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Atlas revela que desmatamento anual da floresta diminuiu 55% desde 2008
Renato Grandelle
Enquanto a Amazônia agoniza com a explosão de seus índices de desmatamento, anunciados na semana passada, a Mata Atlântica segue na direção oposta. A sexta edição do Atlas dos Remanescentes Florestais do bioma indica que o corte de árvores, em seu perímetro, sofreu uma redução anual de 55% entre 2008 e 2010, em relação aos três anos anteriores. Entretanto, os índices positivos são, ao menos em parte, explicados pela própria situação crítica do bioma. De tanto que foi desmatado, sobrou pouco para cortar.
Os próprios coordenadores do estudo recomendam cautela na interpretação dos números. Há o temor de que a aprovação do Código Florestal acabe com a tendência de restauração da vegetação.
Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), organizadores do levantamento, o bioma perdeu, nos últimos três anos, 311,95 quilômetros quadrados. É o equivalente a 31 mil campos de futebol, ou a oito vezes o tamanho do Parque Nacional da Tijuca. Não é pouca coisa, mas é menos do que se registrava antes. E mesmo os estados que encabeçam o ranking dos desmatadores, Minas Gerais e Bahia, registraram uma diminuição brusca no corte de suas matas. No primeiro, a taxa média anual caiu 43%; o segundo apresentou uma queda de 52%.
- Hoje temos uma lei, homologada em 2008, que regulamenta o espaço e a exploração do bioma - lembra Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica. - Há mais fiscalização e consciência da sociedade.
Os avanços vieram em boa hora. Nas áreas florestais acima de 100 hectares, sobraram apenas 7,9% da cobertura original. Restam áreas que salvaram-se da devastação basicamente por seu difícil acesso, como a Região Serrana fluminense e o corredor sul do estado.
O Rio, segundo Marcia, não testemunha grandes desmatamentos desde o século passado. Aqui, como em São Paulo, o desflorestamento ocorre em "efeito formiga" - ou seja, as áreas devastadas têm até três hectares, tão pequenas que não são detectadas pelos satélites do Inpe. E hoje, Dia Nacional da Mata Atlântica, o secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, anuncia a duplicação das áreas fluminenses protegidas desde 2009. Nos últimos dois anos, 13 cidades passaram a ter suas próprias unidades de conservação. Apenas 16 dos 92 municípios do estado ainda não contam com estes espaços.
Na Bahia e Minas Gerais, por sua vez, os desmatadores concentraram-se em matas secas, no interior desses estados. A cobertura original da floresta foi transformada em carvão vegetal, atendendo a indústria siderúrgica. Agora, a região passa por plantio com eucalipto, o que também desagrada a SOS Mata Atlântica.
- Como esta produção foi gerada às custas do patrimônio nacional, ela não deve ser levada para consumo - defende Marcia. - A conscientização da sociedade e as políticas públicas, como projetos municipais de proteção à Mata Atlântica, também explicam a redução do desmatamento.
Marco zero para Código Florestal
As mudanças na legislação ambiental provocam
arrepios entre os especialistas no bioma. O novo Atlas já é considerado o marco zero da flexibilização
do Código Florestal.
Entre os pontos críticos está a exigência de reflorestar apenas 15 metros (e não os atuais 30) de áreas desmatadas às margens de rios de até 10 metros de largura, considerados Áreas de Proteção Permanente.
- As nascentes dos rios ficarão sem proteção nas margens - denuncia Marcia. - Medidas como esta vão comprometer o fluxo hídrico das bacias que abastecem nossas metrópoles. A captação dos reservatórios será cada vez mais prejudicada por rios assoreados, pela falta de mata ciliar. Não dá para dizer ainda se o Código Florestal aumentará o desmatamento, mas certamente ele dificulta o trabalho de restauração.
O Inpe cogita levantamentos para analisar o impacto provocado pela nova legislação. Atualmente, seus satélites são cegos a áreas menores de 13 hectares. Seus técnicos avaliam aumentar esta resolução em áreas específicas.
- Talvez tenhamos de eleger áreas muito vulneráveis e aplicar imagens de resolução mais refinada - opina Flávio Jorge Ponzoni, coordenador técnico do Atlas pelo Inpe. - O trabalho seria muito menos abrangente do que nosso estudo atual da Mata Atlântica, mas conseguiria monitorar as consequências do novo Código Florestal.
