos. A quebra de
safras de trigo no Brasil e na Argentina reduziu a oferta desse insumo e impactou a cadeia de alimentos. E a alta do dólar
perante o real afetou os preços de matérias-primas: do leite ao plástico e alumínio para embalagens,
tudo ficou mais caro no ano.
Queda do nível de otimismo no Paraná
No Paraná, empresários do ramo de alimentos e de demais setores estão apreensivos em relação
ao ano de 2014. Tanto que o atual nível de otimismo da indústria paranaense é o mais baixo dos últimos
cinco anos, conforme revelou a pesquisa de
Sondagem Industrial, realizada anualmente pela Fiep. Se em 2014, 76,49% dos industriais de grandes e médias
empresas se declararam otimistas, em 2013, o índice foi de 84,2%.
“Embora tenhamos a expectativa de um ano de Copa do Mundo e de eleições, em que historicamente
há um aquecimento da economia, temos uma classe média endividada. Somado a isso, há questões tributárias,
de infraestrutura e mão de obra que não favorecem o crescimento da indústria. Esse conjunto pesou e está
refletido nesta pesquisa”, avaliou o presidente da Fiep, Edson Campagnolo.
Apesar da queda no otimismo, o Paraná possui uma expectativa de crescimento do PIB de 5% em 2014, enquanto
no restante do Brasil a expectativa é de apenas 2,1%, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria
(CNI).
Com informações do Valor Econômico e da Agência Fiep