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Indústria ainda é campo inexplorado e agronegócio precisa evoluir

26 de junho de 2011

Jair Júnior Solin

UMUARAMA

Umuarama ultrapassou meio século de existência e a industrialização do município ainda é um problema. Seja na produção de leite, mandioca, pecuária, fruticultura, a taxa de transformação é mínima, não ultrapassando 10%, segundo dados recolhidos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço (ICMS). Falta apoio político, parcerias, projetos e incentivo para que Umuarama se firme como produtor e então convença indústrias a investirem na cidade. Atualmente, toda a expectativa de mudança está no programa Arenito Caiuá, que tem R$ 2,5 bilhões para o agronegócio ao longo de cinco anos, sendo R$ 500 milhões só para a Associação de Municípios de Entre-Rios (Amerios).

Recentemente o prefeito, Moacir Silva, visitou uma empresa de lácteos e um grande frigorífico na tentativa de apresentar Umuarama como ponto estratégico e promissor para investimentos. Porém, não obteve êxito. A produção de leite era irrisória para a empresa e o frigorífico não mostrou interesse. Segundo o secretário de Indústria e Comércio, Milton Queiroz, a cidade tem 464 indústrias, de acordo com levantamento de licenças no Setor de Alvará da Prefeitura. Contudo, o comércio ainda representa 65% do Produto Interno Bruto (PIB). Só em 2010 foram 26 novas indústrias que se instalaram na cidade. Mas o número é pequeno frente à cadeia produtiva regional. "A logística de Umuarama é complicada, além de estar longe dos grandes centros de distribuição", comenta.

Para mudar a situação, o secretário afirma que o ideal é procurar indústrias que tenham afinidade com as coisas da região. A formação do Arranjo Produtivo Local (APL) do setor moveleiro foi um passo, mas há uma longa caminhada a ser feita para que o setor industrial enriqueça o município, gerando mais emprego, renda e qualidade de vida, aumentando consequentemente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e diminuindo a taxa de pobreza. Embora Umuarama tenha um índice bom, cidades como Mariluz e Maria Helena se encontram em situações preocupantes conforme aponta o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). "A logística de Umuarama é complicada, além de estar longe dos grandes centros de distribuição" (Milton Queiroz, secretário de indústria).

LEITE

De acordo com o secretário de Agricultura, Antonio Carlos Favaro, Umuarama produz dois milhões de litros de leite por mês. A empresa de lácteos que o município almejou solicitou uma produção 10 vezes maior. Entretanto, paralelamente, só 9% de toda a produção é industrializada na cidade por meio da Associação dos Criadores de Gado Leiteiro e Entregadores de Leite de Umuarama (Apelu), única empresa que trabalha com lácteos.

A Apelu pasteuriza e embala seis mil litros por dia com fornecimento de 82 produtores. A associação também tem uma queijaria, que fabrica 400 litros por dia. Com isso, quase tudo que é produzido na cidade vai para fora e não agrega valor.

PECUÁRIA

Apesar da forte pecuária, quando se trata de industrialização, os números do município desanimam ao se desconsiderar a avicultura.
Segundo dados da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab),

Umuarama e região possuem um rebanho de 137.619 cabeças.
São abatidos 26.742 cabeças de bois e 10.958 fêmeas, numa área total de 76 mil hectares.

Na avicultura são 8.216.186 cabeças de frango, número exponencial em virtude da Averama. Porém, o fornecimento está baixo: a empresa abate por dia 160 mil aves, mas possui capacidade instalada para 430 mil. Cianorte, por exemplo, produz 3 milhões a mais, tendo também só uma indústria. Para incentivar a criação de aviários, o Banco do Brasil lançou em abril um convênio que disponibiliza para Umuarama e região R$ 20 milhões para financiar produtores.

Mas, apesar de um total de 33 mil cabeças abatidas por mês - todas da pecuária de corte bovino da região - Umuarama possui apenas um frigorífico que só consegue abater 4.500 cabeças/mês, ou seja, somente 13%, o restante segue para Cruzeiro do Oeste, Tapejara, Guaíra e outras cidades. "Umuarama suporta tranquilamente mais um grande frigorífico com estrutura adaptada para exportação e outro para comércio interno", afirma Favaro.