Há 25 anos vigiando o bioma, o Inpe observou dois campeões incontestáveis em desmatamento. Paraná e Santa Catarina, juntos, foram responsáveis por 42% de todo o corte de vegetação deste período. Grande parte deveu-se à extração da madeira de araucária.Atlas revela que desmatamento anual da floresta diminuiu 55% desde 2008
Renato Grandelle
Enquanto a Amazônia agoniza com a explosão de seus índices de desmatamento, anunciados na semana passada, a Mata Atlântica segue na direção oposta. A sexta edição do Atlas dos Remanescentes Florestais do bioma indica que o corte de árvores, em seu perímetro, sofreu uma redução anual de 55% entre 2008 e 2010, em relação aos três anos anteriores. Entretanto, os índices positivos são, ao menos em parte, explicados pela própria situação crítica do bioma. De tanto que foi desmatado, sobrou pouco para cortar.
Os próprios coordenadores do estudo recomendam cautela na interpretação dos números. Há o temor de que a aprovação do Código Florestal acabe com a tendência de restauração da vegetação.
Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), organizadores do levantamento, o bioma perdeu, nos últimos três anos, 311,95 quilômetros quadrados. É o equivalente a 31 mil campos de futebol, ou a oito vezes o tamanho do Parque Nacional da Tijuca. Não é pouca coisa, mas é menos do que se registrava antes. E mesmo os estados que encabeçam o ranking dos desmatadores, Minas Gerais e Bahia, registraram uma diminuição brusca no corte de suas matas. No primeiro, a taxa média anual caiu 43%; o segundo apresentou uma queda de 52%.
- Hoje temos uma lei, homologada em 2008, que regulamenta o espaço e a exploração do bioma - lembra Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica. - Há mais fiscalização e consciência da sociedade.
Os avanços vieram em boa hora. Nas áreas florestais acima de 100 hectares, sobraram apenas 7,9% da cobertura original. Restam áreas que salvaram-se da devastação basicamente por seu difícil acesso, como a Região Serrana fluminense e o corredor sul do estado.
O Rio, segundo Marcia, não testemunha grandes desmatamentos desde o século passado. Aqui, como em São Paulo, o desflorestamento ocorre em "efeito formiga" - ou seja, as áreas devastadas têm até três hectares, tão pequenas que não são detectadas pelos satélites do Inpe. E hoje, Dia Nacional da Mata Atlântica, o secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, anuncia a duplicação das áreas fluminenses protegidas desde 2009. Nos últimos dois anos, 13 cidades passaram a ter suas próprias unidades de conservação. Apenas 16 dos 92 municípios do estado ainda não contam com estes espaços.
Na Bahia e Minas Gerais, por sua vez, os desmatadores concentraram-se em matas secas, no interior desses estados. A cobertura original da floresta foi transformada em carvão vegetal, atendendo a indústria siderúrgica. Agora, a região passa por plantio com eucalipto, o que também desagrada a SOS Mata Atlântica.
- Como esta produção foi gerada às custas do patrimônio nacional, ela não deve ser levada para consumo - defende Marcia. - A conscientização da sociedade e as políticas públicas, como projetos municipais de proteção à Mata Atlântica, também explicam a redução do desmatamento.
Marco zero para Código Florestal
As mudanças na legislação ambiental provocam
arrepios entre os especialistas no bioma. O novo Atlas já é considerado o marco zero da flexibilização
do Código Florestal.
Entre os pontos críticos está a exigência de reflorestar apenas 15 metros (e não os atuais 30) de áreas desmatadas às margens de rios de até 10 metros de largura, considerados Áreas de Proteção Permanente.
- As nascentes dos rios ficarão sem proteção nas margens - denuncia Marcia. - Medidas como esta vão comprometer o fluxo hídrico das bacias que abastecem nossas metrópoles. A captação dos reservatórios será cada vez mais prejudicada por rios assoreados, pela falta de mata ciliar. Não dá para dizer ainda se o Código Florestal aumentará o desmatamento, mas certamente ele dificulta o trabalho de restauração.
O Inpe cogita levantamentos para analisar o impacto provocado pela nova legislação. Atualmente, seus satélites são cegos a áreas menores de 13 hectares. Seus técnicos avaliam aumentar esta resolução em áreas específicas.
- Talvez tenhamos de eleger áreas muito vulneráveis e aplicar imagens de resolução mais refinada - opina Flávio Jorge Ponzoni, coordenador técnico do Atlas pelo Inpe. - O trabalho seria muito menos abrangente do que nosso estudo atual da Mata Atlântica, mas conseguiria monitorar as consequências do novo Código Florestal.
Há 25 anos vigiando o bioma, o Inpe observou dois campeões incontestáveis em desmatamento. Paraná e Santa Catarina, juntos, foram responsáveis por 42% de todo o corte de vegetação deste período. Grande parte deveu-se à extração da madeira de araucária.