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Pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveram uma embalagem, à base de fécula da mandioca, que muda de cor se o alimento estiver estragado. Diferente do plástico, o produto, que alerta os consumidores sobre a validade real da comida, é biodegradável. Os testes de laboratório indicaram a eficácia da novidade no acondicionamento de peixe cru.
A embalagem possui o pigmento chamado antocianina, que altera a cor quando há mudança no pH do produto (passando de ácido para básico), que acontece durante o processo de deterioração. O projeto foi criado pela engenheira agroindustrial Ana Maria Zetty Arenas, no Laboratório de Engenharia de Alimentos da Poli.
“O estudo faz parte de um projeto que visa produzir filmes biodegradáveis com fécula de mandioca para utilização em embalagens, agregando algum tipo de funcionalidade além da proteção do produto”, conta a professora Carmemn Tadini, do Departamento de Engenharia Química da Poli, que coordenou a pesquisa.
A professora explica que quando o peixe começa a se deteriorar, ocorre um aumento do pH devido à decomposição de aminoácidos e da ureia e à desaminação oxidativa da creatina, liberando aminas voláteis que dão origem ao chamado “cheiro de peixe podre”.
“O pH da carne aumenta até ser tornar básico, ou seja, maior do que 7, processo que dura cerca de três dias”, afirma. “A embalagem com a antocianina tem uma cor vermelha muito intensa e, em contato com as moléculas voláteis, vai ficando cinza-escura”.
Data de validade - De acordo com a professora, a antocianina pode ser utilizada na produção de uma “embalagem inteligente” (“smart package”). “O filme funcionaria como uma espécie de vitrine, com a embalagem incluindo uma paleta de cores para informação ao consumidor”, explica.
A vida de prateleira do produto pode terminar antes do prazo estimado, devido, por exemplo, a microfissuras que eventualmente apareçam na embalagem. A mudança de cor alertaria os consumidores e também os comerciantes de que o produto se tornou impróprio para ser comercializado e consumido.
Para a embalagem ser utilizada em escala industrial serão necessários testes de fabricação do produto em uma planta-piloto. “No momento, a eficiência da embalagem já foi comprovada em testes de laboratório. Além de ser resistente e proporcionar selagem térmica, ela também pode ser confeccionada em forma de bolsa”.