MANDIOCA

Em termos de área, Umuarama já superou Paranavaí com a mandiocultura, que é o maior produtor do Paraná. São 59.916 hectares de área plantada aqui. A diferença é que Paranavaí possui cinco fecularias e movimenta muito mais dinheiro, enquanto em Umuarama, a produção é industrializada há mais de dez anos por só uma empresa, que sobrevive sendo administrada em massa falida. A fecularia tem capacidade instalada para 260 mil quilos por dia de moagem da raiz da mandioca, segundo informou o supervisor administrativo, Antonio Carlos Zamberlam. "Porém, Umuarama pode transformar, sem nenhum excesso de otimismo, 600 toneladas por dia", acrescenta o secretário de agricultura.

Da mandioca, a empresa também produz a fécula, polvilho azedo, sagú e pão de queijo.

FRUTICULTURA

Os números da fruticultura são insignificantes, mas é nela que a indústria pode encontrar também um grande fornecedor de matéria prima no município. Favaro comenta que hoje os produtores estão em torno das grandes cidades. Porém, elas crescem e os fruticultores têm que sair. "Nós temos condições de solo e boa localização para ocupar o mercado, com possibilidade de exportar". Mas falta quem queira investir e o incentivo da produção. Em Umuarama, a manga, o abacaxi, a melancia, a laranja, o limão e a poncã, estão voltados para um mercado de consumo in natura, sem qualquer tipo de industrialização relevante.

Outro fator que colabora para o desenvolvimento truncado da fruticultura é a Central de Abastecimento S.A do estado, a Ceasa, que até hoje não conseguiu criar uma dinâmica de uso expressiva com os produtores da região.

MADEIRA

O Arranjo Produtivo Local de Umuarama é composto por 21 municípios e conta hoje com 42 empresas formais. Juntas elas geram 2.500 empregos diretos no ramo da construção de móveis. O APL destina 63% de sua produção para mais de 14 estados brasileiros, tendo São Paulo como o mais importante, absorvendo 24% da produção.

Porém, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Moveleiras e Marcenaria de Umuarama e Região (Simur), Wanderlei Xavier, toda a madeira utilizada na produção do município atualmente vem de fora.

Uma das ideias da secretaria de agricultura é incentivar o reflorestamento com objetivo de atrair laminadoras. Favaro explica que a plantação de eucalipto gera 10 vezes mais renda na mesma área da pecuária e sem precisar reduzir o rebanho. "Hoje, um fazendeiro consegue lucrar em média R$ 700 por cabeça. Com o reflorestamento esse valor sobe pra R$ 3 mil com 10% da área plantada", aponta. Disseminar essa ideia para os fazendeiros da região deve ser uma das metas não apenas de Umuarama, mas do Arranjo Produtivo Local do setor moveleiro.

Até pouco tempo, a necessidade de madeira era suprida quase que exclusivamente por meio das florestas nativas, cuja destruição tem provocado, muitas vezes, danos irreversíveis a alguns ecossistemas.

O eucalipto é importante em virtude de seu rápido crescimento, produtividade, grande capacidade de adaptação e por ter inúmeras aplicações em diferentes setores. Um hectare de floresta plantada de eucalipto produz a mesma quantidade de madeira que 30 hectares de florestas tropicais nativas. No Brasil, dos 300 milhões de metros cúbicos de madeira consumidos por ano, somente 100 milhões provêm de plantios florestais.

"Sem desempenho no campo o produtor sai da roça. Por isso é importante investir em tecnologia e em desenvolvimento sustentável da propriedade". (Sérgio Vercezi Filho, gerente geral do Banco do Brasil)

O QUE FALTA?

Na visão dos secretários, faltam projetos mais encorpados, persuadir a nova geração da rentabilidade de se trabalhar com a terra, apoio político, investir em pesquisa e tecnologia para que o município se firme como produtor, mostrando para as indústrias que não há como ficar distante da área de produção. "Nós temos que botar fé no que já existe. Casos como Douradina (Móveis Gazin), Pérola (Oppnus Jeans) ou Cianorte (em que alguém resolveu apostar na confecção), são exceções. Temos que superar o conformismo que é forte, organizar e fortalecer a pecuária de corte, avicultura, cana de açúcar e leite, além de diversificar a utilização da terra para que investidores percebam Umuarama", sintetiza Favaro.

ESTUDO

A Prefeitura contratou um grupo de pesquisadores da Universidade do Oeste (Unioeste), de Toledo, que elaborou um "Estudo de Prospecção da Atividade Econômica de Umuarama". Esse estudo deve apontar, entre outras coisas, a resistência da industrialização e o porquê dessa dificuldade, ajudando assim a traçar mais metas de mudanças.

A primeira fase do estudo já foi concluída, mas a Secretaria de Indústria e Comércio ainda não aceitou divulgar. A segunda fase está em processo de contratação e não tem previsão de término.

