Queda nos preços da raiz promove clima de tensão no setor

Nas últimas semanas, produtores chegaram a suspender o fornecimento da matéria-prima

clique para ampliarCom colheita em ritmo acelerado, preços da raiz permanecem em queda. (Foto: Reprodução)

O aumento da oferta da raiz de mandioca acabou ocasionando no Paraná uma queda natural dos preços da matéria-prima. Em função desta situação, muitos produtores alegaram que estavam registrando prejuízo e resolveram paralisar o fornecimento para as indústrias da região.

Após diversas reuniões, produtores e industriais fecharam um acordo estipulando um preço mínimo recomendado de R$ 0,35 por grama de teor de amido. Apesar disto, os agricultores ainda alegam que diversas indústrias não estariam cumprindo o acordo e ameaçam novas paralisações.

Membro da diretoria do SIMP, João Eduardo Pasquini explica que o sindicato tem atuado para recomendar o cumprimento do acordo pelas indústrias, mas não dispõe de meios legais para estabelecer esse tipo de obrigação. “Nós entendemos a situação dos produtores e estamos trabalhando para garantir o fornecimento para as indústrias. Mas, é preciso considerar que a indústria opera com uma margem de lucro bastante pequena e que não há como pagar um preço maior pela raiz”, disse. Pasquini descartou também que houvesse um acordo para o aumento gradativo do valor pago pela raiz. “Não fizemos nenhum acordo neste sentido, pois já sabíamos que estávamos oferecendo o maior valor possível”, afirmou.

Segundo ele, a situação enfrentada de forma geral pelo segmento é preocupante. “Temos buscado como saída as exportações, que já estão iniciando em função do dólar mais alto, mas ainda é um processo em fase inicial”, explicou. No segmento, os principais mercados compradores no exterior são os Estados Unidos, a Europa e a África do Sul.

Para Pasquini, é preciso calma e negociação para que industriais e produtores possam enfrentar juntos a situação. “Precisamos trabalhar em conjunto. Felizmente, estamos em uma época na qual o teor de amido da raiz está um pouco maior, o que traz alívio ao produtor, que é nosso parceiro comercial. Nosso interesse é de que o mercado seja bom para todo mundo”, concluiu.

Oferta alta

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) - que acompanha o setor, os trabalhos de colheita de mandioca continuaram intensos nos últimos dias em razão da necessidade dos agricultores de liberação de áreas ou de “fazer caixa”. Neste cenário, os pesquisadores avaliam que a tendência é de que a oferta permaneça alta para as indústrias e os preços da raiz continuarem em queda.

Já no mercado de fécula de mandioca prevaleceu a baixa liquidez em razão da ausência de compradores por conta do feriado de Tiradentes, em 21 de abril. A comercialização de farinha também seguiu em ritmo lento, como resultado dos elevados estoques no atacado.