 "Umuarama tem um forte sentimento de conformismo que precisa ser superado". (Antonio Carlos Favaro, secretario de agricultura)

PROGRAMA ARENITO CAIUÁ: A SAÍDA?

Segundo dados do Ipardes (2008), no Valor Adicionado Bruto - que representa o PIB - a indústria umuaramense detinha 17% do total. Em primeiro lugar vinham serviços e comércio, com 76%, e por último a agricultura e pecuária, com apenas 5%.

É para tentar aumentar o valor das atividades do campo que o Banco do Brasil, em parceria com governos, instituições de ensino e diversos órgãos públicos, criaram o programa Arenito Caiuá.

O gerente geral do BB, Sergio Vercezi Filho, explica que a intenção é ampliar a agricultura e pecuária já que todos os recursos investidos terão um enorme efeito multiplicador na região. "Se investirmos apenas no terceiro setor, todo o dinheiro irá para fora, e se for só na indústria, não irá agregar valor e haverá um êxodo rural que inchará a cidade. Por isso o foco é na atividade primária", explica.

A área do arenito a ser investida é de 1,5 milhões de hectares. Como Umuarama engloba várias cidades da região, o dinheiro investido acaba desaguando aqui. "Ao colocar dinheiro na mão de um produtor de Douradina, é em Umuarama que ele virá comprar um trator, e assim por diante."

O investimento total do programa Arenito Caiuá é de R$ 2,5 bilhões a serem distribuídos para quatro pólos: Cianorte, Paranavaí, Colorado e Umuarama. Apenas para a região da Associação de Municípios de Entre-Rios (Amerios) serão R$500 milhões a serem financiados em cinco anos. Deste valor, R$ 183 milhões são para a agricultura familiar.
No mês de julho um evento da Prefeitura com o BB deve marcar o lançamento do Arenito Caiuá na região.

REGIÃO CLAMA POR MUDANÇAS

O Ipardes mostra que 72% da área da região é formada por pastagem, 16% de lavoura e apenas 6% de floresta. "A atividade agropecuária está abaixo da média do Estado e por isso não propicia a vinda de indústrias", explica o gerente do BB, Sérgio Vercezi. No Paraná há um êxodo rural de 13,7%, mas quando se fala em arenito caiuá, o indicador sobe para 24%. "Sem desempenho no campo o produtor sai da roça. Por isso é importante investir em tecnologia e em desenvolvimento sustentável da propriedade".

A primeira fase do programa em Umuarama e região irá beneficiar a cadeia produtiva da bovinocultura de leite, seguida da bovinocultura de corte e por fim a mandiocultura. Na segunda fase entram a avicultura de corte, café, fruticultura, sericicultura e, por fim, a silvicultura, para incentivar a implantação de florestas artificiais de eucalipto, que tanto irão suprir a demanda do setor moveleiro da região compreendida pelo APL. "Temos a melhor terra do Paraná para plantar eucalipto", acrescenta Sérgio.

Alguns dados do Ipardes, em um comparativo de Umuarama com Cianorte, alertam para a necessidade de mudança. A taxa de pobreza de Umuarama é de 15,12% da população, a de cianorte é de 13,64%. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), segundo os dados mais recentes que são de 2000, era de 0,8 em Umuarama e 0,818 em Cianorte. No mesmo período, Umuarama tinha seis mil pessoas a mais em situação de pobreza do que Cianorte.

Na questão da mandioca, Cianorte possui dez fecularias e, por isso, agrega muito mais valor, embora a produção seja praticamente a mesma de Umuarama.

No Paraná, 70% da produção de mandioca está no arenito, o que faz com que o estado seja o 2º produtor do Brasil. "A mandioca tem que ser industrializada próxima de onde é produzida e no dia seguinte da colheita, senão, perde a qualidade", aponta Vercezi.

PROJEÇÃO-BRASIL

O Ministério da Agricultura tem uma projeção de crescimento significativo até 2021 para a carne bovina, frango, leite, milho, açúcar e soja, todos produtos fortes na região. Só o leite tem projeção de aumento de 20%, com crescimento da exportação em mais de 50%.
Em se tratando do consumo doméstico, a perspectiva também anima produtores da região. O Milho deve ter aumento de 85%, o frango de 67% e a carne de boi de 83%.
"A atividade agropecuária da região está abaixo da média do Estado e por isso não propicia a vinda de indústrias". (Sérgio Vercezi, gerente geral do BB).

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